Cap. XXI - Tonalidade vermelha

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Já se perguntou o porquê das lembranças serem tão importantes? Afinal, por quê somos tão apegados a lembranças e a momentos presos no passado? Como aqueles momentos que você "viaja" sem precisar sair do lugar e sorri na sala e alguém pergunta se você tá ficando biruta. 

Talvez seja porque sem lembranças ou passado não temos história, não somos o que escolhemos ser e nem temos direito a uma personalidade. A lembrança é tão importante que chega a mudar completamente uma decisão no futuro, um "blip" e tudo muda.

Lá estavam eles, com uma recriação mal feita da batalha entre os quatro aventureiros de primeira viagem e o honrado guerreiro de Obina lutando contra a misteriosa mulher de vestido negro. O reluzente holograma azul, entre as árvores, mostrava o momento em que Koda usou um feitiço de materialização, o feito que o levou ao desmaio, várias lâminas saíram do chão e perfuraram as doninhas e até mesmo a criatura roliça que os atacará novamente.

"Um feitiço nobre da família Condor", pensava Rany olhando para a lembrança projetada de Koda. Nathan segurava o grimório em sua mão e se concentrava ao máximo para manter a projeção, mesmo sendo um feitiço do grimório, por se tratar de sua lembrança, era obrigação de Nathan controlá-la.

--- Por que ela parou de atacar eles nesse momento? --- Pergunta Rany se aproximando da imagem de Lótus.

--- Ela que controlava os animais, ela tinha que lutar em dois lugares ao mesmo tempo. Quando eu usei meu artefato ela teve que se concentrar em mim. --- Respondeu o velho.

Notando isso, ela percebeu que a moça era de fato um inimigo formidável, capaz de dividir o poder em grande escala a ponto de enfrentar Sr W

--- Então qual era o real objetivo dela? --- Rany lançava as perguntas ao ar, esperando as respostas equilibradas do velho.

--- Não sei ao certo, senti a sede dela de matar. Ela concentrou o poder dela no centro do vilarejo e mantinha a presença oculta de meus poderes. Mas apesar de chamativo, ela não usou todo o seu poder. --- Falava W colocando a mão no queixo.

A cena prosseguiu até Dyuana desmaiar também pelo poder das pétalas. A lembrança começou a falhar e a desaparecer conforme Carlos formava, com o fogo de suas mãos, um escudo giratório ao redor deles. Até chegar o momento em que Carlos é partido ao meio sem auxílio de arma ou mãos, logo após isso Lótus foi engolida por uma fera e desaparece levando o cadáver de Carlos.

--- Então ela realmente roubou o cadáver dele. --- Comenta Sr W

Isso finaliza a lembrança projetada, Nathan olha para Sr W e tenta raciocinar o motivo dela ter pegado o corpo de Carlos.

--- Por que ela pagaria o corpo dele? --- Pergunta o jovem curioso.

--- Essa é a pergunta que eu também gostaria de responder, mas a julgar pelo conhecimento da conhecida como Lótus, ela sabia que não foi ela quem matou Carlos e sim eu.

Nathan levantou a cabeça em forma de dúvida e esperou a explicação do Sr W

--- Para que o vilarejo não morresse, eu mesmo tirei suas vidas e quando a batalha acabou eu as devolvi, mas não senti a alma de Carlos voltar ao corpo então deduzi que ela roubou o corpo dele.

Nathan se abismou com a explicação do velho, só de imaginar que alguém possui tanto poder assim nas mãos já deixava suas mãos suadas. Mas também pensava que se não fosse Lótus, Carlos estaria vivo.

--- Por que não a matou já que tem tanto poder nas mãos? --- Pergunta Nathan sem exitar.

--- Porque existe limite pra todo poder, não consigo matar quem é justo em suas condições de ética ou pureza. O coração daquela mulher é pura convicção e ela sabia disso. --- Responde o velho com uma resposta não tão esclarecedora. --- Bom, já vi o que precisava ver, então vamos prosseguir nossa jornada.

Manifestum: Magia em curso Onde histórias criam vida. Descubra agora