18. madrugada (ada-ada)

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— E então? — Sharon perguntou com certa expectativa, ao passo em que tirava alguns fios de cabelo dos ombros de Momo que estava de costas para ela. Não conseguiu evitar dar uma boa checada naquele corpo, tinha braços e pernas fortes. Sua silhueta era invejável, seu busto perfeito, até mesmo seus pés conseguiam ser bonitos. Mal acreditava na sua sorte de esbarrar com uma mulher daquelas enquanto procurava por sua irmã. Sua estádia na Coreia estava saindo bem melhor que o planejado, isso era bom. Ainda precisava se acertar com Mina, mas pensaria em como fazer isso uma outra hora. No momento, focaria no presente. Um passo de cada vez e alcançaria todos os seus objetivos da melhor forma possível, sabia que não seria fácil. — Tão estranho quanto imaginava?

— Na verdade, não... Nem um pouco. — Momo admitiu, soltando-se da árvore que abraçava até então. Seus pés descalços em contato com a grama do campus, uma corrente de ar frio cortando a madrugada. Ela abriu um sorriso, curiosamente feliz. Pouco se via da garota arrasada daquela manhã, um ótimo sinal se Sharon tivesse que dizer. Faria Hirai se esquecer completamente da existência da tal Dahyun de quem ela tanto gostava e que preferiu ficar com uma tal de Sana, mesmo que as fulanas se conhecessem há menos de um mês. Ou seu nome não era Myoui Sharon. — Isso realmente é revigorante.

— Te disse.

— Obrigada, Sharon.

— Não é a mim que você deve agradecer, peach-girl. E sim a mãe natureza. Nós subestimamos muito o meio ambiente, mas é nele onde encontramos paz, vida, recursos e tantas outras coisas. Sem a natureza não somos nada. — Sharon, também descalça, caminhou para perto da árvore tocando a madeira. — Deveríamos dar um nome pra ela, não acha? Me ajuda a pensar em um, Momo.

— T-Tá falando sério? — Hirai parecia surpresa com a ideia, a outra japonesa apenas balançou a cabeça em afirmativa. Então, ela se animou e as duas começaram a sugerir dezenas de nomes, até entrarem num consenso. Levou uns três minutos para isso acontecer, mas foi divertido. — Hm, e que tal... Harumi?

— Beleza da primavera? Desse eu gosto! É isso, acho que temos um nome. — Sharon voltou a olhar para a árvore. — Harumi, então? Prazer, Harumi.

— "Tenho certeza de que meu nome é Midori, humana." — Momo fez uma voz cômica para a árvore. — "Repare como minhas folhas são incrivelmente verdes."

— Para! — Sharon riu, dando um empurrãozinho no braço da mais alta. — A Harumi não teria essa voz! E não a chame pelo nome errado, que coisa feia!

Eram umas duas da manhã, mas elas só foram perceber que era tarde quando ouviram o alarme de incêndio soar por toda universidade juntamente a mensagem que dizia não ser uma simulação nos alto-falantes principais. Aparentemente, havia fogo se espalhando em um dos quartos do dormitório feminino e sua origem ainda não tinha sido mencionada. Momo e Sharon trocaram olhares preocupados.

— Será que tá tudo bem?

— Espero que ninguém tenha se machucado. — Momo começou a calçar seus sapatos às pressas, junto a Sharon. Ela foi pulando desengonçadamente, enquanto tentava encaixar o par do calçado em um dos pés. Quase se espatifou no chão, mas Myoui conseguiu segurá-la a tempo. Ficaram perto demais. Sharon nem disfarçou ao direcionar olhares para seu decote, aquele friozinho na barriga voltou. Momo engoliu em seco saindo dos braços dela totalmente sem jeito. — O-Obrigada, você... Quer dizer, nós... E-eu. Eu vou lá saber o que aconteceu.

— E eu vou com você. — Sharon fitou seus olhos dessa vez. — Eu posso, né? Diz que sim.

— C-claro.

— Então, vamos.

***

Jihyo dormia na santíssima paz, até receber uma série de travesseiradas na cara e perceber que alguém estava em cima dela a chacoalhando aos gritos desesperadamente. Era Sejeong, sua colega de quarto. Ela teve que levar um tapão na cara para realmente acordar e ver as coisas com clareza. E raiva, obviamente. Muita raiva. Sentiu sua alma sair do corpo e voltar em míseros segundos.

Namorada de Mentirinha - SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora