Capítulo 20

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A flor era inconfundível. Única. Seu nome era cravo púrpura. Suas pétalas eram semelhantes a um tecido chanfrado e suas bordas roxas escuras. Linda de encher os olhos e desejar, uma das flores mais belas.

Mortal.

Era um risco alto demais que estava disposta a correr, e Celine também sabia disso pelo tanto que se relutou a conseguir a flor para mim.
Nossa conversa me trouxe tantos sentimentos a tona que tinha medo de desmoronar ali mesmo, sem chance de conseguir ser reconstruída, mas ali parecia que nenhuma rachadura era grande demais que Celine não conseguisse me ajudar a concertar.

Fazia dois dias que Nerissa e Andreas tinham vindo, não fora de toda ruim confesso, se não contar a parte que eu tive o surto e sentido tanta dor e desconforto.

Celine tinha saído ontem de manhã para a cidade na montanha, Khaos nem pareceu ligar muito enquanto conversava comigo e tomávamos café da manhã juntos, provável que nem deve ter escutado os motivos que Celine estava saindo. Que os mantimentos de invernos estavam ruins e algumas casas sofreram com a nevasca que aconteceu na noite passada.
Ah, agora tinha neve em volta do castelo e apesar de odiar estar aqui não podia negar que o Norte ficava lindo com a neve.

A todo momento tentava me ocupar com algo para esconder a ansiedade que estava, tudo dependia se Celine iria conseguir a flor ou não, mas eu tinha fé que ela conseguiria.

O escritório do Khaos era aconchegante com a lareira funcionando com toda força. Ele estava sentado na poltrona a frente da minha e uma bandeja com chá e biscoitos amanteigados estavam dispostos em uma pequena mesa no meio de nós.
Poderíamos até parecer casados.

Teve um momento em que se não me concentrasse tanto na companhia dele não era tão insuportável, mas ainda sim me causava um nó no estômago difícil de digerir.

Meu livro já não me distraía tanto quanto no início, uma história de suspense mas que eu descobri o que acontecia logo no meio, o que me deixou entediada deixando ele de lado e focando o olhar no homem a minha frente.

Seu cenho estava franzido enquanto lia um papel na mão esquerda e com a direita segurava uma caneta preta com força, dava pra ver os nodolos ficando branco.

Ele me pegou na hora que estava encarando sua expressão de novo e sorriu, e também mentiria se falasse que Khaos não era bonito, por que era.

— Quer alguma coisa? Talvez aumentar o fogo da lareira? – os papéis foram abaixados para o seu colo e ele ficou totalmente em mim.

Eu precisava no fim de tudo manter seu foco em mim, agora sabia mais que tudo que eu poderia me tornar uma fraqueza cada vez maior para ele e tinha que aproveitar essa situação.

— Não, está bom nessa temperatura, é só que meu livro ficou chato. – Dei de ombros pegando a xícara na minha frente e tomando um pouco do chá. — O que são todos esses papéis?

— Com essa neve repentina que chegou é preciso verificar o estoque e a colheita feita nesses meses, além da compra de materiais também, isso já é padrão do norte.

— Essas instabilidades do clima vem e vão?

— Sim, o povo já se acostumou, e a neve não é nem uma inimiga mais, invernos são rigorosos no norte e isso faz todos pegarem o jeito com o clima.

Não era apenas o norte que tinha esse clima instável, o Oeste também sofria um pouco, as temperaturas aumentando de uma vez.

— Gosta de neve Melinoe?

— Não que eu seja tão acostumada a sair em dias nevados, mas tenho uma empatia por ela, frio é bom.

— Que tal um passeio lá fora então? Estava evitando por receio de você ficar doente subitamente igual aconteceu a lgum tempo, mas acho que não vai acontecer né. – Ele se levantou colocando os papéis em cima da mesa e se voltou para mim de novo. — Além de que temos a melhor curandeira disponível a qualquer momento

Rainhas não se Apaixonam Onde histórias criam vida. Descubra agora