08. Yoongi teve a certeza que nunca mais seria o mesmo

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Eu, eu amei você apesar dosTemores profundos de que o mundo nos dividiriaEntão, querido, podemos dançar?Oh, através de uma avalanche?

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Eu, eu amei você apesar dos
Temores profundos de que o mundo nos dividiria
Então, querido, podemos dançar?
Oh, através de uma avalanche?

(Dancing With Our Hands Tied - Taylor Swift)


A chuva realmente passou depois de um tempo. Yoongi não aguentava mais assistir Taehyung sofrer e se sentir impotente por não conseguir fazer nada além de oferecer um ombro para ele chorar. Os tremores, os soluços e as lágrimas foram embora junto com os trovões, e um silêncio sepulcral reinou por todo o caminho até o Regina Louvre. Taehyung agiu roboticamente quando chegaram, desceu do carro ainda em silêncio, caminhou lentamente com os olhos vidrados no chão, e quase passou direto da porta do quarto de Yoongi.

O rapaz começou a vasculhar suas coisas quando entraram no cômodo, ainda com os olhos vagos e em um silêncio extremamente desconfortável. O músico o observava com compaixão enquanto ele revirava uma bolsa da Prada procurando alguma coisa. Yoongi sentiu que deveria falar algo, mas não sabia o que.

— Tae... — chamou-o com cautela. O rapaz não respondeu e nem olhou na sua direção, apenas continuou revirando bolsas. Yoongi suspirou. — Se você quiser conversar... — Tae ainda se manteve do mesmo modo, revirando coisas e em silêncio, mas negou veemente com a cabeça. — As vezes é bom desabafar, sabe... E você parecia tão-

— Não foi você quem disse que falar sobre uma dor não a torna menor? — Taehyung sussurrou, sua voz saindo mais grave e rouca que o normal. Ele tinha os olhos grudados no interior de uma necessaire como se ali dentro residisse uma galáxia.

— Eu sei, mas-

— Por que você não para de agir feito um namorado prestativo? — o rapaz gritou, jogando a bolsa no chão com força. Yoongi apenas piscou os olhos em supresa. — Nós não somos porra nenhuma, então pare de tentar ser algo além.

Yoongi abriu os lábios, mas nada disse. Taehyung tinha razão, eles não eram nada além de sexo casual. Não havia um compromisso, Tae não era obrigado a falar sobre nada, Yoongi não tinha a obrigação de ouvi-lo. Mesmo que para o músico, oferecer um ombro amigo para ele não fosse por isso, e sim porque seu coração de gelatina o impedia de ignorar o sofrimento alheio, seja de quem fosse. No entanto, ele entendeu o recado. Taehyung não queria conversar, e Yoongi respeitaria isso.

— Certo, me desculpe. — o músico sussurrou, encarando qualquer canto do quarto que não fosse a figura desnorteada a sua frente. Ele deu um passo para trás, tirando a jaqueta jeans que abraçava seu corpo. — Eu vou tomar banho.

[...]

Quando Yoongi saiu do banheiro, enrolado em um roupão e com os fios longos úmidos, encontrou Taehyung deitado só de cueca na cama. O quarto estava escuro, a única luz presente era um feixe amarelado que provinha da fresta da janela, iluminando parcialmente a pele dourada do rapaz na cama. Portanto, era difícil discernir se ele dormia ou não. Yoongi caminhou até a cômoda lentamente, evitando qualquer tipo de barulho enquanto se vestia. As palavras de Taehyung não deveriam incomodar tanto, mas Yoongi as sentia vagar pela sua mente como fantasmas, sussurrando risadinhas maléficas e lhe tirando a paz. Ele não deveria ficar tão incomodado com verdades, fatos. No entanto, não gostou nem um pouco de como Taehyung enfatizou que eles não passavam de um... lance.

Se sentiu insignificante para ele, como se tudo o que importasse para Taehyung fosse o sexo. Mas... não era? Pelo menos era para ser, certo? Entretanto, o que significava o que vinha depois? Os risos, os abraços, os afagos? Realmente não importava o fato deles acordarem abraçados todas as manhãs? Yoongi não sabia muito sobre relacionamentos, mas imaginava que pessoas que apenas transavam não dormiam de conchinha, nem tomavam café juntos, muito menos lavavam o cabelo um do outro.

Onde Yoongi foi se meter?

