Capítulo 6

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Tudo parecia pacífico, pelo menos para uma falsa prisão qu eu estava vivenciando ali naquele lugar, enorme mas que parecia me sufocar cada dia mais.

O livro que achei a alguns dias atrás estava agora guardado embaixo da cama, entre ela e a sustentação de madeira escura, não queria que as empregadas vissem, por que na minha visão era uma coisa bem suspeita.
Ainda tentava entender o que tinha nele e as noites lia algumas páginas, mas era nada mais do que explicações sobre pessoas como eu e aquela escrita em uma língua que eu não conhecia ainda me intrigava mas eu não sabia por onde começar para achar uma resposta.

A luz estava mais opaca hoje, estava nublado do lado de fora, as nuvens estavam escuras mas isso não impediu de pequenos raios de sol transpassarem e iluminarem um pouco a biblioteca.

De alguma forma tudo parecia mais sombrio como o clima lá fora, os criados em silêncio, os guardas, até os pássaros pareciam lamentar algo que eu não compreendia.
O livro no meu colo já se tornava chato, de repente uma história sobre magia antiga não era tão chamativa pra mim como era antes. Suspirei o jogando de lado e passando a mão no rosto frustrada, e ainda conseguia sentir o peso da coroa que fora escolhida para mim usar hoje, que não queria, não era nada como as que eu tinha em casa, que não me fazia pensar a cabeça.

— Senhorita! – Pearl tinha saído a alguns minutos e voltou ofegante como se viesse correndo de onde estava. — Sua alteza.

— Calma Pearl, respire. O que Khaos quer? – Falei calma me levantando já tensa.

— Ele está te chamando no escritório dele, parece que uma carta do seu reino chegou aqui.

Ela não precisou deixei mais nada e eu já estava correndo pelos corredores, os guardas estavam em meu encalço mas não precisam querer me parar, apenas não me deixar sozinha como era seu dever.
Minha cabeça já funcionava com um monte de possibilidades,uma ameaça, um acordo de resgate, meu pai...

O pensamento me fez parar a frente das duas grandes portas do escritório, se tivesse acontecido algo com meu pai, o reino estaria praticamente sozinho.

Abri as portas sem bater, sem esperar uma confirmação, ninguém ali merecia uma gentileza minha principalmente o Khaos.
Ele estava sentado em uma cadeira com acolchoado vermelho e um homem, deveria ser um pouco mais velho que eu, estava parado ao seu lado conversando algo e pararam no instante em que entrei.

— Pode voltar ao seu trabalho Matteo, eu preciso conversar com a princesa. – Matteo como ele havia o chamado fez uma reverência e saiu dando um olhar rápido para mim antes de sair e fechar as portas. — Como vai Melinoe?

— Me mostre! – Elevei um pouco o tom de voz e me aproximei colocando as duas mãos na mesa. — Me mostre a carta.

— Acho melhor você se sentar, vou pedir para trazer algo para comer.

— Não quero a porcaria da sua comida! Me mostre a carta.

Ele suspirou pegando o papel dobrado e me entregando. Me analisou bem enquanto eu lia a carta e minhas pernas pareciam ceder aos poucos.

Sua alteza.
Suas atitudes estão propensas a permitir uma proclamação de guerra contra sua nação.
Exigimos a volta da princesa regente Melinoe para seu próprio reino ou as consequências serão na proporção de suas decisões diplomáticas.

A próxima linha me fez prender a respiração, meus olhos arderam e escutei a cadeira se arrastar.

Com a morte do rei Gerald a presença da princesa é desesperadora, os conselheiros...

Não terminei de ler e duas mãos me seguraram pelos cotovelos, por mais repulsa que podia sentir não tinha força o suficiente para me desvelhenciar dele. Apesar da dor, apesar do choque não conseguia chorar.

Rainhas não se Apaixonam Onde histórias criam vida. Descubra agora