001

6.8K 312 138
                                    

×


"A banda adolescente Tokio Hotel que está roubando nossos corações e invadindo as televisões e rádios, está em busca de um novo integrante no Reino Unido, esse que supostamente irá auxilar na guitarra e no vocal. Fiquem ligados com as datas e local da audição!"

Escutava a voz grossa da mulher na TV dizendo que Tokio Hotel cada vez mais ganhava fama, eu particularmente gosto de algumas músicas, não sou fã mas me sinto muito feliz vendo o estilo do rock sendo valorizado pelas pessoas.

Em seguida, era mostrado imagens dos garotos em shows e em ensaios fotográficos, e então, o telefone e e-mail para quem se interessasse.

-Por que não tenta, filha? - questionou minha mãe, Marila, que antes lia o jornal, agora se encontrava focada na televisão e em mim. - Você leva muito jeito com a guitarra, violão e sua voz é linda.

Fiz uma careta em discordância.

-Eu não sei, eu já não tenho mais tempo para praticar como antes, devo estar enferrujada. - soltei uma risada, voltando a atenção aos livros em cima da mesa, todos pegos da biblioteca da escola, de qualquer matéria e assunto que imaginar.

-Ah Alana, mas a audição é em três meses. Até lá você entra em seu período de férias e poderá praticar à vontade. - ela respondeu insistindo. - Vai que você se encontre na música como uma verdadeira vocação? Desde criança sempre adorou a ideia de tocar e se tornar uma artista.

-Mãe, eu cresci e a realidade agora é outra, tudo aquilo foi um sonho de criança que ficou pra trás. Eu preciso focar nos estudos nesses três meses e no resto do ano para que eu consiga passar num vestibular, como o papai falou. - retruquei de certa forma rude apontando para os livros que lia, mesmo que eu amasse a música, eu não acredito que conseguiria sobreviver dela.

-O seu pai não sabe de nada! É um ignorante, você vai dar ouvidos para um homem de mente fechada que passa o dia inteiro trabalhando como um condenado, infeliz e que se sente frustrado com a vida? - ela questiona rude da mesma maneira, me calando e fazendo com que eu reflita sobre. - Eu não quero uma vida de frustração para a minha filha, então trate de experimentar todos os prazeres e desafios que puder, certo?

Seu tom de voz suavizou e ela tocou minha bochecha a acariciando, dando um sorriso, eu acabei sorrindo também e confirmando com a cabeça, jamais contrariaria a minha mãe e seus pensamentos. Sussurrei um "claro, mãe" e a vi levantando do sofá, me entregando seu jornal e saindo do cômodo.

Eu pensei no que ela tinha me dito, mas era difícil, procurava aprovação de um pai que nunca se mostrou orgulhoso por nada que já conquistei e que nada lhe satisfazia, como quando minha mãe passou a pagar aulas de violão quando eu tinha 12 anos, quando toquei meu primeiro acorde, ou quando tive que me virar em aprender a tocar guitarra sozinha e pedindo ajuda a quem soubesse, já que o mesmo se recusava a me deixar frequentar essas aulas, pois, segundo ele, "já tinha causado prejuízo demais em deixar aprender algo que jamais usaria".

Para ele, eu deveria deixar de lado muitos hobbies e amadurecer, ele deseja que eu ingresse numa universidade de renome e me torne "alguém" na vida. Desde então, estou fazendo o possível para seguir o seu plano para a minha vida.

Eu não me importava de estudar por algumas horas, mas passar mais de 6 horas estudando, tanto na escola quanto em casa, me cansava demais, cada dia me via mais estressada com essa rotina e com saudade de fazer coisas que antes fazia, como uma jovem normal. Eu queria minha guitarra, queria sair com meus poucos amigos, assistir algum filme, fofocar com minha mãe, tudo sem me culpar.

Suspirei saindo de meus pensamentos que me deixavam cabisbaixa e então levei o olhar para o jornal que minha mãe havia entregue, e lá estava o número e e-mail que aparecera na televisão. Ela havia anotado sem que eu percebesse. Eu sorri com sua determinação e pensei novamente, seria uma boa ideia ligar para a produtora?

Não, com certeza não.

Peguei um dos livros, o colocando sobre o jornal e voltei a estudar, mesmo pensando a todo momento se ligava ou não.
×
Acordei sentindo uma enorme dor nas costas e enxaqueca, foi então que percebi que havia dormido na cadeira e com a cara no meu livro, que estava babado. Olhei para meu relógio, marcava 19h, eu dormi por 5 horas seguidas, estava bastante cansada!

