04. um gato arisco que está acostumado a não receber carinho

386 60 83
                                    

Faço nosso o meu segredo mais sinceroE desafio o instinto dissonanteA insegurança não me ataca quando erroE o teu momento passa a ser o meu instante

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante

(Daniel na cova dos leões - Legião Urbana)

Yoongi acordou com o toque estridente do seu celular. Abriu os olhos com dificuldade, sentindo a cabeça doer junto com outras partes do corpo. Ele tateou a mesinha ao lado da cama a procura do aparelho, mas não o encontrou. Havia um braço ao redor de si, o que dificultava o trabalho de encontrar o causador de tanto barulho. Taehyung dormia tranquilamente, nem se importando com o tintilar que fazia a cabeça do músico doer ainda mais. Estava agarrado a ele como um filhote de coala na mãe, as bochechas sendo prensadas contra o travesseiro e o cabelo desgrenhado.

Ele era fofo dormindo.

Com cuidado, Yoongi se desprendeu do rapaz e começou a vasculhar o quarto com os olhos em busca do celular que parou de tocar. Mas assim que se levantou da cama, Taehyung resmungou alguma coisa em um idioma desconhecido, fazendo o músico encará-lo. Ele tinha o lençol enroscado na cintura, cobrindo parcialmente sua nudez, e se espreguiçava como um felino. Yoongi não deveria reparar no quanto ele era adorável, mas fez.

— Que bela imagem logo cedo. — o rapaz na cama exclamou, sua voz soando mais rouca que o normal. Ele apoiou a cabeça no punho e encarou Yoongi sem pudor algum, como se estivesse olhando um bolo decorado em uma vitrine. — Bom dia.

Min corou, desviando os olhos para um ponto qualquer, enquanto sorria meio sem jeito. Eles haviam passado a noite desbravando os corpos um do outro, sabia que Taehyung conhecia cada canto seu, mas, mesmo assim, se sentiu envergonhado por estar nu na sua frente. Não havia álcool no seu sangue, e nem o breu do quarto para esconder seus receios e anseios. Se sentiu exposto, precisava vestir algo.

— Bom dia. — foi o que conseguiu dizer, se sentindo patético. Taehyung era casual, agia de modo despreocupado, enquanto Yoongi parecia uma estátua de gelo próxima ao fogo.

— Por que não toma um banho antes de ir? Eu posso pedir o nosso café.

Yoongi o encarou no mesmo instante sentindo algo surgir em seu interior. Uma chama? Uma flor? Uma borboleta? Uma luz? Não sabia dizer, mas sentiu alguma coisa. Seus casos de uma noite nunca faziam questão de ficar até o outro dia, nunca ligavam no dia seguinte, ninguém nunca se importou tanto. No entanto, Taehyung estava ali na sua frente, sorrindo docemente e pedindo para ficar mais um pouco. Era tão incomum que Yoongi não sabia o que responder, como um gato arisco que está acostumado a não receber carinho, quis fugir.

— Eu não acho que... — deu um passo para trás e pisou em algo, era o seu blazer. Meio atrapalhado, se assustou quando o celular começou a tocar novamente e quase caiu. Taehyung soltou um risinho divertido.

Vᴏʟᴜ́ᴠᴇʟ • ᵗᵃᵉᵍᶤOnde histórias criam vida. Descubra agora