Capítulo 3

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Se passaram dois dias mas não falei, não comi, apenas tomei banho e deixei que me vestissem como quisesse, apesar das jóias e os vestidos não serem vistos por ninguém já que me recusei a sair do quarto.
A comida era trazida por pearl a cada três horas e alternei entrei ignorar ou jogar a bandeja na parede ou na porta.

Era noite e já usava pijama, minhas mãos tremiam e eu sabia que era por causa da falta de comida mas eu não iria ceder, não iria demonstrar nada mais que desprezo ali até onde aguentasse, viva ou não.

Julgava ser nove horas, Pearl estava meia hora atrasada com o jantar considerando que ela veio oito e meia em ponto nos últimos dois dias, mas não importava muito já que não tinha mínima vontade de tocar em nada que me trouxessem.
A maçaneta girou e ouvi ranger da porta, estava deitada de costas a ela mas provavelmente deveria ser Pearl com a comida então não precisava me dar o trabalho de olhar.

- Ele está ficando impaciente, se não comer hoje amanhã ele te obrigará a engolir cada migalha do pão do café da manhã. - A voz soou familiar, mesmo que tenha escutado apenas uma vez.

Me sentei na cama observando Celine colocar a bandeja em cima da mesa empurrando a outra bandeja intocada do café da tarde para o lado. Não usava coroa mas as pedras do colar em seu pescoço eram familiares, as mesmas que eu precisava usar, isso me fazia questionar se era algo que Khaos tinha feito também.

- Que venha então, posso em vez de jogar a bandeja na parede jogar na cara dele. - Bufei sem tirar os olhos dela.

Devagar, como um gato, ela se escorou na mesa observando o quarto em volta. No primeiro dia ela disse praticamente que eu não era nada, e agora estava aqui fingindo se importar.

- Como pode não gostar dele, até rosas ele te deu. - O tom de nojo e ironia eram tão nítidos quanto sua cara de desprezo. - É cruel, é doloroso mas ele na vai te deixar morrer, e se planeja algo contra ele não vai conseguir nada assim, já está sem poderes e agora sem forças até para se levantar, mas pode usar seu cérebro.

Ela pegou o prato em si e entregou para mim. Fiquei observando aquilo, que parecia uma carne assada que fumegava e tinha um ótimo cheiro.
Iria doer comer aquilo, iria me afetar de várias formas mas era uma coisa certa, eu morreria de fome e sentada serviria, ou Khaos me faria comer um pão por dia apenas para me manter viva.

Trêmula peguei o garfo e a faca, milagre poder estar usando aquilo e não uma colher, cortei o a carne levando um pedaço na boca.
O gosto bom durou segundos até que a queimação cortasse tudo.
Celine rápida encheu o copo com água da jarra que ficava na mesa e me entregou, pelo menos a água não estava cheia de resquícios de rosa da meia noite.

Em um gole o copo já estava vazio e meu olhos lacrimejavam ainda, antes de voltar a comer esperei que Celine enchesse o copo de novo e me entregasse, a cada garfada precisava dar um gole na água até que aquela tortura acabasse.

- Vou levar a bandeja de volta com os talheres. - Ela se pronunciou depois de todo silêncio que se estendeu enquanto eu comia. - Pense no que eu te disse, precisa sobreviver.

Aceno devagar. Ela pega a bandeja colocando meu prato agora vazio e os talheres saindo em silêncio do meu quarto.
Me deixei cair de uma vez na cama, o frio não era tão presente no meu corpo já que a minutos atrás eu parecia estar pegando fogo de dentro para fora.

Agora iria ficar acordada até meia noite quando as flores das paredes abriam e pareciam me atacar com navalhas e provavelmente ficar olhando para o teto até o sol aparecer pelas frestas da janela e eu ter coragem de fechar os olhos e me permitir descansar.

