eleven.

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𝐂𝐀𝐒𝐒𝐈𝐄'𝐒 𝐏𝐎𝐕.

— Meu Deus Cassie, quando é que você vai beijar esse garoto?! — Maxine gritou, mordendo um pedaço genuíno do seu biscoito de chocolate. — Ele é insuportável, eu admito, mas também posso admitir que é um gostoso. E além de tudo ele te deu a oportunidade de ter uma música só sua na banda, tenho certeza que por trás daquela pedra de gelo tem um coração.

Estava com Maxine no intervalo, escondida no meio das flores que cobriam o jardim do colégio. Havia contado toda a situação com Kaulitz, ela escutava cada palavra com a maior atenção.

Estava sentindo falta da sua presença, de me esconder junto a ela na escola para não sermos incomodadas, de ouvir os seus conselhos e os seus pequenos surtos diários. Confesso que havíamos nos afastado um pouco desde que eu havia entrado na banda, aquilo me deixava um tanto quanto paranoica, a última coisa que eu queria era perde-la.

— Ele é o maior mulherengo, Max. Não sei se quero entrar na imensa lista de mulheres que o Tom já enfiou a língua entre as pernas. — A loira fez cara de nojo ao ouvir o meu diálogo. — Estou mentindo?

— Não. —  Ela deu de ombros. — Mas não sei, não o conheço, mas e se as coisas que Bill disse forem realmente verdadeiras? E se ele realmente gostar de você e estar sempre com um humor diferente por não saber lidar com o que sente? 

— Vocês precisam parar de viajar!

Ela negou com a cabeça enquanto soltava uma risada baixa, mordendo mais um pedaço do seu biscoito. Céus, Maxine e Bill dariam uma ótima dupla.

★ 

Coloquei os pés dentro de casa assim que a chuva em Lípsia começou a piorar, retirei meu moletom um pouco úmido pelas gotículas de água que haviam nele, o pendurando para que pudesse secar.

Subi as escadas em direção ao meu quarto, abrindo a porta e a fechando logo atrás de mim. Retirei os meus tênis com a ajuda dos meus pés e deixei a mochila em um canto logo ao meu lado, caminhando até a cama.

— Porra! — Gritei assim que percebi que não estava sozinha, sentindo meu coração disparar desesperadamente. — O que você está fazendo aqui?

Tom estava deitado em minha cama com um dos meus livros em suas mãos, o mesmo parecia a vontade, com as pernas cruzadas e um sorriso de canto nos lábios. O garoto tirou a literatura de suas mãos e as apoiou em sua cabeça, tocando sua pele na parede do cômodo.

— Você deveria deixar a janela do seu quarto trancada, loira.

Seu tom de voz era brincalhão, ele parecia estar se divertindo enquanto meu coração parecia que iria pular do meu peito.

— Você ainda não respondeu a minha pergunta. — Me aproximei do mesmo com os braços cruzados, o vendo se levantar e caminhar até as minhas estantes com as mãos no bolso. 

— Fiquei pensando em como poderia ser o seu quarto. Estava em dúvida se ele seria cheio de pelúcias ou repleto de pôsteres das bandas de metal que você tanto gosta. — O mesmo deu meia volta, agora com seus olhos castanhos focados em mim. — Confesso que você conseguiu me surpreender com tanta neutralidade, garota.

Meu quarto pouco refletia a minha personalidade. Nunca nem sequer pensei em colar algo em minha parede já pensando nas besteiras que iria ouvir da boca dos meus pais, ou seja, tudo era neutro, as cores não eram vivas, os quadros com fotos familiares na parede não me agradavam. O único motivo do cômodo me trazer conforto era o seu silêncio e a privacidade que eu tinha aqui.

— Mas isso tudo é você ou o que seus pais querem que você seja? — Ele levantou sua mão, apontando para todo o lugar.

