Cap 28: Um adeus

101 7 76
                                    

Pov: Denki

16 de setembro, sexta.

Já faz um tempo que o clima na minha casa está péssimo. E todo mundo percebeu.

Faço de tudo para evitar o meu pai quando ele, de alguma forma, está em casa no mesmo momento que eu.

Ainda fico indignado com tamanha insensibilidade. Por que ele não pode me ouvir, pelo menos, uma vez? Por que nunca posso gostar de algo? Ele me priva de tudo que eu me interesso!

Às vezes me pego pensando: seria melhor se eu morasse com a minha mãe?

Mas é difícil disso acontecer. Agora, ela é uma viúva, com dois filhos desse seu outro casamento. Eu só iria piorar sua situação. E, por conta da grande renda financeira do meu pai, eu teria, em tese, uma vida melhor morando com ele.

Suspiro, balançando a cabeça, tentando afastar esses pensamentos e me erguendo o suficiente para acabar sentado na cama.

Pego meus óculos e os coloco em frente ao meu rosto.

Olho no relógio digital, que fica no criado-mudo ao lado da cama, percebendo que acordei mais cedo do que o de costume. E eu já acordo bem cedo todos os dias, tanto que sou um dos primeiros da turma a chegar na escola.

Eu não queria voltar a dormir, ainda mais porque seria uma soneca até que rápida, então me levanto, colocando, de vez, os óculos.

Vou até a escada e desço a metade dela, parando ao ouvir duas vozes discutindo.

Pisco algumas vezes, terminado de descer os degraus.

Atravesso boa parte do corredor que leva até a sala de jantar, de onde vinham as vozes, as reconhecendo facilmente: a mais grave é a do meu pai; e a feminina, que raramente escuto, era a da minha mãe.

Paro ali mesmo, querendo saber o porquê da discussão e o porquê de ambos estarem em casa, já que meu pai deveria estar trabalhando e a entrada da mulher, naquela casa, é proibida.

—A antiga escola dele não o faz bem! –Kanade, minha mãe, exclama, perdendo a paciência.

—Me poupe, a escola não é para fazer amiguinhos, é para te tornar mais inteligente e, futuramente, bem sucedido. –Daiki, meu pai, retruca, com sua voz grave e firme.

—Mas como você quer que ele seja esforçado e bem sucedido se estiver doente emocionalmente?! –Ela rebate. —Tenta ler alguns livros sobre essas doenças, tenta entender como elas começam: através de familiares, amigos, escola, internet; tenta abrir um pouco a sua mente.

—Eu não tive muitos amigos ao longo de toda a minha vida e olha onde cheguei. Amigos só atrapalham. Desafios como o tal do bullying são ótimos para estimular a maturidade, inteligência e frieza, tudo que é necessário para ser bem sucedido. –Ele argumenta, mantendo uma postura de superioridade.

—... Você já perguntou para ele... Se ele quer mesmo assumir a empresa? A opinião dele é importante, temos que respeitar. –Ela murmura, voltado ao tom de voz normal. —Ele só tem 14 anos, só quer aproveitar a adolescência, assim como você, um dia, quis.

—Mas eu não pude. Não é porquê ele tem uma ótima condição financeira que vou o transformar em um garoto mimado. Ele deve passar pelo o que eu passei e chegar onde eu cheguei.

—Passar pelo o quê você passou e se transformar nesse monstro? Onde você chegou? Num poço de solidão e arrependimento? –Ela questiona, debochada.

Nossos Sentimentos-Fanfic BorutoOnde histórias criam vida. Descubra agora