twenty.

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𝐓𝐎𝐌'𝐒 𝐏𝐎𝐕.

Estranhei ao ouvir a campainha tocar essa hora da noite. Bill havia saído com Gustav e tinha levado as chaves, portanto não era o mesmo. Me levantei com dificuldades, a cama parecia estar me puxando de volta para ela, desci as escadas e abri a porta, franzindo o cenho ao vê-la logo na minha frente com os olhos avermelhados.

— Oi Tom. — Os braços da loira me agarraram e pude sentir seu hálito de bebida, a garota parecia sentir dificuldades para ficar em pé. — Você está sozinho? Onde está Bill? — Suas mãos frias tocaram o meu rosto e seus lábios roçaram nos meus.

Uma preocupação invadiu o meu corpo. Vê-la nesse estado em um momento como esse era preocupante, Cassie não parecia ser do tipo que sai para beber até esquecer o seu próprio nome por pura diversão.

Segurei a garota com força, fechando a porta atrás dela.

— Bill saiu com Gustav, fica tranquila.

— Ah, pobre Gustav. — Senti sua testa encostar em meu peito, eu parecia ter dito algo errado ao citar o nome do garoto. Felizmente não tive que tocar no assunto para que a mesma continuasse falando. — Ele acha que seus pais vivem em rosas Tom, mas eles não vivem.

Vi seus olhos ficarem avermelhados e não por culpa da bebida, mas sim que lágrimas estavam invadindo suas órbes castanhas. Sua expressão me causava medo, queria protegê-la, mas não sabia o que estava lhe causando tanto mal.

— Por que você está assim, linda? — Segurei seu rosto com ambas as minhas mãos e a fiz olhar em meus olhos.

— Nos últimos dois dias minha vida se tornou uma bagunça. — Sua voz era embriagada e suas palavras tropeçavam umas nas outras. — Meu pai me tirou da escola, suas fãs malucas estão me chamando de coisas terríveis, descobri que meus pais só estavam juntos por minha culpa e não por amor, minha mãe traiu o meu pai com o pai de Gustav e o meu pai foi embora de casa sem ao menos se despedir.

A vi soltar o ar que estava preso em seu peito e logo suas lágrimas grossas trilharam o seu rosto. Pude sentir a dor no seu peito e queria que fosse possível transferi-la toda para mim, mas não era, então tudo o que me restava era cuidar de uma garota frágil jogava em meus braços.

Sabia que Cassie era uma pessoa que tomava todas as dores para si e se culpava de coisas que não eram para serem pesos em suas costas. Eu sabia que ela se sentia culpada pela conturbação entre os seus pais e por sua mãe destruir uma família, ainda mais sendo de alguém tão próximo como Gustav. Eu estava tentando processar toda essa situação em minha cabeça, mas toda a minha preocupação no momento era que a loira se sentisse bem, vê-la se desmanchando em meus braços me destruía.

— Você precisa se deitar, Cass. Passa a noite aqui, eu cuido de você, ok? — Ela assentiu enquanto se aninhava em meu abraço, com o meu moletom abafando os seus soluços.

A coloquei em meu colo e, com um pouco de dificuldade, subi as escadas. A garota não estava em condições de fazer isso sozinha, então apenas a coloquei no chão quando chegamos em meu quarto.

— Tom, eu não estou me sentindo muito bem...

Não tive chances de questioná-la o que estava sentindo, quando me virei a mesma correu para o banheiro e se agachou em frente ao vaso sanitário, colocando tudo o que havia dentro de si para fora. Corri até a mesma e segurei seus cabelos com cuidado, sua situação era desastrosa.

— Me desculpe, Tom.

As lágrimas voltaram a trilhar o seu rosto enquanto a mesma dizia suas palavras de perdão, mas ela não teve tempo, o enjoo a tomou conta novamente e a mesma vomitou mais uma vez.

— Não tem problema linda, eu estou aqui com você. — Sussurrei e passei a minha mão vazia pelas suas costas, acariciando a mesma cuidado.

Ela parecia frágil como uma porcelana, apenas queria colocá-la em meu colo e dizer que tudo ia ficar bem, que toda essa dor ia passar logo, mas eu não podia apenas fazer isso, tinha que ser racional.

Confesso que a parte de "suas fãs malucas estão me chamando de coisas terríveis" ficou rodeando os meus pensamentos. Eu tinha certeza que em algum momento isso iria acontecer, que todo esse desastre cairia em cima dela e que tudo seria culpa minha. Eu a avisei uma vez, avisei em meio a grosserias porque tudo o que eu queria era que ela se afastasse, que nunca chegasse perto e que as minhas confusões não a afetasse, mas Cassie não deu ouvidos.

Assim que a mesma colocou tudo o que poderia para fora, me afastei dela, que soltou um grunhido sentindo falta do meu toque. Me direcionei até o chuveiro e o liguei na água fria, talvez isso a deixaria um pouco melhor.

— Vou te ajudar a tirar suas roupas para você poder tomar um banho, ok? — Disse ao me abaixar na sua frente.

A loira me olhou com seus olhos brilhantes, assentindo com a cabeça. A fitei por uns segundos, sentindo um frio na barriga. Ela recorreu a mim em seu pior momento e aquilo acabava comigo, eu amava o sentimento de ser o seu porto seguro, mas eu não podia e saber disso me destruía de pouco a pouco.

Retirei as suas roupas calmamente e, por impulso, deslizei a ponta dos meus dedos pela pele branca de seus braços. Vi a mesma se arrepiar com o meu toque e me aproximei devagar, depositando um selar longo em sua testa com meus olhos fechados.

— Odeio te ver chorar, Cassie. — Sussurrei contra a sua pele.


marlboro nights. ❨ tom kaulitz ❩Onde histórias criam vida. Descubra agora