11. como em uma prece, uma súplica que jamais será atendida.

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Deixe o perfume na prateleiraQue você escolheu apenas para elePara não deixar rastros para trásComo se você nem existisseAceite as palavras como elas são

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Deixe o perfume na prateleira
Que você escolheu apenas para ele
Para não deixar rastros para trás
Como se você nem existisse
Aceite as palavras como elas são

(Illicit affairs - Taylor Swift)

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" disse a raposa em O Pequeno Príncipe.

Responsabilidade afetiva.

Uma pessoa se torna responsável pelos sentimentos do outro a partir do momento que lhe conquista. É o dever daquele que tem o coração de alguém nas mãos cuidar daquilo que lhe foi dado com tanta devoção, e não sair chutando-o como se faz com as pedrinhas da calçada. É o mínimo que Taehyung poderia fazer depois de tocar Yoongi com tanto carinho, encará-lo com aqueles olhos brilhantes e sorrir daquele jeito que quebra qualquer alma indefesa da Terra. Ele deveria estar ciente das consequências do seu poder magnético ser forte demais, deveria ser mais delicado e ter mais compaixão antes de sorrir a todo momento, enquanto Yoongi sentia sua alma abandonando o corpo pouco a pouco.

Casualmente cruel.

Enquanto o músico cortava seu bife em silêncio, Taehyung tagarelava sem parar sobre algum assunto fútil com aquela maldita empolgação sem sentido. Tae nem mesmo notou a melancolia de Yoongi, nem se importou em dizer onde estava pela manhã, e não parou de falar nem por um segundo. Ele não parecia o mesmo, mas Yoongi nem mesmo sabia o que pensar pois não o conhecia de fato. Tudo o que tinha era um nome, um corpo, e algumas manias.

Ele já não sabia se o homem que estava ao seu lado na cama com aquele sorriso brilhante era uma armadura que o garotinho que tinha medo de chuva criou, ou se aquele era uma farsa. Yoongi não sabia se aqueles lábios eram confiáveis, se aqueles olhos eram mesmo tão verdadeiros, ou se aqueles toques eram mesmo a melhor opção para passar o tempo. No entanto, ele o beijou fervorosamente enquanto o sol se punha atrás das cortinas. Yoongi deixou que Taehyung o despisse mesmo não tendo a certeza de nada, deixou que ele o tocasse mais uma vez, se permitiu ignorar a racionalidade uma última vez.

Ao invés de fazer perguntas, exigir respostas, Yoongi usou a voz apenas para clamar o nome de Taehyung como em uma prece, uma súplica que jamais será atendida. Ele sabia que deveria ir embora o quanto antes, mas deixou que aquele homem dedilhasse seu corpo como se ele fosse um piano. Permitiu aqueles dedos em seu cabelo, aquela boca em lugares inimagináveis, aquele corpo colado ao seu, aqueles lábios marcando sua pele novamente.

Se deixou levar, apreciou suas respirações mesclando-se, suas peles unidas, o suor escorrendo pela testa de Taehyung, a boca inchada e corada, o perfume floral, o sabor agridoce de uma despedida. Yoongi sentiu em cada toque, cada suspiro, cada aperto, o que aquilo significava. Os olhos de Taehyung diziam adeus, os dedos entrelaçados aos seus eram a resposta para todas as perguntas engasgadas na garganta do músico. Aquilo era uma despedida, aquela seria a última vez.

Vᴏʟᴜ́ᴠᴇʟ • ᵗᵃᵉᵍᶤOnde histórias criam vida. Descubra agora