Eu não sabia o que se passou em sua cabeça para que o fizesse pular a janela do meu quarto, mas isso era insano, ele era insano, eu pouco sabia os pensamentos que se passavam pela sua mente e a cada dia que passada tudo parecia ficar mais complicado.

— Por que você está aqui? — Questionei pela última vez, com a minha voz saindo como um sussurro.

— Senti sua falta. — Seus passos o trouxeram até mim. — E eu odiei esse sentimento.

Prendi o ar em meu peito por impulso, me sentindo um pouco tonta assim que sua voz rouca confessou algo que eu não estava preparada para ouvir. Por um segundo se passou na minha cabeça a forma como ele conseguia ser bipolar, não sabia se era algo que o garoto forçava ou se sua cabeça era uma grande bagunça, mas sabia que estava começando a fazer parte da zona que era os seus pensamentos.

— Eu não sei o que você faz comigo Cassie, não sei exatamente o que me levou aqui ou o que eu estou sentindo, mas você consegue mexer comigo sem ao menos tentar. — A ponta dos seus dedos tocaram uma mecha dos meus fios loiros, o colocando atrás da minha orelha. Soltei o ar que estava preso em meus pulmões assim que senti o seu toque contra a minha pele.

— Você é confuso. — Confessei.

— Eu sei. — Seus dedos deslizaram pelos meus braços de forma leve, fazendo com que a minha pele se arrepiasse. — É tão fácil fazer você se arrepiar Kuster e eu odeio gostar disso. — Sua mão tocou a minha e Tom entrelaçou nossos dedos, meus olhos não desviavam dos seus, enquanto os mesmos percorriam todo o local em que ele me tocava. — No começo eu tinha certeza de que eu apenas queria te levar para a minha cama, mas naquele dia na garagem da minha casa, naquele dia em que você estava tão sensível que mal conseguia tocar naquilo que você mais ama, naquele dia em que você se sentou ao meu lado horas depois de quase me beijar eu percebi que você era mais do que só uma noite.

Eu não conseguia me mexer, apenas escutava todas as suas palavras soarem pelos meus ouvidos como poesia. Tom era poesia, mas era uma daquelas difíceis de entender.

— Eu não quero sentir isso por você, não quero sentir isso por alguém mais uma vez. — Ele negou com a cabeça enquanto falava, me fazendo franzir o cenho logo em seguida. — Me desculpe por agir como um babaca todos os dias, por te trazer para essa confusão, mas saiba que eu não sou louco. — O garoto riu fraco. — Eu tenho os meus motivos.

O som da porta da frente batendo me desviou da forma como eu estava hipnotizada ao ouvir suas palavras. Meus pais haviam chego em casa e não podiam me ver com Tom no quarto.

— Você consegue me incendiar por dentro garota, mas vou ter que apagar esse fogo antes que eu me queime por completo.

Kaulitz se aproximou e depositou um selar leve no canto dos meus lábios, soltando seu toque quente do meu corpo e abrindo a janela do quarto, pude sentir o vento gélido bater contra o meu corpo, mas eu mal pude me mexer, apenas ouvi a mesma se fechando e assim eu sabia que ele havia ido embora.

Aquilo fora intenso para caralho e eu tinha certeza de que nunca havia ouvido algo assim. Bill estava certo, Tom sentia algo por mim e não sabia lidar com o seu sentimento, mas tudo isso ser comparado com a ardência do fogo e o medo dele se queimar conseguiu tornar meus pensamentos em um só nó. Pelo jeito o seu trauma deixou um vazio enorme em seu peito e o medo de se machucar novamente por simplesmente se apaixonar era maior.

Eu não sabia o que fazer ou como me sentir, mas de uma coisa eu tinha certeza. Eu tenho uma queda por almas profundas e intensas.

— Cassie, estamos em casa! — O grito da minha mãe atrapalhou os meus desvaneios.

★ 

marlboro nights. ❨ tom kaulitz ❩Onde histórias criam vida. Descubra agora