five.

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𝐂𝐀𝐒𝐒𝐈𝐄'𝐒 𝐏𝐎𝐕.

Acordei com a luz refletindo em meus olhos, parecia que haviam fogos de artifício na minha cabeça, a dor era insuportável.

— Bom dia, Bela adormecida. — Virei para o lado e encontrei Bill com o seu melhor sorriso. Como ele poderia estar tão radiante depois de uma festa daquelas? — Tem um remédio para te ajudar caso esteja com dor de cabeça aí do seu lado, ontem você estava louca, imaginei que precisaria.

— Obrigada, Bill. — Ri fraco e me sentei, pegando a cartela de remédios ao meu lado e tomando um comprimido. — Para onde estamos indo? — Questionei quando percebi que estávamos dentro da van em movimento.

— Estamos te levando para casa.

No mesmo segundo percebi na complicação que estava. Já era de manhã e eu não dei um sinal de vida aos meus pais, provavelmente eles iriam me matar assim que eu chegasse em casa. Me levantei em desespero atrás dos meus pertences, tropeçando um pouco para o lado pela tontura que havia me dado.

— Merda, merda, merda! — Disse em um tom de voz alto quando peguei meu celular e ele estava zerado. — Eu estou fodida.

Percebi que Kaulitz me encarava com o cenho franzido, provavelmente confuso.

— Digamos que eu não contei aos meus pais que eu estou na banda, ando faltando as aulas escondido, falei que ia dormir na casa de uma amiga e apareci na televisão para toda a Alemanha ontem. — Soltei o ar preso em meu peito. — O fato de eu estar na banda seria a maior decepção da vida deles.

— Oh meu Deus, Cassie. — Bill se sentou ao meu lado e contornou meus ombros com seu braço, em uma forma de me confortar. — Gostei do jeito rebelde. — Soltei uma risada fraca junto a ele.

— Será que da para vocês dois calarem a boca? Eu estou tentando dormir. — Ouvimos a voz rouca de Tom soar pelo ambiente, Bill o respondeu com um palavrão, o que me fez rir.

Isso me fez lembrar um pouco da noite anterior, eram apenas pequenos flashbacks. As mãos de Tom em um toque forte em minha cintura, seus lábios tocando o meu pescoço, seus olhar preso no meu, seu corpo colado no corpo de outra garota loira. Balancei a minha cabeça no impulso de afastar meus pensamentos, não era hora de pensar nisso, era hora de dar um jeito na bagunça que eu fiz.


Desci do automóvel com o coração acelerado. Tentei ter esperanças de que meus pais ainda estariam dormindo e que eu teria que conversar com eles só mais tarde, mas eu mal sabia que horas eram.

Meu maior medo era decepcioná-los, não queria me tornar um alguém indiferente para eles, não queria estragar a relação que tínhamos. Me magoava saber como o meu futuro planejado era importante para eles, ter um nome bem falado, ser o orgulho, a princesinha da família. Mas quem eles queriam que eu fosse não existe, nunca existiu, apenas fora uma personagem que ambos criaram em suas cabeças e talvez agora fosse a hora certa deles me aceitarem.

Tirei minhas chaves do bolso e abri a porta da frente com o maior cuidado possível, na tentativa de não fazer nenhum barulho, o que fora em vão, já que os dois estavam sentados no sofá da sala.

— Cassie Kuster, o que você pensa que está fazendo? — Ouvi a voz da minha mãe entrar pelos meus ouvidos, o que me fez engolir seco. — Nós vimos tudo, vimos a entrevista, ligamos para a escola para ter certeza de que você esta comparecendo e eles não te vêem pisar dentro daquele lugar faz cinco dias, cinco dias! — Ela se levantou e veio na minha direção, instantaneamente dei um passo para trás. — E agora você está fazendo parte de uma banda?! — A mais velha soltou uma risada debochada.

— Eu sinto...

— Não Cassie, você não sente! — Ela gritou.

Meu pai se levantou do sofá e se direcionou até nós, segurando o braço da minha mãe de forma fraca, apenas para ter certeza de que ela não faria nada.

— Calma, querida. — Ele falou para ela e colocou seus olhos em mim pela primeira vez no dia. — Eu espero que você saiba o quão decepcionados estamos com você, Cassie. Te demos tudo e mesmo assim você preferiu seguir pelo outro lado, mas saiba que isso não vai continuar, saiba que essa sua fase rebelde vai acabar hoje. Você vai sair dessa banda, vai para escola e é da escola para casa, quero seu boletim impecável nas minhas mãos. Não quero ouvir sua voz pelo resto do dia, suba para o seu quarto e arrume suas coisas, está parecendo uma louca com essas roupas e essa maquiagem.

Optei por ficar quieta, já sentindo meus olhos queimarem. Minha mãe poderia gritar e brigar o quanto quisesse, o diálogo calmo do meu pai partiu meu coração em pedaços. Sua voz era de desgosto, ele me olhava com desdém e para mim toda essa situação era tão fútil.

Subi as escadas e me tranquei no meu quarto, afundando meu rosto no travesseiro e soltando todas as lágrimas que guardei até chegar aqui.


marlboro nights. ❨ tom kaulitz ❩Onde histórias criam vida. Descubra agora