O músico suspirou alto, se arrependendo logo em seguida ao escutar o rapaz se remexendo na cama. Não deveria se importar tanto com o que Taehyung pensava ou sentia sobre ele, mas isso estava o incomodando por um único motivo. O fato era que, independente do que acontecesse ao findar daquela semana, Yoongi teve a certeza que nunca mais seria o mesmo. Não depois de provar os beijos de Taehyung e ouvir o som doce da sua risada. Então, como ele se atreveria a não se importar nem um pouco com Yoongi? Como ele poderia levar em consideração somente sexo? Yoongi suspirou alto novamente, desistindo de procurar a escova no escuro e resolveu não pentear o cabelo. Lidaria com seus fios e com seus sentimentos no dia seguinte.

O músico ocupou o lugar ao lado de Taehyung na cama em silêncio, evitando encará-lo, mesmo que sentisse que o rapaz estava dormindo. Tinha medo do que veria, de como seu coração reagiria ao visualizar aquela pele morena magnífica e o cabelo meio enrolado. Yoongi não se considerava mais confiável para continuar naquilo, mas também não tinha coragem de pegar sua mala e ir embora.

Ele estava completamente fodido.

— Guinho? — uma voz manhosa soou entre o breu, Yoongi pensou estar ouvindo coisas pois foi tão baixinha. No entanto, uma mão tateou seu braço por baixo do edredom com suavidade.

— Pensei que estava dormindo. — Yoongi ainda não tinha coragem de encará-lo, ainda segurava seu coração com força, temendo ter o órgão roubado. Taehyung entrelaçou os dedos nos seus e ele sentiu suas forças se esvaindo.

— Quase. — disse com dificuldade. Yoongi fechou os olhos com força, não podia olhá-lo. — Eu tomei alguns calmantes, acho que vou apagar logo.

Yoongi abriu os olhos, se deparando com um Taehyung sonolento de olhos fechados e cabelo despenteado. Seu coração deu alguns pulinhos, ele tinha razão no fim das contas.

Alguns? Tomou mais de um? Ficou doido?

— Relaxa, eu sempre faço isso. Um só nunca é o bastante para me fazer esquecer... — ele suspirou profundamente, o tom da sua voz baixando a cada palavra. Yoongi sentiu o peito doer. Droga, isso não era um bom sinal. Sintomas vindo do coração nunca são um bom sinal. — Yoongi?

— Sim?

— Me desculpe por gritar com você. E.. obrigado.

Yoongi encarou cada traço daquele rosto no escuro do quarto, sentindo seu coração bater em um ritmo anormal dentro do peito. Ele suspirou, Taehyung acariciava sua mão com suavidade, fazendo a pele daquela região formigar.

— Tudo bem. — sussurrou a primeira mentira daquela semana.

Não estava nada bem, Yoongi sentia que estava perdendo seu coração.

[...]

Yoongi acordou com o sol batendo no rosto por uma fresta da cortina que foi esquecida na noite anterior. No entanto, ele não se levantou para fechá-la. Permaneceu imóvel, inalando o cheiro de flor de laranjeira, jasmim e íris que dançava suavemente pelo ambiente. Taehyung estava agarrado em si, deitado em seu peito em um sono profundo. O músico não tinha coragem de se mover e correr o risco de acordá-lo, então continuou naquela posição um tanto desconfortável enquanto pensava no que tinha acontecido no dia anterior e o que faria quando Taehyung abrisse os olhos.

Três dias e uma noite com o rapaz foram o suficiente para mexer com os sentimentos de Yoongi, e por isso se sentiu patético. Xingou Elijah mentalmente, o maldito tinha razão; o musico era um bobão emocionado. Pois, mesmo tendo noção do quanto estava ferrado se envolvendo com alguém dessa forma, não tinha coragem de levantar e ir embora. Yoongi não conseguia deixá-lo, e isso era um sinal de alerta claro para o que fosse acontecer até o fim da semana. Ele deveria parar, deveria ser mais racional e menos um animal sentimental. Yoongi não deveria ter entregado sua alma junto com o corpo a Taehyung, ele deveria ter ido embora naquela manhã de quinta, ignorando o homem adormecido em seus braços. Mas ele escolheu ficar, e esperar pacientemente Taehyung abrir os olhos para o mundo pela primeira vez no dia.

E esse foi seu terceiro erro.

N/A: demorei mas cheguei... me conte, o que achou desse capitulo? o que tem achado da estória até aqui? deixe seu feedback, faça uma escritora sorrir...

se cuide e até sábado que vem!

~ vick

Vᴏʟᴜ́ᴠᴇʟ • ᵗᵃᵉᵍᶤOnde histórias criam vida. Descubra agora