Capitulo 03

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Vanitas

― Alguém conhecia as maldições que cercam as montanhas e meu exílio. ― Expliquei, admirando o belíssimo cabelo da bruxa. ― Estou começando a crer que todos os humanos que chegaram até às montanhas foram manipulados.

A Bruxa andava de um lado para o outro, totalmente transtornada.

― Por que alguém tentaria libertar um demônio? Vocês são seres maléficos que causam horrores nas vidas dos mundanos e dos seres místicos.

― Eu tenho dois irmãos, e nunca servimos aos deuses. Nascemos com um objetivo de iniciar as guerras e nos alimentar das mortes, começamos as guerras entre os deuses celtas e muitas outras que com certeza ficaram marcadas no tempo.

― Você poderia ser uma divindade antiga, perdeu mesmo todas as suas memórias? Podemos pesquisar, encontrar uma solução. ― A Bruxa voltou a se aproximar.

Eu gostava do seu perfume, era traiçoeiro e adocicado.

― Eu não me recordo do meu nome, nem do nome dos meus irmãos. Os acontecimentos mais obscuros estão vividos na minha mente e as afeições dos meus irmãos também, mas o resto da minha glória se perdeu com o passar dos séculos.

― O seu maior objetivo é a vingança? ― Azlynn arrumou os aros de ferro ao redor dos seus olhos.

― A responsável pela morte do espírito dourado está caminhando livremente e a divindade que me amaldiçoou aproveitou os prazeres da imortalidade, pretendo matar as duas.

― Isso me faz descartar umas das conjecturas que elaborei: significa que não é um demônio enviado do inferno e não tem ligação com as bruxas das trevas.

― Não conheço o inferno, jovem bruxa. ― Esclareci. ― E não faço ideia em qual reino está localizado ou quais são seus governantes.

― Que a mãe Lua nos proteja. A sua magia é tão poderosa ao ponto de recuperar um corpo apodrecido, já tinha ouvido falar de bruxas necromantes com um nível poderoso de magia que podem ressuscitar os mortos, mas existem regras para qualquer ritual.

― Jovem bruxa, o cadáver para um ritual de ressuscitação tem que estar fresco, morto há poucas horas e o espírito tem que estar disposto a voltar, as regras são insignificantes. ― Azlynn me encarou surpresa. ― Eu nasci num tempo em que as bruxas transformavam os seus inimigos em pedras ou em gansos. E mesmo com tamanho poder, aquelas malditas nunca conseguiram me vencer.

Era o máximo de informação que ofereceria, qualquer bruxa pode se tornar uma inimiga. Elas são traiçoeiras e gananciosas, sempre buscando o ápice do poder.

― Eu sou uma bruxa elemental, a mais rara e inútil da minha família ― Azlynn comentou num tom melancólico. ― As minhas tias, são bruxas sensitivas e minhas primas bruxas lunares, a minha mãe e nossa matriarca também.

Ela era uma bruxa elemental, tinha a capacidade de manejar um dos elementos: água, fogo, ar ou terra.
E conheci feiticeiras que conseguiam manejar todos os elementos. Eu sentia uma magia pura e enfraquecida ao seu redor. Pobre criança, com certeza era limitada por seu próprio clã.

― O meu poder voltará quando me recuperar totalmente, mas você pode acelerar o processo.

As suas bochechas perdem a cor rosada. A expressão no seu rosto era de pura descrença.

― Não sou uma Bruxa de cura, não posso ajudá-lo. ― Respondeu, forçando um sorriso.

― É só usar um copo com água, jovem Bruxa. Você pode controlar os elementos…

VANITAS - Memento mori Onde histórias criam vida. Descubra agora