Capítulo 16

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Azlynn 

Vanitas ficou encostado no tronco de uma árvore, me observando caminhar de um lado para o outro. Ele não deveria estar aqui, não deveria presenciar um momento de fraqueza da sua companheira. Perder o controle das minhas emoções poderia resultar em um descontrole do Vanitas. 
Ele quase atacou a minha família…
Libertou a magnitude de seu poder sem qualquer oscilação. Vanitas não se preocupou com a magia que cercava o Coven Walker, ele só queria me proteger. 
Eu busquei controlar o meu medo, mas os planos da Evanna rompeu aquela coragem que sempre considerei um ponto forte na minha personalidade. A nossa matriarca não poderia escolher um caminho desastroso. Os LaVey não eram confiáveis, aqueles que acreditam nas palavras de um Bruxo das Trevas recebem como "retribuição" um pedaço do inferno… descobrem o mais puro tormento. 

— Azlynn, poderia ficar quieta? — Vanitas pediu, movendo-se na minha direção. Ele chegou pertinho. Eu conseguia sentir o calor do seu corpo, e não desviei o meu olhar. Era muito insólito observar aquelas características belíssimas e não pensar no Hátila. O meu melhor amigo estava esvaindo da minha vida, eu não queria esquecer cada momento que vivi ao seu lado, esquecer as suas manias que amei verdadeiramente. Era muito estranho pensar que daqui a alguns meses, não restará uma particularidade dele na minha rotina. Vanitas estava ocupando o espaço do Hátila e por mais errado que pareça ser, parei de enxergar aquele corpo físico como um receptáculo quando nosso vínculo foi aceito na floresta. Eu queria contornar as suas pintas com meus dedos e sentir a maciez da sua pele. Levantei a mão, pronta para um contato mais íntimo, mas Vanitas segurou com força no meu pulso, impedindo o movimento. Ele não parecia satisfeito com a minha iniciativa, prendi a respiração e percebi que as suas pupilas estavam no formato de meia-lua e bem retraídas, destacando aquela pequena mancha dourada na íris azulada. 

— O seu medo está me deixando muito inquieto. — Revelou. — Eu quero entender o motivo, por quê ficou amedrontada quando Evanna comentou sobre o Coven LaVey?

Engoli em seco, lutando contra aquela vontade de sair correndo. A minha pulsação acelerou e precisei fechar os olhos para evitar outro surto. 
Comecei a contar lentamente até 10.
Buscando controlar os meus batimentos desenfreados.
Tudo bem, precisava me acalmar… 
Eu ignorei a existência dos LaVey por 23 anos, a minha mãe sempre lutou para evitar um possível encontro no futuro.
Estremeci ao sentir um calor percorrendo a minha pele. A vibração quente se intensificou, era como ser acolhida por um cobertor bem quentinho. Fiquei inerte por um momento, sentindo aqueles raios prazerosos me acariciando. Uma sensação excitante se acumulou entre minhas pernas. E quando abri meus olhos, o meu medo havia se dissipado e tinha um frescor malicioso nos envolvendo.  

— Como você fez… — Fui incapaz de terminar a frase. Vanitas estava ofegante, o seu peito subia e descia de uma maneira enlouquecedora. As pupilas permaneciam retraídas, mas o seu olhar era desejoso e repleto de perigo. Ele se afastou no instante em que percebeu que as minhas emoções estavam controladas.

— Usei o vínculo para estornar o seu medo. — Ele explicou, passando a mão no cabelo e deixou os fios mais ondulados. — Os vinculum são enriquecidos por duas magias, conectando as nossas almas e nos tornando um único ser, até os nossos corações batem em uníssono. E nos permite curar ferimentos graves, amenizar emoções ruins ou transferir nossas sensações e pensamentos para o nosso parceiro. 

Pestanejei, completamente fascinada.

— Não fazia ideia que a conexão poderia ser tão aberta. 

— O vínculo é recente, mas você não terá tempo para desvendar a profundidade da união que aceitou na floresta, vamos encontrar uma maneira de quebrar a nossa ligação. — A expressão de perigo que seu olhar transmitia não modificou. — Comece a falar sobre o Coven LaVey.

VANITAS - Memento mori Onde histórias criam vida. Descubra agora