15. e agora?

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Jihyo chegou atrasada na sua aula favorita, seus olhos estavam levemente inchados e um tanto avermelhados. Parecia ter tido uma péssima noite de sono. Ela se manteve o tempo inteiro parada em um silêncio incomum, não fez perguntas ou anotações durante toda a aula. Coisa que não só surpreendeu a professora da matéria, como os demais estudantes de música que estavam acostumados com seu entusiasmo rotineiro.

Presenciando aquela mudança tão inusitada, Dahyun teve certeza que algo aconteceu entre ela e Tzuyu porque o timing era perfeito. Mas, como uma boa amiga preferiu não dizer nada e esperou que Jihyo se sentisse confortável o suficiente para revelar o que tinha rolado. Quando foram liberadas para o almoço e a sala tornou-se vazia: Park lhe contou tudo. Desde a declaração ao quase beijo, suas inseguranças, seu nervosismo, sua descrença, seu medo, sua fuga. Era uma idiota.

— Sou uma idiota... — Jihyo afundou o rosto nas mãos, suspirando. — Nunca mais vou conseguir olhar na cara da Tzuyu depois isso, Dahyun. NUNCA MAIS. Que fora mais capenga, puta merda.

— Vai sim, calma. — Ela afagou as costas da mais velha. — Se você explicar pra ela tudo o que me falou agora, tenho certeza que ela vai entender.

— N-Não, eu não tenho coragem. — Park balançou a cabeça de um lado para o outro, rapidamente. — Talvez, seja melhor assim. A última coisa que ela precisa é ter que lidar com essa minha loucura.

— Jihyo...

— Enfim, não tô me sentindo muito bem agora. — Ela se colocou de pé, juntando suas coisas. — Então, provavelmente não volto pra próxima aula. Tá?

— Posso te encontrar mais tarde? Pra gente tomar um café ou sei lá?

— Melhor não. Quero ficar sozinha hoje, mas... Obrigada pela conversa, Tofu. — Jihyo sorriu para Dahyun. — Você sempre sabe o que dizer. Eu vou indo... E, por favor, não fala nada disso pra Sana.

— Ok. — Ela concordou por concordar, sabendo que ela e a namorada de mentirinha entrariam naquele assunto mais cedo ou mais tarde de qualquer maneira, pois queriam ajudar suas amigas. — Se cuida, Hyo.

— Você também.

Assim que ficou sozinha na sala, Dahyun cruzou os braços sobre a mesa e debruçou-se sobre eles. Soltou um suspiro pesado, lembrando-se de Momo tentando presenteá-la no dia anterior. Sentiu-se um lixo. Mina estava certa, ela não devia ter contado a verdade à Hirai. A vida era tão injusta, teria sido incrível se Momo tivesse feito alguma coisa antes de Sana brotar em sua frente. Muita dor de cabeça seria poupada e, talvez, as coisas fossem mais fáceis para todas elas. Agora, tinha que pensar no que ia dizer a amiga e em que momento faria sem que a amizade delas fosse prejudicada.


knock, knock, knock


— Ei, raio de sol... — Sana apareceu na porta, enviando-a um sorriso deveras bonito e foi se aproximando aos pouquinhos até se sentar na cadeira ao lado de Dahyun. Começou a afagar seus cabelos. — Vamos comer.

— E a Tzuyu?

— Vai melhorar, ela tá com a Chae agora e aquela doida sempre consegue levantar o astral da Tzu.

— Que bom.

— Falou com a Jihyo?

— Falei... Agora pouco, inclusive. Ela me contou tudo. — Dahyun revelou, sem vontade alguma de levantar a cabeça dos braços. Os dedos de Sana nos seus cabelos, ela tinha toda a atenção daqueles olhos tão bonitos quanto a dona deles. — A Jih é muito insegura por nunca ter ficado com outra garota antes e acha que a Tzuyu é demais pra ela, não fez por mal. Te garanto.

Namorada de Mentirinha - SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora