VANITAS - Memento mori

Capítulo 25

Beanard

Eu coloquei um pedaço de bolinho de batata na minha boca, fazendo o possível para não encarar a Matriarca do Coven. 
O barulho dos talheres e o silêncio naquela mesa era intimidante. 
Levantei o meu olhar, observando o meu irmão cortar um pedaço generoso de salmão. Eu queria continuar a nossa conversa e me desculpar. Não era a minha intenção machucar o Vanitas. A verdade sobre a sua vingança me fez ter uma opinião muito convicta do Demônio da Guerra que viveu unicamente para promover sofrimento, mas aquele Demônio sentado na minha frente não era o mesmo. Vanitas estava mudando.

— Qual é o problema? — Ele interpelou. 

— Acho que temos muitos problemas, Vanitas. — Disse, me encolhendo na cadeira. 

— Concordo, como vocês destruíram o quarto? — Davina esbravejou. 

— Eu já expliquei. — Peguei o colar para mostrar o pingente que estava escondido embaixo da minha camiseta. — Uma luz poderosa explodiu do pingente.

— Eu posso ver? — Dominique pediu. — Tenho a impressão de já ter visto esse colar em algum lugar.

— É claro. — Tirei o colar, esticando o braço para entregar para ela. 

Dominique analisou o pingente com uma expressão curiosa. Ela levantou o seu olhar, prendendo os seus olhos azulados no meu perfil. 

— Pela Deusa, é o colar da minha visão. 

— Você está recebendo revelações das estrelas, garotinha? — Vanitas franziu as sobrancelhas. 

Dominique confirmou com a cabeça, voltando a sua atenção para o pingente. 

— Ela conseguiu ver duas crianças na escada. — Bethia explicou. — E fez uma pequena menção sobre uma das crianças usar um colar. E não são revelações, Vanitas. Pode ser uma simples mensagem, as crianças têm vários significados em presságios futuros. 

— Eram dois meninos de uma beleza encantadora, gêmeos idênticos. — Dominique continuou. — E um deles usava esse colar. 

— E por que só agora estou sendo informada sobre a visão da Dominique? — Evanna retorquiu num tom autoritário. — As visões da Domi nunca serão simples presságios de bruxas sensitivas.

Lorna bufou incrédula, meneando a cabeça. 

— É somente um presságio, Evanna. E temos infortúnios maiores que uma simples visão. 

— Lorna tem razão, visões com crianças podem representar equilíbrio, recomeços na vida amorosa ou uma visita de pessoas que amamos e não encontramos há muito tempo. — Bethia reforçou. — Eu acho… 

— Ah, não. As crianças não são mensagens futuras. — Domi respondeu com um sorriso. — Elas vão fazer parte do nosso futuro.

— EU SABIA. — O grito da Monalisa quase matou todos de susto. Azlynn soltou outro gritinho, Vanitas levantou com tudo ao ponto de tombar a cadeira para trás. E meu coração quase saiu pela boca. Daren era o único que estava se divertindo com aquela situação. — Os garotos são os meus filhos com o Beanard. 

Agora foi a vez da minha alma sair do corpo… 
Estremeci ao pensar naquela teoria maluca da Monalisa. 

— Por que tudo eu? — Esbravejei. — As crianças podem ser os seus filhos com outro imortal. 

— Bean nunca será irresponsável a ponto de engravidar uma bruxa ínfera. — Daren debochou, bebendo de uma dose de uísque. 

— Ficou com ciúmes, Elfo?