twelve.

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𝐂𝐀𝐒𝐒𝐈𝐄'𝐒 𝐏𝐎𝐕.

Eu não contei nada a ninguém. Não que eu tivesse muitas pessoas para contar, muito pelo contrário, mas deixei o assunto de lado quanto a Maxine e, principalmente, Bill. Eu pouco conseguia processar tudo aquilo, sempre que lembrava daquelas palavras saindo dos lábios de Tom sentia um frio na barriga.

O céu era nublado e tudo em volta estava úmido, passei a madrugada em claro ouvindo as trovoadas e as gotículas fortes batendo contra a minha janela. Hoje, durante as aulas, havia comentado com Maxine que passaria a tarde ensaiando com os meninos no estúdio e a mesma insistiu com todas as suas forças para que eu a levasse comigo, perguntei um tanto quanto insegura para Bill se estaria tudo bem se eu fosse acompanhada, ele disse que sim, mas o moreno era tão gentil que eu não sabia distinguir se sua resposta fora forçada ou sincera.

Mas cá estávamos nós, subindo as escadas do local enquanto o sorriso da loira ao meu lado ia de uma orelha a outra. Estava tentando disfarçar a minha ansiedade de ver Tom, não sabia como as coisas estariam, mas sempre que me lembrava da forma como ele queria "apagar o fogo antes que se queimasse por completo" tinha cada vez mais certeza de que ele estaria mais distante que o normal.

— Oi gente. — Os garotos se viraram para nós assim que escutaram a minha voz. — Quero que conheçam a minha melhor amiga, essa é a Maxine. — Apontei para a mesma que olhou para eles com um sorriso sem mostrar seus dentes nos lábios.

— Prazer, sou Gustav. — O mesmo sorriu para a garota, com suas baquetas sobre as mãos. Tive certeza de que ele estava tocando antes mesmo de eu chegar aqui.

— Prazer Gustav!

— Sou Bill. — O moreno se aproximou e esticou a mão para a garota, fazendo o ato formal se tornar informal de alguma forma. 

— Tom! — O outro gêmeo disse em um tom de voz um pouco mais alto, por estar mais distante. O mesmo colocava a correia da sua guitarra em volta do seu corpo, a acomodando sobre si.

Seu olhar caiu sobre mim logo em seguida, o mesmo me observou por milésimos de segundos antes de desviar toda a sua atenção de volta para o instrumento, mas esses milésimos me pareceram uma eternidade. Eu sabia que a tarde ia ser longa.

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Começamos o ensaio assim que nos deram a ordem. Tudo era leve assim que a música passava a soar sobre nós, eles tinham conexão e uma felicidade invadia o meu peito ao saber que fazia parte disso, que me conectava junto a eles. De vez em quando voltava o meu olhar para a garota que nos assistia sentada no sofá, ela parecia estar orgulhosa de mim 

Era a minha vez de cantar losing grip. Respirei fundo antes de soltar a voz que havia dentro de mim, sendo seguida do som da guitarra de Tom, da bateria de Georg e do baixo que havia em minhas mãos. Desviei o meu olhar discretamente para o lado, torcendo para que o garoto de dreads estivesse me olhando da mesma forma que fizera no último ensaio.

Eu queria que ele me olhasse, eu queria que ele demonstrasse o mínimo que fosse, eu queria que ele tornasse aquelas palavras cada vez mais reais e mais fáceis de acreditar. Senti uma pontada de felicidade em meu peito assim que o mesmo retribuiu o olhar, não sabia se o mesmo estava tentando desviá-lo, mas ele prosseguiu ali, esboçando um sorriso fraco na minha direção enquanto sussurrava a letra da música junto a mim.

Eu sabia que isso era uma das poucas coisas que conseguia nos conectar, a música. Sempre que estava tocando e sentia o seu olhar sobre mim, com aquele sorriso de canto nos lábios, tinha vontade de soltar toda a imensidade que havia dentro de mim naquele microfone, queria cantar e tocar com uma intensidade que não sabia se era possível um ser humano transmitir.

Eu queria viver e Tom, sem ao menos se esforçar um pouco, conseguia fazer eu me sentir viva.

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— Vocês arrasaram muito! — Maxine se levantou em um pulo assim que terminamos de tocar. — Meu Deus Bill, aquilo que você fez com o seu cabelo enquanto vocês tocavam ready, set go! — A garota fez um sinal com a sua mão como se estivesse se abanando, o que fez Bill soltar uma gargalhada genuína.

Eu sabia que eles iriam se dar muito bem.

A loira se aproximou de mim e me puxou para um abraço aconchegante. Isso me fez sorrir e fechar os olhos enquanto me encaixava nos seus braços.

— Você é o meu maior orgulho, Cassie. É tão bom poder te ver crescer de pertinho. — Ela disse baixinho perto do meu ouvido.

Aquelas palavras eram tão reconfortantes. Era estranho pensar que nunca ouviria algo tão sincero assim vindo dos meus pais, daqueles que deveriam se orgulhar independente da escolha que eu fizesse para o meu futuro, mas eu tinha Maxine, que me amava com o sentimento de uma família inteira.

— Quero te ver brilhando em cima daquele palco, tá bom? — Ela questionou se separando do abraço e olhando no fundo dos meus olhos. Céus, como eu a amava.

— Tá bom. — Respondi, soltando uma risada baixa logo em seguida.

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marlboro nights. ❨ tom kaulitz ❩Onde histórias criam vida. Descubra agora