Rainhas não se Apaixonam

Capítulo 14 - Khaos

A cada minuto, a cada respiração que eu precisava dar enquanto não podia verdadeiramente sentir que Melinoe me amava de alguma forma era corrosivo e tortuoso.

Com certeza meus métodos não foram os mais adequados, nem de longe, mas ela era inalcançável para mim e para todo o resto do mundo.
Não parecia ter fraquezas e não precisava usar sua magia para provar que tinha poder. Apenas erguendo levemente seu queixo e usando a coroa real do Sul ela poderia fazer todos se sentirem impotentes. Mas ali agora aquela camada de grandiosidade estava cedendo, com dificuldade mas estava, mas não do jeito que eu gostaria.

Aquilo que eu fiz a ela...em maior parte foi minha culpa eu sabia, mas aquelas vozes.

Não sabia o quanto tinha doído nela mas com certeza foi uma dor insuportável, por que eu sentia aquela dor também e ver sua expressão, pior do que todos os dias que anteciparam aquele acontecimento.
Já tinha todo o seu desprezo mas ainda, algumas vezes quase que invisíveis ela parecia ceder, mas tinha perdido todas as pequenas rachaduras que eu consegui fazer, agora todas se fecharam de novo com revestimento de aço, estava fadado a ser odiado por ela.

E agora sabendo que tinha feito o pior que podia com ela precisava arrumar uma forma de poder fazer parte do coração dela.

— Você quase a matou.

Esperei um grito estridente, um tapa na cara, uma reação bem mais violenta do que aquela voz dura e baixa de minha irmã, mas em certas ocasiões palavras frias e baixas machucavam muito mais que um tapa na cara, e eu sabia como ela tinha poder de matar com aquelas palavras.

— Eu perdi o controle, eu vou controlar melhor.

Suspirei sentando na cama do meu quarto, parecia que uma tempestade tinha passado por aí e jogado tudo no chão, mas eu não estava diferente de uma tempestade.

— Vai melhorar? Quando? Quando o próximo ataque for fatal para ela?

— Eu vou queimar no inferno muito antes de causar algo assim a ela de novo. – Pois eu com certeza preferia o sofrimento eterno a ser a causa da morte da pessoa que eu amo.

— Como se estivesse fazendo algum bem a ela.

— Por que está se importando tanto? No primeiro dia você a desprezou! 

Celine pareceu respirar fundo, apertava as unhas na palma da mão, com certeza havia algo errado ali, uma raiva meio sem sentido.

— Ela é uma pessoa Khaos, que perdeu seu lugar de direito e não conseguiu se despedir do próprio pai. E foi culpa sua! – Ela se aproximou de mim, podia rachar o chão se colocasse mais forças naqueles passos. — Quer fazer algum bem a ela, deixe-a livre.

Ela não entendia, não podia entender de fato por que não podia fazer aquilo que ela pedia. Meu silêncio foi resposta o suficiente para ela se virar de uma vez bufando e andando em direção a porta.

Quando Celine parou pensei que iria reconsiderar nossa conversa, mas parou a mão na maçaneta e falou sem olhar para trás, ameaçadora.

— Você acha que é o mais poderoso aqui mas deveria se proteger a partir de agora, os piores monstros são criados em uma jaula.