Gritei pela minha mãe e nada dela responder, talvez tenha saído mais cedo, certamente ela teria me acordado e pedido para dormir confortável no quarto.
Eu me levantei, me espreguiçando e raciocinando devagar, na cozinha eu fiz minha janta, dois mistos quentinhos e café para me manter acordada, ainda precisava bater a meta de estudos do dia.

Quando terminado os mistos, fui tomar um banho e vestir roupas quentes, o friozinho de Birmingham estava batendo em nossas portas novamente. Penteei meus longos cabelos cacheados e assim que finalizados, eu sequei conseguindo admirar sua tonalidade de ruivo acobreado que de certa forma contrastava com meu tom de pele levemente bronzeado, uma característica que herdei de minha mãe e sua família inteiramente brasileira.

-Alana, está em casa? - escutei a voz do meu pai, o que foi estranho, ele normalmente não chega tão cedo. Desci as escadas que davam direto para a sala, lá estava ele com sua maleta e seu terno, juntamente com uma expressão de cansaço. - Onde está sua mãe? Aquela mulher não consegue se manter em casa um dia inteiro sequer.

Revirei os olhos discretamente e menti que ela saiu mas avisou que retornaria logo, eu não queria que eles brigassem como sempre acontece. Então, peguei meu celular e a enviei uma mensagem, avisando que ele estava em casa.

-Busca no freezer do porão uma cerveja pra mim. - pediu enquanto deixava sua maleta no sofá e seus sapatos em qualquer canto. Eu confirmei e desci até o porão.

Estava bastante empoerado, a única pessoa que descia ali era eu, mas isso foi se tornando menos frequente, eu adorava tocar aqui, pois, o tom se tornava abafado lá fora. Em um canto da parede estava ela lá, minha guitarra preta com adesivos de estrelas, a peguei sorridente e retirei a poeira, a coloquei no sofá e fui ao freezer, levando a meu pai sua cerveja e descendo novamente.

Eu a peguei e dedilhei as cordas uma por uma, sentindo nostalgia, então testei uns acordes e eu realmente me vi meio travada. Da mesma forma, toquei uma melodia criada por mim mesma e sorri, continuei tocando e nesse tempo pensei no que minha mãe disse.

Que se dane! O que eu posso perder? Nada! É só um teste, eu nunca tive oportunidade de mostrar esse talento para pessoas desse ramo, então, que assim seja.

Fui em busca do jornal e disquei o número no telefone, com muita dificuldade e muita demora me atenderam, eu passei minhas informações para o homem do outro lado da linha que parecia impaciente, talvez por ter recebido muitas ligações durante a noite.
Passei as informações necessárias que ele me pedia, nome completo, idade, nome dos pais, além de muita documentação, foi me questionado quais instrumentos eu tocava e como eu achava que podia somar na banda.

"Bom, eu sei tocar violão, guitarra, bateria e um pouco de piano, ah, também sei cantar" o respondi e ele pareceu ficar interessado mais, disse até que o vocal chamaria atenção de quem fizesse o teste. Agradeci mentalmente a minha ex professora de música que toda semana tirava um dia pra me ensinar a cantar e os demais instrumentos.

O homem da ligação me passou um número de inscrição que anotei no meu caderno, segundo o mesmo, em 22 de agosto seria o grandioso dia e que essa audição deveria ser levada a sério. Apenas quem recebeu o número de inscrição estavam na lista, ou seja, apenas os que estavam dentro do perfil que a produtora queria. Fiquei feliz por ter passado por essa primeira etapa, mas quando desliguei o telefone, a minha ficha caiu.

Em meio a meu momento de rebeldia, me inscrevi numa audição musical para a banda Tokio Hotel, uma banda que no máximo eu conhecia 3 músicas.


×

Nem sei quanto tempo que não faço uma fanfic 😭😭 Peço perdão a qualquer erro ortográfico que aparecer no meio.
Quero deixar claro que não irei focar 100% em todos os fatos dos garotos, apenas algumas coisinhas! E também, a história será dividida em momentos de pontos de vista dos personagens, mais frequentemente do Bill e da Alana.
Próximo capítulo sai amanhã, com o pov do Bill, bj. 💪🏼

Garota Nova • BILL KAULITZ Onde histórias criam vida. Descubra agora