Tinha criado uma rotina monótona, como se já estivesse acomodada ali mas não podia ser mais diferente.
Tomava o café da manhã sozinha no quarto, andava pelos corredores, lia um livro de histórias fantasiosas, almoçava com Khaos e as vezes Celine participava, tarde e noite era mesma coisa que a manhã.Agora estava caminhando no segundo andar da biblioteca, era enorme e me pergunto se leram pelo menos um terço de tudo que tem aqui, tem livros raros que matariam para ter e parecem ser usados para apenas preencher as prateleiras.
Tinha uma prateleira separada, com uma madeira diferente e parecia mais antiga escorada ali naquele canto escuro.Os livros ali eram os mais antigos como aparentavam ser, história sobre as nações mágicas, guerras, a divisão dos reinos, os nossos poderes...
Separados por categorias, os Hadrias, abençoados com poderes das sombras, a família do Khaos detinha esse poder. Inlas, como eu conseguiam controlar a natureza a seu favor.
Existem vários outros abençoados pelos deuses antigos, os quais com tanto tempo esquecemos os nomes e só temos em livros, deveríamos os adorar mas mal sabíamos seus nomes. Isla era o nome da deusa que a milhares de anos atrás usou de seu poder natural para ajudar as pessoas que sofriam na guerra e os abençoou, eu sabia o nome de quem me deu esses poderes mas nunca a adorei.
Acquas, kalamas, alims...Muitos mais que alteram de maior a menor poder.Passei os dedos pelas lombadas diversas dos livros até que parei em um que me arranhou a ponta do anelar.
Tinha um ferro em forma de espinho na lombada, "Inlas – Da deusa Isla", o por que tinha um adorno tão diferente em sua lombada me fez ficar curiosa.
Peguei o livro o foleando tendo as pequenas partículas de poeira voando para cima. Na capa tinha uma rosa...a rosa da meia noite que parecia quase viva se não fosse uma ilustração. Aberto, na primeira folha uma assinatura desgastada estava ali, e uma dedicatória, "Minha princesa, para que nunca sofra após a primeira meia noite". Com certeza não era da Khaos, ou de sua família, ou de alguém daquele milênio a julgar pelo seu estado.O abracei comigo saindo daquele canto mais escuro e descendo o andar da biblioteca rápido para sair de lá, não queria o risco de encontrar Khaos que não fosse no almoço ou no jantar que já tinha o desprazer suficiente de sua companhia.
Segurei a barra da saia do vestido verde e saí de lá com Pearl e os guardas no meu encalço, pelo menos dentro do meu quarto eles não me olhavam o tempo todo e eu teria um pequeno momento de paz para ler sozinha.— Pearl pode me chamar quando o almoço estiver sendo servido?
— Claro senhorita Melinoe.
Em uma pequena reverência foi deixada a porta do meu quarto o qual entrei e fechei a porta já arrancando aqueles sapatos e me deitando a cama.
Agora abrira o livro nas páginas onde começava a escrita.
"Inlas classificados com poderes impróprios tem as habilidades de controlar e conjurar qualquer elemento natural.
• Água
• Terra
• Vento
• Fogo
• Plantas
E os outros deuses que apoderavam-se desses elementos isolados se sentiam deslocados a tamanho poder..."Já sabia a maioria daquilo. Folheei as páginas passando os olhos brevemente, coisas comuns sobre meus poderes até parar cinco páginas antes do fim formas diferentes tomaram o papel, uma escrita totalmente estranha que eu não sabia a tradução.
— Maravilha lidar com essa língua de mil anos atrás. – Resmunguei abrindo até a última página passando pelas letras deformadas.
"A meia noite todos os poderes de todos os deuses se alinham e se conformam, é nesta hora que deves criar um fim para isso."
Meia noite, meia noite, por que essas malditas palavras me perseguem, criar um fim? A meia noite?
Todos os poderes se conformam seria que eles somem? Como se todos os deuses fossem iguais por apenas um minuto...sem magia.
A rosa da meia noite nas cantigas tinha sido criada pelos próprios deuses, mas e se não? Se um Inla tivesse criado como aparenta aqui pois um deus não teria um mísero livro do mundo terreno.
Ou talvez minha convivência com essas planta está me fazendo delirar como uma forma a mais de tortura.Ninguém dizia uma palavra no almoço e eu me contentava em comer e beber água.
Os primeiros talheres a parar de bater como sempre foram os de Celine que saiu em silêncio a passos fortes. Pude ouvir um suspiro vindo de Khaos, a dinâmica deles não parecia das melhores, principalmente comigo ali. Ele abaixou os talheres e se levantou se aproximando de mim, não fiz um minino movimento e apenas olhei para frente segurando minha taça com água.— Pode me acompanhar por um tempo? Vou te mostrar uma coisa. – Ele estendeu a mão enluvada e ponderei por segundos, podia sair em silêncio mas aquilo não seria benéfico para mim.
— Claro. – Com receio aceitei sua mão e me levantei tendo agora seu braço enroscado no meu e um frio na barriga tomando conta cada vez mais.
Os guardas e Pearl andavam mais atrás de nós dois que seguiamos pelo corredor.
Foi um caminho curto mas que na companhia de Khaos parecia demorar décadas, que me fazia suar frio e sentir isso na espinha.— Eu consegui o melhor para você. – Ele disse me assustando quando parou em frente a duas portas e as abriu dando espaço para que eu entrasse.
A sala com paredes claras e vidraças cor de areia tinha um ar aconchegante, a luz era linda ali iluminando tudo, dos sofás e a lareira até...o grande piano branco que estava um pouco menos ao centro da sala.
Me aproximei observando seus detalhes, parecia brilhar a luz e passar uma sensação mágica.— Ele é realmente muito lindo. – Falei esboçando um sorriso para ele.
— Pode tocar alguma música para mim? – Ele me olhava esperançoso e com medo eu cedi me sentando no banco e ajeitando minha saia.
Ele se sentou em um sofá ao lado.
Pensei muito olhando aquelas teclas antes de encostar as mãos nelas, uma melodia alegre começar a tocar, até ficar lenta demais. Era uma música que minha mãe tocava e cantava, poderia ter um ritmo alegre mas sua letra era fúnebre, "Bela Fúria Mortal" , falando sobre a vingança de sua própria morte em um local vazio, sozinha, era complexa mas eu sabia o que significava, Khaos poderia descobrir com o tempo como a raiva podia matar.
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Rainhas não se Apaixonam
FantasiaMelinoe seria coroada rainha do reino do sul das terras pertencentes as criaturas mágicas mas ganhou o título de rainha de uma forma inusitada que não queria. Dentro do palácio escuro e frio do reino do norte, governado por um líder que todos julga...