Capítulo 21

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Beanard

Vanitas foi o primeiro a descer. O seu cabelo estava molhado. Ele não demonstrou qualquer sinal de desconforto quando chegou na sala. O seu comportamento continuava o mesmo. Eu não sabia como reagir às revelações que recebi hoje. O meu vínculo com o Vanitas me tornou um bruxo poderoso. A nossa magia tinha a mesma expansão, essa informação me assustou um pouco. Não era somente o Grimório Gardner que alimentava o meu poder. Eu poderia selar as maldições que fazem parte da escuridão e controlá-las, mas não estava preparado para lançar maldições que poderiam destruir alguém. E também não sabia como lidar com o envolvimento da Azlynn com o Vanitas. Era loucura, mas achava errado aquela união. O demônio já estava usando o corpo do meu irmão como receptáculo. E agora decidiu trepar com a mulher que o Hátila sempre amou. 
Vanitas estava vivendo os momentos que deveriam ser do meu irmão. 
Eu tinha que sentir aquela revolta. 
Não queria aceitar que o Vanitas poderia ocupar o vazio em meu coração…

— Beanard. — O cheiro refrescante de ervas me atingiu. Não era como os aromas dos incensos, era um cheiro agradável e refrescante. Vanitas se aproximou, mantendo uma distância bem ínfima. Os seus olhos averiguaram o meu perfil com certo cuidado. E algo estranho aconteceu, as suas pupilas começaram a dilatar. — O seu cheiro mudou… está diferente.

— Você tem uma mania bizarra de ficar me cheirando. Passou por uma transição e virou lobisomem? — Debochei, lutando para ignorar o gosto que surgiu na minha boca. 

Era como provar uma dose de Whisky. 
E honestamente? Não era uma sensação ruim.
Vanitas repuxou os lábios, exibindo um sorriso franco e natural. E novamente fiquei surpreso por vê-lo sorrindo.

— Que bom, ele está bem. Continua irritante. — Vanitas fez menção de sentar no sofá, o meu problema maior iniciou quando Monalisa decidiu abrir a sua boca: 

— Vanitinhas, sabia que o Bean está namorando com o Daren? 

E um protesto intimidador começou a ser travado entre as bruxas: 

“Monalisa não consegue ficar calada?”. 

“Ela gosta de provocar o caos!”. 

“Eles não estão namorando, é mentira”

“Estão sim, a tensão sexual na hora do café foi de molhar as calcinhas”. 

“Eu vou entregar a minha própria filha como oferenda a Deusa Mãe”.

”Boca suja”. 

“Estou perdendo a paciência”. 

“Nem uma entidade inferior vai querer ela como oferenda, a Deusa vai nos castigar”. 

E não tive tempo de questionar aquela gritaria entre elas, porque o Vanitas avançou contra o Daren. O Elfo gargalhou, desviando de um golpe que poderia ser fatal. E uma luta incrível aconteceu na minha frente. Eu sentia falta daquela adrenalina. A luta sempre centralizou meus pensamentos, passava horas treinando para conseguir participar de campeonatos pela Europa. A maneira que meu corpo defendia cada golpe. O meu instinto dominando meus movimentos. Senti o meu coração disparar. Era um desgosto terrível não participar da luta. 
Os golpes do Vanitas eram ferozes. Ele sempre projetava as suas garras em pontos leais, mas os movimentos do Daren eram mais contidos. Ele analisava os golpes do inimigo sem pretensão de atacar, mesmo com o Vanitas querendo parti-lo em pedaços. 
O Elfo era inteligente… 
Ele estava estudando um ponto fraco naquela selvageria do Vanitas. 
Daren desviou de um golpe e tentou um contra ataque. Ele fechou o punho, pronto para acertar um soco em cheio no rostinho do Vanitas. 
Boa, Daren… 
Uma luta justa, sem sombras assustadoras ou dons de ilusão. 
E tudo aconteceu em questão de segundos. Vanitas se moveu mais rápido que o Elfo. O soco do Daren atingiu o ar. Ele cambaleou para frente e quando tentou buscar o equilíbrio. O demônio aproveitou para golpear… as suas garras foram em direção da garganta do Darennão… por favor, não. 

VANITAS - Memento mori Onde histórias criam vida. Descubra agora