Cap. XIX - Um momento duradouro

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Morrer nunca parece uma opção muito agradável, costumamos pensar na sensação, o ar indo embora, o vazio chegando, uma provável dor e o apagão. Não se sabe ao certo qual é a real sensação da pré-morte, talvez seja simplesmente um medo multiplicado infinitas vezes por um único momento e logo em seguida acaba. Sabe o que acho? Quem realmente morre são os que ficam vivos, amaldiçoados a sentir a falta, a saudade, o aperto e todos os sentimentos do luto por anos como se quem estivesse morto fosse quem ficou nessa realidade.

Nathan sentiu pela primeira vez o que chamamos de vida, um momento que estava durando uma eternidade como esperar o ônibus estando atrasado. A cena de um corpo sendo dividido ao meio lhe vinha à cabeça repetidas vezes e ele ainda nem tinha piscado, pois a passagem que ele atravessou com Dyuana tinha acabado de fechar.

--- Carloooos... --- Gritou ele escorregando pelos buracos que ele descia, como se seu grito fosse atravessar toda aquela terra e alcançasse a alma de Carlos. Como uma pedra rolando em um desfiladeiro, Nathan e Dyuana iam chegando à base plana daquele local estranho. O teto daquele lugar era extremamente assombroso, as lavas ferventes eram o que gerava luz ali dentro, as árvores eram secas e poucas delas possuíam copas. Obina guardava muitos segredos em seus solos, Nathan teve o azar de cair ali, praticamente sozinho.

Dos cinco grandes reinos, Obina tinha a maior quantidade de animais míticos escondidos em locais assim para protegê-los de caçadores de recompensa, saqueadores, magos e todos os tipos de feitores de artefatos. A vasta terra verde no subsolo era um local só para animais e feras, a passagem para esse lugar era restrita a qualquer mago de categoria baixa, somente os magos mais renomados de Obina tinham a liberação para abrir a passagem, como Carlos.

Depois de cair com os braços abertos em solo plano, Nathan, se esforçando, se levanta e se aproxima de Dyuana a colocando nos braços. A cada segundo ele olhava para os lados e tentava identificar alguma saída, o que parecia não ter em lugar algum. O lugar não mostrava nenhum vestígio do sol, nenhum tipo de vento, nenhuma brecha ou um alvo para chamar de direção. Nathan se viu completamente perdido e realmente estava.

•••

Alguns minutos correndo e as doninhas ainda estavam na cola de Albert, por sorte elas iam diminuindo a velocidade quanto mais longe estavam do conflito. O ruivo de porte físico mediano também estava ficando talentoso, graças ao impulso de vento que Nathan o deu, ele pôde se afastar o suficiente para se manter seguro das garras afiadas das doninhas macabras. Koda desacordado em seus braços não parecia ter reação alguma, em seu braço tinha uma mancha de sangue, por intervir uma doninha de atacar Dyuana.

--- Esse moleque é mais corajoso que eu. --- Diz Albert ao olhar.

As doninhas desaparecem sem deixar rastros, dando alívio a Albert que já estava cansado de correr. Parou alguns metros depois e se concentrou para ouvir as coisas ao seu redor, quando percebeu que estava fora de perigo ele senta no chão e suspira aliviado.

--- Ei pirralho, acho que tá na hora de acordar, não dá pra ficar te carregando por aí como se fosse uma princesa da Disney. Se bem que as princesas da Disney são bem mais duronas. 

Koda nada de responder, Albert realmente estava preocupado com ele.

--- É bom não morrer Nathan. --- Falou e se levantou com Koda no colo, em seguida prosseguiu sua ida para o topo da colina.

Albert não tinha tanto medo assim, seu instinto natural lhe colocava em vantagem, era de certa forma equilibrado em suas emoções. Sem perceber ele já havia corrido dois quilômetros e nem havia se cansado.

•••

Lá estava o velho W, de pé, com um rasgo em suas costas.

--- Humm, não imaginei que alguém poderia ser tão forte assim. --- Falava ele com uma mão no queixo.

Manifestum: Magia em curso Onde histórias criam vida. Descubra agora