Capítulo 18

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Eu tentei não fazer barulho, Krissy com certeza deveria achar que eu estava tendo uma crise de raiva ou qualquer coisa já que o barulho de coisas caindo e quebrando se fez presente durante toda a madrugada.
Não consegui dormir nenhum segundo se quer, tentando até achar um buraco, uma falha em qualquer lugar onde aquele livro poderia ter ido parar.
Mas aí ele teria magicamente ido pra lá? Não, tinham pego, eu estava sendo consumida pelo desespero.

Precisei esperar o momento certo para sair dali, desesperada ou não não podia esperar mais para avisar Celine. Ela iria ficar decepcionada, com raiva, isso me deixava com mais medo do que ter perdido meu livro pois poderia perder ela também.

Minha cabeça dóia, meu corpo parecia entorpecido mas ao mesmo tempo sentia uma grande dor. O coração estava prestes a explodir como se fosse uma lâmpada com sobrecarga de combustível, ou iria parar me deixando sem ar.

Inesperadamente o café demorou um pouco mais que o habitual para ser servido, talvez por eu ter dormido tarde Pearl deve ter imaginado que eu não acordaria tão cedo, isso significa que Krissy não contou a ninguém sobre o que eu estava fazendo.

A luz do sol começou a se fortalecer me levando a olhar pela janela, duas figuras andavam pelo jardim e aquele vestido preto era inconfundível. Celine segurava um guarda sol para Nerissa que andava devagar com um sorriso triste no rosto enquanto alisava sua barriga por cima do vestido rosa claro.
Estavam ali, tão perto de mim mas tão intocáveis ao mesmo tempo.

A fechadura da porta fez um barulho, a porta estava abrindo e aquela era a minha chance.

— Bom dia senhorita...Melinoe. – As palavras morreram na boca de Pearl quando viu o quarto naquele estado.

— Me desculpe Pearl. – Ela não teve tempo de reagir antes de eu precisar usar as forças esgotaveis que eu tinha para correr passando por ela e pela porta.

Os dedos de Krissy roçaram no meu braço tentando me parar mas eu não podia, não agora que já tinha tomado a atitude, uma atitude compulsiva mas ainda sim era uma atitude.

O piso estava frio e meus pés começavam a doer, tão rápidos, tão fracos como eu.
Quem olhava aquela cena se surpreendia tempo o suficiente para não conseguir reagir mas aos poucos o barulhos de passos rápidos me seguindo foram surgindo e fazendo eco pelo corredor.

Ainda não.

A porta do jardim de treino dos fundos foi escancarada por mim, não estava cheio, mas não consegui prestar tanta atenção em quem estava lá pois precisava correr.
Agora via como essa decisão toda foi estúpida ao extremo, mas eu estava numa situação extrema, as consciência pesada veio tarde demais para gritar como eu era burra.

Mas as duas estavam na minha a minha frente, agora perto e alcançável.
A comoção foi ouvida primeiro por Celine que se virou com os olhos arregalados.

— Desculpa. – Foi a primeira palavra audível que saiu da minha boca.

Meu corpo se chocou com o dela que rondou meu tronco com os braços me empedindo de cair.

— Melinoe o que aconteceu? – Nerissa pegou o guarda sol da mão da Celine enquanto me olhava aflita.

— Eu perdi, ele sumiu.

— O que?

Em meio a minha respiração descompassada Celine não tinha dito nada e apenas me analisava com aquelas orbes negras.

Krissy chegou chamando alto meu nome com mais três guardas no seu encalço.
A atenção de Celine foi desviada para eles apenas por alguém segundos antes de apertar seus braços com mais força em volta da minha cintura.

— Está queimando em febre Melinoe, está delirando. – Mentira.

— Melinoe! – Khaos chegou correndo com Andreas. A situação estava ruim, muito ruim.

— Irmão ela está fervendo, a febre deve estar muito alta, começou a afetar sua percepção de realidade.

Ele se aproximou colocando a mão na minha testa. Pensei que ali iria tudo por água a baixo mas sua expressão ficou estática como uma pedra. Eu realmente estava queimando.

— Chame Amália. – A ordem foi alta e clara para Krissy que correu, isso não empediu de ele ainda gritar ordens para os outros guardas ali.

— Está com Andreas. – Celine sussurrou no meu ouvido fazendo meus olhos arregalaram. A dor parecia sair devagar no meu peito, ela sabia o que estava acontecendo. — Está tudo bem, eu consegui, nós conseguimos.

Seu rosto ainda estava aflito, sem uma boa emoção que seria o significado daquilo, mas eu sabia que precisava levar aquela sensação de dor para frente, ela tinha conseguido.

Khaos se aproximou me tirando dos braços da irmã e me segurando no colo. Agora me permitia fechar os olhos, me permiti respirar devagar.

Ontem quando Celine ficou bêbada, não, quando fingiu estar daquele jeito. Aquele olhar quando estava saindo da sala queria me dizer isso, que estava tudo bem, que ela estava no controle.
E mesmo no colo do inimigo, da pessoa que eu estava fazendo de tudo para destruir eu me permiti escorar a cabeça em seu peito, descansar enquanto escutava seu coração batendo rápido e imaginando como o faria parar de bater.

Rainhas não se Apaixonam Onde histórias criam vida. Descubra agora