O cientista.

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Aviso de conteúdo extremamente sensível: Violência física e sexual.

Leve seu tempo e leia de acordo com o seu ritmo, volte quando se sentir mais confortável.
Sei que é um assunto delicado e pode ser um gatilho forte para muita gente, não se obrigue caso não consiga continuar.

A música usada foi The Scientist do Coldplay.

Beejo da autora! ❤️

Vim para te encontrar, dizer que sinto muito

Você não sabe quão adorável você é

Eu tinha que te encontrar, dizer que preciso de você

E dizer que te escolhi...

— Meu amor! — Serena sorriu em surpresa ao ver a moça se aproximando de forma tímida. — Como você está? — Questionou dando atenção para o pano de prato e as agulhas em sua mão, seguindo no seu trabalho. Estava sendo seu passatempo, Kassandra tinha obrigado a moça a aprender a arte do bordado, mas Serena até que havia gostado, aquilo estava lhe entretendo e era até boa no que fazia.

— Estou bem. — Flora afirmou baixo indo diretamente para a beira do rio e parando ali por um tempo, seu coração estava pesado. A ruiva esfregou os olhos e os fechou sentindo a brisa bater em seu corpo e balançar o seu vestido florido. — Como se sente hoje?

— Eu estou bem. — Serena estranhou o tom de voz, parecia mais rouco do que normalmente era, atentou mais os seus ouvidos e subiu seu olhar discretamente para a moça. — Nem um beijo hoje? — Questionou já no intuito de provocá-la, apenas para ver a reação.

— Já já eu dou. — Confirmou a ruiva,  continuou parada onde estava, sua cabeça doía bastante e ela se sentia zonza.

A morena semicerrou os olhos, incomodada... Imaginava o que poderia ser e se lamentou por não ter passado em frente a casa de Flora naquele dia, pois teria comprovado e não ficaria na dúvida.

Quando uma mulher se casa na cultura cigana, ela precisa ser pura e na lua de mel é necessário que ela prove essa pureza. Depois do casal dormir junto pela primeira vez, o lençol da cama manchado precisa ser colocado em exposição para que todos da comunidade vissem, não era motivo de vergonha, era motivo de orgulho, era mais um dos ritos de passagem, mais um gesto que significava que a menina havia virado mulher.
Caso esse lençol não manchasse ou a noiva não fosse pura, o homem poderia devolver a mulher de volta para a família e ainda tinha o direito de receber o dote que havia oferecido pela moça, a justificativa de que a essa mulher estava impura era completamente plausível e aceitável.

— Como foi o seu dia hoje? — Pensou na pergunta já que o sol começava a se pôr e questionou de forma pesada, sentiu suas mãos tremularem segurando as agulhas, ficou nervosa de imediato.

— Do mesmo jeito. — Flora foi seca, virando-se de frente para a morena e se permitindo olhá-la nos olhos pela primeira vez no dia, mesmo que de longe.

Sabia que sua amada desvendaria o seu segredo de forma rápida depois que a encarasse, os olhos diziam tudo e a morena era uma ótima leitora deles.

Me conte seus segredos e me faça suas perguntas

Oh, vamos voltar para o começo

Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora