two.

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𝐂𝐀𝐒𝐒𝐈𝐄'𝐒 𝐏𝐎𝐕.

— Como seus pais reagiram quando você contou que agora faz parte de uma banda? Certeza que eles devem ter surtado com o fato de que a filhinha deles está cada vez mais longe de entrar em uma faculdade de medicina. — Maxine questionou enquanto estávamos a caminho da escola, dentro do seu carro.

— Simples, eu não contei.

Confesso que revelei essa frase como se não tivesse nenhum peso, a verdade é que por dentro eu estava enlouquecendo.

Faz duas semanas desde que eu oficialmente estou dentro da banda tokio hotel. O nosso empresário teve a brilhante ideia de contar aos fãs sobre a nova integrante em uma entrevista que teríamos na próxima semana. Tudo isso era um sonho realizado, parecia que a qualquer momento meu despertador ia tocar e eu iria acordar, era estranho pensar que era real.

No momento o meu maior problema era contar a verdade aos meus pais. Durante todos os meus dezessete anos eu ouvi que eu iria terminar o colégio e entrar em uma das melhores universidades da Alemanha, estudar e ser uma médica tão brilhante quanto o meu pai, eu não tinha outra opção, era um dever que eu deveria cumprir, mas esse nunca foi o caminho que eu queria seguir.

— O que?! — A loira gritou tão alto que pude ouvir um zumbido em meus ouvidos. — Você está maluca?

— Eu juro que tentei, mas as palavras não saíram da minha boca!

— Cassie Kuster você está morta. — Franzi meu cenho, direcionando o meu olhar a ela. — Nem pense em me olhar assim, você sabe que eu estou certa. Tudo bem se você contasse a eles assim que entrasse na banda, mas os dias só se passaram e daqui a pouco o mundo inteiro vai saber que você é uma nova integrante. E quando eu digo o mundo inteiro, eu incluo os seus pais!

Maxine prosseguiu me dando sermões por todo o caminho e só parou assim que descemos do carro. Me coloquei ao lado dela para entrarmos no colégio, mas logo senti o meu celular vibrar no bolso. O peguei e vi pela barra de notificação que havia uma mensagem de Bill.

"eu sei que está cedo, mas precisamos de você. Pode vir aqui?"

— Maxine, qualquer coisa diga aos professores que eu estou doente. Preciso resolver uma coisinha.

Ouvi a mesma me chamar assim que sai correndo pelas ruas. Eu sabia que era errado, sabia que alguma hora ou outra os meus pais iriam descobrir sobre o meu imenso segredo, mas agora a minha vida estava caminhando do meu jeito e eu não iria deixar ninguém acabar com isso.

— Por que tem livros na sua mão? — Tom questionou a mim assim que pisei na garagem, o mesmo estava de frente para mim com ambas as mãos nos bolsos da sua calça larga. — Calma loirinha, não sabia que só de me ver você ficava ofegante desse jeito.

Revirei os olhos. Eu venho suportado todas as suas provocações a dias e, por mais que eu ignore ou responda no mesmo nível, ele consegue ficar cada dia mais insuportável.

— Por que você não cala a sua boca? — Coloquei as minhas coisas em cima da estante ao meu lado, cruzando os braços assim que voltei a direcionar o meu olhar para o garoto.

— Por que você não vem calar? — Tom esboçou um sorriso de canto, prendendo o piercing que havia em sua boca entre os dentes por milésimos de segundos. Por impulso meu olhar desceu até seus lábios.

Como alguém pode me irritar e me atrair tanto ao mesmo tempo?

— Oii, você veio!

Senti braços me contornarem e me tirarem dos meus pensamentos, me fazendo soltar o ar que eu nem havia percebido que estava preso em meu peito. Bill me abraçou forte como uma forma de cumprimento, ele tinha toda a gentileza que faltava em seu irmão.

— Gustav não pôde vir agora, mas Tom e eu estávamos compondo uma música e queríamos um som além da guitarra para nos ajudar.

— Claro! — Sorri de forma sincera, eu estava me divertindo muito com tudo isso. — O que vocês fizeram até agora?

— Escrevemos uma música em que uma pessoa ama a outra mesmo que isso o machuque. "Não há amor real em você, por que eu continuo te amando?". — Bill cantou uma parte da música para mim e logo entregou o papel onde estava a letra em minhas mãos. 

Cada palavra daquela música era realmente muito tocante e triste ao mesmo tempo. Me perguntei de onde eles tiraram inspiração para aquilo, se fora algo que veio na mente deles ou se algum dos gêmeos havia passado por uma decepção dolorosa. Porém contive a minha curiosidade.

— Uau, isso está realmente muito bom!

— Obrigado, fui eu quem escrevi a maioria. — Meu sorriso se desfez assim que Tom abriu a sua boca. Olhei para o moreno ao seu lado, que deu de ombros para a situação. — Eu não criei nada ainda com a minha guitarra, porque Bill insistiu em ver as suas ideias. Então — Ele se encostou na cadeira, deixando seu corpo de forma largada como sempre faz. — Nos mostre o que você estiver pensando, se é que você tem criatividade para criar algo sozinha.

Nada me irritava mais do que vê-lo me criticar pelo motivo que estou aqui. Preferia fingir que aquilo não me tocava, me recusava a me rebaixar ao nível dele.

Não havia trazido o meu baixo, já que eu saí correndo antes mesmo de pisar dentro do colégio, por sorte, dentro daquela imensa e bagunçada garagem, havia todos os instrumentos que precisávamos e mais um pouco. Me sentei e me deixei levar pelo o que aparecia em meio aos meus pensamentos.

— Nós vamos usar isso. — Bill disse no segundo em que eu terminei de tocar. — Cassie, você é incrível!

Me senti vitoriosa quando percebi o incomodo de Tom ao nosso lado. Seu olhar veio de encontro com o meu, com isso esbocei um sorriso fraco em meus lábios na tentativa de provocá-lo ainda mais.

marlboro nights. ❨ tom kaulitz ❩Onde histórias criam vida. Descubra agora