Agora iria ficar acordada até meia noite quando as flores das paredes abriam e pareciam me atacar com navalhas e provavelmente ficar olhando para o teto até o sol aparecer pelas frestas da janela e eu ter coragem de fechar os olhos e me permitir d...

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Era quase na hora do almoço quando acordei, a bandeja do café já estava disposta em cima da minha mesa e achei estranho Pearl não ter me acordado cedo.
Como devagar o pão com um copo de água do lado, provavelmente na massa eles colocavam pó das rosas. Isso me fazia pensar mais, a quanto tempo ele estava juntando elas? Flores raras que só abrem durante um minuto, um minuto certeiro, e tantas para colocar no meu quarto, fazer jóias, na comida... Mas Celine também usava as jóias com elas então ele já tinha acesso a isso a muito tempo atrás.

Comi as frutas que pelo menos também não tinham nada que me fizesse querer arrancar os órgãos internos.
Levanto abrindo as cortinas e finalmente notando ali um vestido pendurado no cabideiro, lindo de fato, longo com ombreiras verdes e mangas longas de tule, apenas para estarem ali por que não pareciam ser muito calorosas.
Não tinha coroa, apenas um adorno de pedra circular com correntes, provavelmente prenderia no cabelo.

Fui até perto da porta onde uma Corsa dourada suspendia do teto e puxei duas vezes que em minutos Pearl entrou.

- Bom dia alteza. - Ela fez uma pequena reverência e já foi até a gaveta de jóias das gavetas da mesa do espelho e as separou.

Ela fazia em silêncio e rápida, sempre olhando para baixo, com medo de tudo e eu não a julgava.
Enquanto ela preparava tudo fui até o banheiro parando a frente da pia, o espelho estava tampado por um lenço, eu tinha feito pois não queria ver minha imagem miserável ali.

- Comeu o café hoje alteza, isso é muito bom. - Suspirei pesado em resposta, não sabia exatamente como falar com ela.

Saí me sentando na cadeira e Pearl começou a escovar meus cabelos, devagar e delicada como sempre.

- Pearl, eu posso andar pelo castelo? - perguntei encarando o lenço que tampei o outro espelho do quarto.

- Receio que possa sim, não recebi nenhuma advertência sobre deixar você sair do quarto. - Ela prendeu aquele adorno no meio dos meus cachos escuros e colocou o colar com um único pingente verde e vermelho nele.

- Mas acredito que sair dele não seja o caso...

Ela ficou em silêncio e isso já dizia muito sobre a resposta.
Foi mais algum tempinho antes de finalmente estar pronta. Saí do quarto e logo só guardas da porta se colocaram em alerta, atrás de mim sempre me vigiando e Pearl também estava lá, não me vigiando era óbvio mas estava para me ajudar se precisasse.

- Pearl, tem alguma biblioteca aqui? - Observava como aquele castelo parecia diferente olhando durante o dia e sem estar cega de desespero.

- Temos uma na ala oeste mas receio que pelo horário ele esteja lá...

Parei por uns segundos no corredor, admito que teve humor na forma como todos os três também pararam de uma vez.

- É exatamente o que eu quero.

Seguro forte com as duas mãos a saia do vestido andando mais rápido, Pearl passou na minha frente me guiando em em pouco tempo já estávamos na frente de um grande portal, deveria ter mais de três metros de altura e as portas estavam abertas.

Mesmo convidativo a aquele ambiente me senti receosa, quando dei os primeiros passos até lá parecia fazia até um som de palmas me assustar.

- Querida Melinoe, gostaria de se juntar a mim até a hora do almoço?

Minha cabeça virou, sentado em uma cadeira grande ele estava me observando, com aquele sorriso que parecia doce, e um livro apoiado em seu colo.

Não hesitei, me aproximei deixando os guardas do lado de fora e Pearl também e me sentei no sofá na beira dele, forçando um grande sorriso, um enganador sorriso.

Rainhas não se Apaixonam Onde histórias criam vida. Descubra agora