13. mais como ela

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come and set me, set me, set me free ♫


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Aquele não era seu quarto, tampouco estava sozinha na cama. Estranho... Quando tomou coragem de abrir os olhos, Dahyun constatou Sana abraçada a ela como se a coreana fosse um daqueles travesseiros de corpo inteiro, com um braço envolvendo sua cintura e uma perna entrelaçada a sua coxa. Provavelmente não deveriam estar tão perto assim... Mas, a menina Kim não poderia se importar menos.

Era de manhã, ela pôde ver o sol invadir o recinto por uma fresta da janela. O calmo respirar de Sana preenchia o silêncio feito música. Ela cheirava a baunilha. Seus cabelos alaranjados caiam lindamente sobre parte de seu rosto desacordado. Era tão bonita que era difícil acreditar que era de verdade, um absurdo. Deveria ser proibido. Dahyun não lembrava a última vez que dormiu tão bem. Por isso, não foi capaz de se irritar com Sana. Como poderia? Só o que ela fez até ali foi tratá-la bem através daquele seu jeitinho atrevido e pegajoso de ser, em compensação Dahyun vivia julgando a garota. Não iria mais. Era hora de entendê-la. Devia isso a ela.

Afinal de contas, quem era Minatozaki Sana?

Quando Dahyun pediu para que ela parasse com a demonstração excessiva de afeto na outra semana, ela disse que fazia aquilo com todas as suas amigas. Se era verdade, Kim não tinha com o que se preocupar. O perigo que ela tanto temia com aquela proximidade morava nela e não na japonesa. Era realmente uma hipócrita, não bastava ser trouxa. Talvez, Dahyun devesse parar de tentar afastar Sana de si e, no lugar disso, só aprender a ser mais como ela.

Aliás...

Qual era seu limite? Como conseguia ser tão próxima de alguém que mal conhecia? O que diferia um namoro de uma simples amizade para ela? Até onde Sana chegaria se Dahyun só não tentasse impedi-la de ser ela mesma? Se era tão legal como parecia, por que diabos sempre chutavam ela? Quais razões teriam levado ao seu último término? Pra que estava tão disposta a gastar seu dinheiro com um namoro falso se não era herdeira e não tinha dificuldade alguma de chegar nas pessoas?

Eram tantas e tantas perguntas.

Dahyun gostaria de descobrir a resposta para cada uma delas. Sem julgamentos dessa vez. Ela não tinha o direito de tratar a outra garota mal só porque não conseguia lidar com seus próprios problemas, estava errada. Sana era uma boa pessoa. Aprenderia a ser mais como ela. Era melhor que fosse assim, precisavam se tolerar até o fim do contrato.

Isso não significava que virariam amigas.

Enquanto se via perdida em pensamentos, os olhos de Dahyun divagavam sobre o rosto de Sana. Quis tocar em seu cabelo. Será que... Podia? No seu lugar, a japonesa faria sem pensar duas vezes. Então, se atreveu a botar em prática aquela ideia de ser mais como ela. E instantaneamente lembrou-se da primeira vez que fez isso... Seu cabelo era tão macio, como isso era possível? Dahyun ficou alguns minutos só acariciando as madeixas de Sana, ao passo em que ela se agarrava ao corpo da mais nova no silêncio. Era terrivelmente bom, estava encrencada.

— O que vai fazer... — Minatozaki abriu os olhos calmamente, sem sair do lugar. Sua voz um pouco rouca, arrastada. — Se eu começar a gostar de você?

O coração de Dahyun disparou. Por que Sana estava lhe perguntando isso? Bom, não tinha importância. Ficaria em silêncio.

— Me acha bonita?

Mesmo que seu rosto queimasse, Dahyun se manteve firme em encarar os olhos da Minatozaki sem dizer uma palavra sequer. Sua mão ainda afagando fios alaranjados. Era certo que uma hora ou outra Sana teria que parar de graça e dizer algo relevante, portanto Dahyun seguiria calada até que isso viesse a acontecer. Estava indo bem.

Namorada de Mentirinha - SAIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora