5. discussãozinha

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Durante uma aula de história da música, Dahyun se viu perdida em pensamentos. Ou melhor: preocupações. Ainda estava em fase de negação com toda aquela onda de azar que lhe atingiu nos últimos 4 dias. Nenhum dinheiro que vinha fácil demais era bom sinal, não deveria ter assinado aquele contrato com Sana.

NÃO MESMO.

Era uma tonta, frouxa, besta quadrada. Se deixou levar inteiramente pelo desespero de atrasar uma conta sequer, ao invés de apenas procurar por outro emprego que nem gente normal. MAS, A CULPA ERA TODA DE MINATOZAKI! Por que aquela maldita tinha que ter aparecido nas lixeiras justo naquele momento de fragilidade? Tudo o que a pobre menina Kim foi capaz de ver diante daquilo foi o dinheiro.

Mentira, não foi só o dinheiro.

Claro que o dinheiro em si era muito tentador, entretanto, a proposta de grana fácil só era fácil naquele contexto porque envolvia fingir um namoro com uma grande gostosa e, de quebra, fazer disso sua fonte de renda. Não podia ser melhor, podia? Tudo bem que era temporário... Dahyun não conseguiria se manter só disso, mas era o suficiente para quitar as dúvidas de agora. O problema maior foi que, em nenhum momento, ela parou para pensar no que aquilo poderia acarretar a longo prazo.

Tampouco havia visto as cláusulas que indicavam o que uma quebra antecipada de contrato poderia lhe ocasionar, como por exemplo aquela que dizia que o namoro tinha que durar no mínimo um mês, caso contrário teria que devolver todo o pagamento com juros por "danos morais" ou então aquela que dizia que se furasse um compromisso iria ter que compensá-la com trabalho braçal, o que significava arrumar seu quarto, tirar o lixo, levar suas roupas para lavar etc e tal, um absurdo atrás de outro. Sana era uma piada, realmente. Mais que isso, era uma víbora, sacana e APROVEITADORA com todas as letras, sem o mínimo de empatia ou decência na cara.

Tinham que rediscutir todos aqueles termos.

Dahyun mal percebeu a aula acabar, quando sobraram apenas ela e Park Jihyo na sala de aula. Sua amiga contava algo toda felizinha, mas Kim só foi trazida de volta para a realidade quando a outra coreana lhe cutucou o braço pedindo sua atenção.

— Ei, terra chamando Tofu!

— O-Oi? — Dahyun piscou algumas vezes, confusa. Estava boiando legal. Rodopiou os olhos pela sala e não achou ninguém. — A aula já acabou?

— O que você acha?

— Desculpa, Hyo. — Ela forçou um sorriso, honesta. — Não escutei bulhufas do que disse.

— Percebe-se... — A mais velha julgou, com seu melhor olhar intimidador indo dos pés à cabeça de Dahyun. Em seguida, virou-se para o lado enquanto balançava uma cartinha na mão direita. — Tava falando da autora disso aqui.

— Outra admiradora?

— Não, é a mesma das últimas vezes.

Hmm, garota persistente. Já foram quantas cartas mesmo?

— Cinco.

— E a senhora tá gostando de todo esse flerte anônimo?

— Pior que sim. — Jihyo se debruçou sobre a mesa, soltando um suspiro pesado. — Juro pra você, tô pirando com isso. Eu nunca tinha questionado minha sexualidade antes. Passei minha vida toda como hétero pra chegar nos 20 e cogitar ser bi? Isso é desconcertante, ainda mais por nem saber como ela é.

— Normal, você se excita com palavras. É fofo.

— Amiga, me tira uma dúvida aqui. — A Park levantou o tronco, agarrando o braço da outra. — Como você descobriu que gostava de mulher?

Namorada de Mentirinha - SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora