Capitulo 11

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Azlynn


Ficar no quarto do Hátila era muito difícil para mim, tudo me fazia lembrar dele. Eu simplesmente perdi o controle ao recordar das nossas risadas alegres, e dos segredos compartilhados dentro deste cômodo. A nossa amizade começou na infância, éramos duas crianças curiosas e adoravam desvendar os mistérios da natureza.
Pela Mãe Lua, foram tantos momentos.
Eu me sentei na cama.
Respirei fundo, querendo sentir a fragrância do seu perfume. E tudo que senti foi o aroma de hortelã com aquela mistura de magia arcaica.
Vanitas dominou os meus sentidos, eu fiquei inebriada por alguns minutos.
Quando ele se aproximou foi como entrar num transe, hipnose ou algo semelhante. Eu só queria ficar sentindo o aroma do seu perfume e abraçar aquelas sombras incandescentes… queria me conectar com a sua magia.

Pelas Deusas que ainda fortalecem as suas filhas.

Perdi completamente o juízo, vou quebrar uma regra principal do Coven Walker se continuar seguindo por este caminho obscuro.
Não poderia pensar na hipótese de qualquer conexão com o Vanitas. A minha avó me amaldiçoaria pela eternidade.
As bruxas de Walker não têm vínculos ou conexões carnais com demônios.
Comecei a rir, não… eu nunca perderia a minha virgindade com um demônio.
Eu só estava muito emocionada…
Entrei no quarto do homem que amava e seu corpo físico se tornou hospedeiro de um demônio. Fiquei confusa por alguns minutos, por este motivo permiti que o Vanitas me tocasse. Eu tinha problemas mais significativos e não poderia me distrair com uma simples carícia.

Beanard foi escolhido…

Ele encontrou o Grimório Gardner.
Eu deveria estar extremamente preocupada, mas aquele encontro me parecia certo.
Bean era merecedor. Um garoto forte, leal e incrível.
O Grimório Gardner fez uma ótima escolha.
Eu me deitei na cama e aproveitei a calmaria para pegar meu celular na bolsa, e verifiquei se não tinha mensagens ou chamadas da minha família.
O sono começou a chegar, desde o desaparecimento do Hátila não consegui ter uma boa noite de sono.
Eu tinha pesadelos…
Acordava de madrugada e a dificuldade para voltar a dormir era absurda.
Os meus olhos começaram a pesar, observando o horário na tela do celular.
Era apenas cinco horas da tarde…
Vanitas tinha razão, precisava descansar um pouco. Eu vou cochilar por alguns minutos, até o demônio sair do banheiro.
Não precisava me preocupar…
Vanitas e Norris estavam por perto e ninguém causaria mal.
Fechei meus olhos e não demorou muito para um sono profundo guiar meu corpo para um delicioso descanso.
Eu não me lembro de ter pesadelos, acordei assustada e um pouco desorientadas quando senti uma forte ardência no meu ombro.
O quarto estava muito escuro e não conseguia enxergar nada.
Eu me sentei na cama, levando a minha mão até o ombro.
Pelos Deuses, que dor estranha.
Um alerta fez o meu corpo congelar, senti uma magia primordial acariciando a minha pele… me marcando de uma maneira dolorosa. O ar ficou preso nos meus pulmões por alguns segundos, havia algo de errado. Eu me sentia encurralada, foi quando ouvi um rosnado feroz e lembrei que tinha um demônio no quarto.
Comecei a procurar meus óculos ou meu celular.
Maldição, percebi um movimento rápido próximo da cama. Fiquei em choque, não tinha como reagir ou tentar fugir.
O demônio estava me observando, os seus olhos refletiam na escuridão como dois faróis.
Fiz menção de me levantar, mas uma risada macabra congelou meus movimentos.

― Em minha mente uma versão minha luta para assumir o controle. ― Vanitas ronronou. ― Estou faminto e quero devorar você, mas apreciar o seu sono foi… interessante.

As suas palavras me deixaram completamente arrepiada. Eu me libertei do medo, permitindo que meus sentidos e minha magia se expandissem no cômodo.
A primeira mudança que senti foi o cheiro. Vanitas estava com um cheiro diferente, ainda existia aquele aroma delicioso de magia arcaica, mas havia uma peculiaridade que não conseguia identificar.

VANITAS - Memento mori Onde histórias criam vida. Descubra agora