Capítulo 15

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Um dia se passou e nada da resposta de Nerissa e Andreas vir, por mais que a águia que enviou a mensagem voltou, ela voltou vazia.

Aquela sensação horrível que tinha ficado em mim desde a noite que Khaos me atacou estava passando, Amália me ajudava com a maioria da cura, mas era uma ferida interna demais para se curar apenas com magia, mas ela não saia do meu lado apesar de tudo.

Até agora ali, no campo de treinamento vazio se assim podia dizer tirando as formas de Khaos e Felip lutando com espadas.

Celine estava pintando um quadro do jardim, excluindo a imagem dos dois homens lutando, era até engraçado ela ignorando a presença deles.

— Amália tem certeza que eu não posso participar do arco e flecha também? É uma das únicas coisas que são legais de fazer. – Resmunguei olhando para ela. — E literalmente da pra contar em uma mão o que é bom aqui nesse lugar.

Ela riu e negou com a cabeça. Os poucos fio soltos do seu cabelo castanho claro balançaram, estavam trançados e amarrados baixos, como sempre com algum penteado.

— Ela parece ser bem teimosa, acho que não vai desistir.

Celine comentou rindo sem tirar os olhos de sua tela.

— Pois bem, eu também sou bem teimosa.

Amália tinha porte de uma verdadeira princesa. Sentada ereta ali tomando chá conosco, imutável.

— Não me ajudou em nada Celine. – Ela riu, um som melodioso mas que durou segundos, mas a sombra daquele riso ficou estampado em seus lábios.

Em suas ações, aquelas pinceladas pareciam leves, ela parecia leve, aquela mesma energia que ela queria dizer passar a todas a as pessoas e tinha facilidade em fazer isso pelo que podia ver. Ela fazia isso a mais tempo que eu estava ali, então era uma verdadeira peça de teatro e ela a atriz principal.

Ela não deveria estar carregando esse peso desde pequena, devia ser diferente mas alguma hora Celine precisou deixar de viver para sobreviver ali.

Tentei arrastar sem fazer barulho minha cadeira para mais perto dela. Mesmo sentadas uma do lado da outra, Amália, Krissy e Pearl poderiam ouvir e eu não queria isso.

— Como era ser princesa quando mais nova?

O pincel parou no godê misturando o amarelo e um tom de verde terroso, e só voltou a se mexer quando a expressão de Celine estava impossível e seus movimentos leves como antes, falando baixo não querendo levar ninguém a prestar atenção realmente em nós.

— Eu estava satisfeita com o que estava vivendo. Não tinha ambições tão grandes, muito menos governar, estava mais que feliz em deixar isso para meu irmão. – Ela suspirou parando de desenhar por um momento. — Não iria ser obrigada a me casar, era só continuar sendo uma princesa e depois da coroação do Khaos quem sabe eu não fosse viajar, ou morar na cidade das montanhas.

— Mas isso mudou.

— Poderia fechar meus olhos e continuar com esse plano, mas a "doença" assim dizendo do Khaos foi piorando, apesar de todas as ações ruins ele é meu irmão, não posso deixar tantos inimigos acumularem, eles vão mata-lo em algum momento. Eu tenho que dar um fim nisso, e mais ninguém.

Esse fim não significava que ela iria matar ele, tinha convicção o suficiente para afirmar isso, mas se as coisas continuassem extremas não duvido também que ela iria tomar essa escolha, ou eu teria que e tomar.

— Eu tenho um plano, ou parte dele, mas com você na jogada pode mudar tudo.

Não ligava mais pro tamanho do risco que poderia correr, estava disposta a seguir Celine, só era necessário saber se ela também iria me seguir alguma hora.

Ouvi um pigarreio estranho. Krissy estava nos olhando e manejnado a cabeça devagar para a direção do campo de treino. Próximas demais nós estávamos então me afastei.

— Ah, você tem as mãos muito habilidosas! – Desviei rapidamente o assunto apontando para o quadro quase pronto.

Ela riu, de novo só por mais tempo, tampando a boca com a mão que segurava o pincel e manchando a bochecha de tinta.

— Você não faz ideia do quão habilidosas elas são.

Amália começou a tossir. Tinha engasgada com o chá e olhava com os olhos arregalados para Celine que permanecia serena pintando seu quadro.

Se eu estivesse bebendo com certeza teria uma reação parecida ou até pior. Como ela tinha falado uma coisa dessa tão abertamente? Celine pode ter tido a intenção de falar várias coisas com aquilo, mas eu e Amália com certeza tínhamos levado ao mesmo caminho.

— Aqui a água senhorita Amália. – Krissy deu a ela um copo e deu batidas leves nas costas da mulher, lançando um nada discreto olhar severo para Celine, o qual eu mesma me encolhi.

— Não, tudo bem Krissy. Eu vou, eh, pegar outros doces lá na cozinha.

Ela se levantou rápido da cadeira, contra os protestos de Pearl e sumiu dentro do castelo.

— Muito sutil a brincadeira Celine.

Comentei me levantando também mas pegando um caminho contrário. Não tinha coragem agora de ficar cara a cara com Amália, ficar na beira de Krissy e Pearl e principalmente da Celine.

— Pensei que Amália te mandou ficar de repouso Melinoe. – Khaos parou a luta no instante em que cheguei perto dos dois.

— Não tem muito local de fala já que você é a causa de eu precisar de repouso.

— Como consegue estar sempre errado Khaos. – Sir. Felip comentou fazendo o homem a sua frente o olhar, claramente surpreso e indignado.

Felip deu de ombros e me entregou uma adaga, menor do que as usais.

— Ela já sabe até onde pode forçar seus limites, não é senhorita? – Concordei rindo pegando a adaga. — Já lançou adagas senhorita Melinoe?

— Apenas Melinoe por favor, e não, nunca fiz isso. – Sorri irônica deixando os olhos vidrados em Khaos. — É perigoso eu errar o alvo.

Ele ergueu as sombrancelhas e sorriu de volta, um claro desafios mim seu teria coragem de fazer o que tinha ameaçado. Eu com certeza estava disposta.

— Vossa majestade! – Um homem veio correndo pelo gramado cortando a batalha de olhares que eu travava e chamando a nossa atenção, e de Celine também. — Chegou uma carta, o remetente é a senhorita Nerissa.

Deixei a adaga na mão de Felip e andei ao lado de Khaos quando ele pegou o papel da mão do mensageiro e a abriu sem cuidado.

— Eles aceitaram? – Celine me assustou chegando por trás de mim me fazendo dar um passo para o lado.

— Já iriam sair quando mandaram essa carta, provável que estejam a caminho. – Ele não parecia tão contente mas suspirou dando o papel a Celine. — Melinoe vamos conversar em como vai acontecer essa visita ok? Celine limpe essa tinta do rosto, parece uma criança.

Ele saiu na nossa frente.
Celine passou a mão na bochecha e pareceu piorar a situação então dei meu lenço a ela e suspirei andando atrás de Khaos.

Rainhas não se Apaixonam Onde histórias criam vida. Descubra agora