seven.

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𝐂𝐀𝐒𝐒𝐈𝐄'𝐒 𝐏𝐎𝐕.

Me sentei em uma cadeira que havia na garagem, com meu baixo no colo. Tentei tocar algo, mas nada bom saía. 

Estava cansada, minha cabeça doía e meus olhos ardiam pela quantidade de lágrimas que haviam trilhado o meu rosto no dia anterior. Eu havia passado horas trancada naquele quarto sem tirar o rosto do travesseiro. Ouvir aquelas palavras secas do meu pai conseguiu me machucar no fundo da minha alma, não queria ser uma decepção por apenas fazer o que amo.

— Por que está tão pensativa? — A voz de Tom me fez voltar para a realidade, percebi que estava com o queixo apoiado no instrumento. O mesmo vinha com duas latas de refrigerante sobre as mãos, deixando uma perto de mim.

— Obrigada. — Agradeci pela bebida, mesmo estando com o estômago embrulhado.

— Ainda não respondeu a minha pergunta. — O garoto levou a lata até os lábios, dando um gole generoso na bebida. — Você disse que algumas coisas aconteceram na sua casa. O que aconteceu?

Demorei um pouco para responder a sua pergunta, não tinha certeza se deveria confiar no mesmo, mas no momento ele parecia ser compreensível.

— Eu acho que me tornei uma decepção por ser quem eu quero ser. — Soltei uma risada nasal de forma forçada, apenas me segurando para meus olhos não começarem a queimar novamente. — Eu sempre tento agradar os meus pais, ser o melhor para eles e no momento que eu dou um passo errado tudo desabada.

Virei meu rosto para olhá-lo assim que terminei de falar. Sua expressão era indecifrável, ele não dizia nada, mas não conseguia interpretar seus pensamentos e o seu olhar. Me virei novamente, percebendo que ter dito aquilo havia sido uma perca de tempo, tentei tocar algo novamente, mas como esperado o som saiu desafinado.

— Faz assim. — Tom se aproximou de mim, ficando atrás da minha cadeira. O toque gélido da sua mão na minha fez com que meu corpo se arrepiasse um pouco, o mesmo estava arrumando meus dedos no instrumento. Ele se inclinou e agora seu rosto estava próximo do meu, não hesitei em virar um pouco para olhá-lo de perto.

O garoto fez o mesmo e agora estávamos poucos centímetros de estarmos totalmente colados um ao outro. Vi seu olhar trilhar o caminho até meus lábios e senti um suspiro quente sair da sua boca.

— Tom?

Kaulitz se distanciou na velocidade de um cometa assim que ouvimos a voz de Bill próxima de nós. Provavelmente ele havia chego fazia um tempo que estava procurando o gêmeo.

— Oi! Não sabia que estavam aí. — Abri um sorriso para ele. — Que milagre não terem se matado até agora.

Bill percebeu que eu estava com o instrumento nas mãos e pediu para eu tocar algo para ele cantar. O mesmo estava tão animado que optei por fingir que estava bem, tocando algo que ambos de nós conhecíamos.

Tom saiu da garagem sem dizer uma palavra, estranhei o fato dele ter ficado tão calado após o ocorrido. Aquela situação fora tão estranha, seu rosto perto do meu, seu olhar fixado em meus lábios, a vontade imensa que eu estava de jogá-lo contra a parede desse lugar e beijá-lo com toda a intensidade que havia dentro de mim. Ele me atraia e eu não podia negar isso para mim mesma, no fundo sempre sabemos a verdade e agora ela estava sendo jogada em minha cara.


O pôr-do-sol já havia passado e agora as estrelas cobriam o céu escuro, o moreno havia entrado e fora tomar um banho, cansado de passar a tarde aqui. Eu também estava cansada e precisava voltar para casa com urgência, eu deixei o tempo passar além da conta.

Me levantei e peguei meu celular para ver a hora. 19:00

 — Merda. — Murmurei para mim mesma, andando rapidamente até a saída do lugar.

No caminho encontrei Tom sentado na beira da piscina de sua casa, sua calça estava levantada até seus joelhos e seus pés mergulhavam pela água provavelmente gélida. O observando de costas, vi uma fumaça subir assim que o mesmo inclinou a cabeça trás. Um marlboro estava entre seus lábios.

Me aproximei, ignorando o meu atraso e me sentei ao seu lado. Ele não moveu um músculo sequer, mas eu sabia que o mesmo havia percebido a minha presença. O cigarro voltou para a sua boca e ele o tragou como se sua vida dependesse disso, deixando a fumaça fluir pelo ar mais uma vez.

Deus, como eu queria ser aquele cigarro.

— Você odeia o cheiro dos meus cigarros. — Sua voz rouca chamou a minha atenção, eu sabia que ele queria que eu fosse embora, apenas não conseguia decifrar o motivo.

— Tom...

— Não faça isso. — Ele me cortou. — Nós não vamos conversar sobre isso.

Imediatamente minha mente se tornou um caos, estava tentando me lembrar em que momento eu lhe dei motivos para me tratar de forma banal. No mesmo minuto me recordei dos motivos que ele me deu para odiá-lo, suas palavras insensíveis, era exatamente isso que o descrevia, insensibilidade. E eu, como uma estúpida, caí em seu "papo". Eu sou sensível, esse é o meu problema.

Soltei uma risada nasal de forma irônica, negando com a cabeça ao perceber o que ele estava fazendo. Me levantei e não esperei algum milésimo de segundo para ir embora, me direcionando até a minha casa.




marlboro nights. ❨ tom kaulitz ❩Onde histórias criam vida. Descubra agora