Vanitas
A interrupção no templo de cura foi uma desgraça enviada pelos Deuses da Calamidade. Os curandeiros negaram o pedido da jovem bruxa e também da senhora Gardner. A discussão durou algumas horas. Eles queriam continuar com aquela insistência, me colocando em ambientes que lembravam as câmeras dos deuses das pirâmides. O meu poder permanecia adormecido quando a jovem bruxa estava ao meu lado, as minhas sombras esmaeciam com o som da sua voz. Era como ouvir uma canção de ninar antiga que poderia acalentar a bravura de um Deus. E questionamentos que não gostaria de ter começaram a consumir a minha mente e mudar completamente os meus propósitos.
Eu tinha que recuperar a minha glória, meu corpo verdadeiro e matar a bruxa maldita que manipulou o espírito dourado. Levantei da cama e peguei um livro que a jovem bruxa me entregou. A Escócia não era a mesma, a janela que arejava o quarto era pequena e não proporcionava uma boa visão do que me esperava lá fora. As minhas mãos continuam tremendo e não conseguia compreender aquelas sensações. O meu antigo corpo era uma fortaleza desumana, o meu instinto era de um predador e nunca houve outros sentimentos que mudassem a minha natureza."Fique tranquilo, são apenas lágrimas. Você ficou triste por causa de alguma lembrança, o choro faz parte das nossas emoções".
Lembrar das palavras do Beanard fez com que o tremor incomum se intensificasse.
Demônios nunca teriam emoções!
E não poderiam amar…
Ele não deveria ter amado e escolhido um caminho que mudou o rumo das nossa história.
Maldição, matarei aquela divindade. As minhas garras rasgaram a capa do livro e senti os meus olhos ardendo.
Vai acontecer de novo…
Aquele orvalho salgado que inundam os olhos dos mundanos. As lágrimas são a prova da fraqueza de seres inferiores, eu nunca fui inferior. Eu era… era… um demônio vivendo no corpo de um humano!
Pelos Deuses, precisava me vingar o mais rápido possível.
A vingança era a única razão para manter o corpo físico do espírito dourado e depois vou descartá-lo para me livrar totalmente das sensações que não queria sentir.― Hátila. ― A senhora Gardner entrou na sala. Ela forçou um sorriso, havia certa preocupação no seu olhar. ― Eu já assinei os documentos que autorizam a sua alta, vou arrumar os seus pertences e vamos voltar para casa.
Eu olhei para a porta, procurando pela jovem bruxa.
― Azlynn recebeu uma ligação da sua família, não vai demorar. ― A mulher percebeu meu interesse discrepante pela garota e pegou uma grande sacola de pano… mochila. ― É melhor trocar de roupa no banheiro, enquanto vou guardando o necessário dentro da mochila.
Apenas afirmei com a cabeça, pegando algumas peças de roupa. Era bom caminhar sem aquelas agulhas presas no meu braço. Entrei no banheiro e observei pelo reflexo do espelho um rosto jovem e saudável. O garoto era muito bonito, conseguia entender o fascínio da Azlynn. A minha magia não consumiu a cor dos seus olhos, havia apenas uma mancha dourada na íris esquerda que me fez recordar a cor natural dos meus olhos, mas as minhas super pupilas eram uma grande vantagem num corpo mundano. Eu aprendi a usar a água encanada que era controlada por uma pequena alavanca, tomei um banho rápido e troquei de roupa. Quando abri a porta, encontrei a Azlynn sentada na cama. Ela olhava para um aparelho que brilhava na sua mão. A expressão que dominou o seu belo rosto era preocupante.
― Encontraram uma criança morta perto do lago. A minha família me ligou… ― Ela balançou a cabeça em descrença. ― Havia símbolos marcados na sua pele.
― Beanard me contou quando liguei para avisar que o Hátila recebeu alta. ― A senhora Gardner jogou a mochila em cima da cama e começou a fechá-la de uma maneira ágil. ― Infelizmente, uma tragédia horrível e dolorosa para a família da criança. A polícia precisa encontrar esse assassino.
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VANITAS - Memento mori
FantasyMonster Romance - Conteúdo Fetichista - Cenas Hot - Mistério - Sobrenatural. "Um demônio em busca de vingança e uma bruxa capaz de ultrapassar grandes limites em nome do amor" A minha avó sempre me falou que meu destino estava ligado com a morte. E...