31. I Won't Come Back

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A ligação foi encerrada

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A ligação foi encerrada. Eu permanecia no mesmo lugar, imóvel e estática pela notícia recebida. Era o estágio de negação; onde várias respostas lógicas me vinham a cabeça para me fazer desacreditar nas palavras daquela mulher.

Talvez seja um trote;

Talvez seja o Bailey tentando me deixar triste;

Talvez meus pais estejam tramando algo por aí;

Eles só estão fazendo uma brincadeira comigo, uma terrível e desprezível brincadeira de mal gosto;

Alguém certamente me odeia tanto ao ponto de me dizer algo assim. É só isso.

Eles estão bem e, vivos.

Segurei novamente o celular em minhas mãos trêmulas. Procurei com dificuldade o número de celular da minha mãe. Iniciei a chamada, mas ela não atendia; entrei em desespero. Tentei de novo, mas nada acontecia. Só caia na caixa postal.

É claro, o celular está desligado, eles estão no vôo. Não se pode deixar o celular ligado em um vôo, não é?

Andei em passos falhos até o sofá, deixando meu corpo cair sobre o mesmo. Lutava para não deixar que as lágrimas escorressem. Meus olhos marejados encontraram o controle remoto jogado sobre o sofá. Com minha mão ainda trêmula, peguei-o, ligando a TV no primeiro canal que avistei.

Uma reportagem de última hora havia parado a programação. A jornalista falava sobre o "Terrível acidente dessa segunda-feira", título da reportagem.

Ela falava sobre um dos motores do avião. Um deles havia apresentado problemas, mas mesmo assim, a companhia achou que não teria problema decolar. E isso teria ocasionado a terrível queda do avião.

- A terrível queda... - Uma lágrima escapou. - A... Terrível... Queda...

E enfim, o estágio de aceitação.

As lágrimas começaram a rolar descontroladamente pelo meu rosto. Meu peito apertou e o ar me faltou. Bati uma, duas vezes contra meu próprio peito, tentando acabar com aquela dor. Meus gritos tomaram conta do ambiente antes silencioso. A dor me consumia.

Minha respiração falhou; eu tossi.

Tentei levantar e minhas pernas não me obdeceram; caí. Continuei a chorar, incansavelmente, descontroladamente, alí, naquele chão frio e duro.

Meus pais estavam mortos.

Eles estavam realmente mortos.

[...]

A cor preta nunca me pareceu tão triste e sombria quanto hoje. As folhas secas caídas pelo chão do cemitério da Califórnia ajudavam no clima melancólico dessa tarde. Sentada em frente a lápide do túmulo de meus pais, eu apenas sentia o ar entrar e sair de dentro dos meus pulmões. Minha respiração estava pesada, talvez porque eu estava triste.

𝗔 𝗖𝗼𝗻𝘁𝗿𝗮𝗰𝘁 | ᴺᴼᴬᴿᵀOnde histórias criam vida. Descubra agora