XXVII.

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"🔬🧫
𝙴.𝚆."

Minha cabeça doía, igualmente como os membros do meu corpo. Minha cama parecia a nuvem mais deliciosa do mundo, mas agora, ao acordar, pedras foram substituídas.

Me sentei sentindo minha cabeça girar confusa, enquanto meus olhos se acostumavam com a claridade ao redor. Eu ainda estava exatamente com a roupa de ontem, minha calça jeans com minha blusa, mas agora amassados como meu rosto e cabelo.

Algo me surpreendeu, escutei barulhos vindo da cozinha, um barulho de pratos batendo me assustou. Tentei me levantar sentindo meus músculos duros e cansados, a cabeça girando, me levantei rápido de mais e me apoiei na pequena mesa ao lado da minha cama o que me fez sem querer derrubar meu celular no chão.

Depois de ter abaixado para pega-lo, me deparei com uma figura encostada no batente de minha porta. O mesmo homem de cabelo castanhos e a cicatriz na bochecha com a barba rala que estava acostumada a ver.

- Bom dia minha querida - sorriu me vendo confusa

- O que caralhos você tá fazendo aqui? - minha voz saiu rouca e baixa

- Te trouxe da festa

Um pensamento invadiu minha cabeça com a possibilidade de alguma coisa ter acontecido. O tentei tirar de minha cabeça, mas a possibilidade continuava a existir e com quase todas as provas na minha cara.

- A gente transou? - soltei com o peso em meu ombro

- Não! - soltou com uma gargalhada e eu me joguei de costas na cama aliviada

- Que susto!

- Por que? Não gostaria - ele se sentou na ponta da cama. Visto que não o respondi perante minha vergonha por todo o meu corpo, prosseguiu: - Toma, pega isso.

Me sentei novamente e o vi com uma caneca com algum chá e um pão com requeijão que não havia percebido antes. Ele o ofereceu com um sorriso sem dentes e uma feição calma e tranquila. O aceitei em silêncio, tomando o chá e o pão, não havia percebido que estava com fome, mas a comida desceu perfeitamente.

- O que você tá fazendo aqui, afinal? - perguntei com a boca ainda cheia de pão

- Cuidando de você - seu olhar penetrou o meu

- Eu não preciso de ajuda

- Ontem me dizia outra coisa - fechei os olhos perante a vergonha e continuei a comer com olhos baixos

Deixei a caneca ao lado da minha cama e me levantei em busca de um remédio. Olhei em minha gaveta onde guardo os remédios que preciso e achei um para dor de cabeça.

- Olha Thiago... - falei de costas para ele - Sobre ontem...

Sou interrompida pelo celular de Thiago que tocou no bolso do mesmo, ele sussurrou algo como "posso" e balancei a cabeça concordando.

- Thiago! - escutei uma voz que reconhecia vindo do telefone enquanto Thiago saia do quarto

- Fala pirralho - o Fritz mais velho respondeu com uma das mãos na orelha com o que o telefone fala - O papai não tá ai? - ele esperou a resposta do irmão - Você já é grande, espera, tô resolvendo uns problemas - Thiago franziu o cenho com a resposta - Você vai sair com quem? Que horas? - ele coçou os olhos - Antes do meio dia tô ai - E desligou.

Ao se virar ele me encarou o observando, apoiada na cômoda com as roupas de sair amassadas e a cara inchada. Ele sorriu o vendo encarar, mas continuei seria, ele se aproximou e se sentou na cama me encarando. Em silêncio me sentei ao seu lado mexendo em minhas unhas por fazer e meus pés descalços frios.

Senti o olhar de Thiago me encarar, mas não ousei o olhar. Refleti sobre o que aconteceu ontem, resgatar algumas memórias, meu beijo com Thiago, a sensação de sua mão em minha cintura e todo meu corpo, seus lábios macios nos meus, e seu sorriso depois disso.

- Preciso ir embora daqui a pouco - Ele sussurrou

- Tudo bem - levantei meu olhar para a janela do meu quarto

- Conheci a sua casa - Soltou uma risada

- Conheceu - ri junto - Obrigada por cuidar de mim - disse o olhando depois de um longo silêncio

- Nada, tô sempre aqui

- Vai amanhã pra Stanford? - seus olhos encontraram os meus

- É meu penúltimo dia lá - ele deu um sorriso pressionando os lábios

- O que? - questionei

- É, vai ter que me aproveitar antes que pare de me ver todo dia - ele sorriu galanteador

- Idiota - Ri o empurrando e ele se jogou na cama de costas, o acompanhei

Ficamos ambos em um silêncio confortável, olhando meu teto branco sem graça.

- Você fica bonita de jaleco - sua voz quase não fez som

- Sério? - tentei ignorar minha vergonha nova

- Uhum - murmurou e se deitou de lado pra perto de mim. Encostou sua cabeça no meu ombro, com sua respiração perto de meu pescoço, tentei disfarçar meu corpo arrepiado, mas foi em vão, sua risada invadiu meus ouvidos, e logo em seguida um beijo em minha bochecha - Preciso ir - se levantou

Meu corpo ficou imóvel, digerindo nossa proximidade e seu beijo em minha bochecha, meu corpo podia claramente ser confundido com um fogueira gigante, com meu corpo vermelho e suado, e a minha cabeça com um novelo de lã, com meus sentimentos confusos.

- Tudo bem - dei um sorriso falso

O acompanhei até a porta de meu apartamento, a abri e fiz um aceno para que ele ficasse à vontade.

Thiago me encarou, e eu encarei Thiago. Ficamos com um sorriso nos encarando por alguns longos minutos, então ele deu um passo à frente. Fritz tocou minha bochecha e olhou meus olhos, abriu um sorriso com um pedido de permissão, então, seus lábios tocaram os meus rapidamente, um selinho breve, e então, saiu.

Continua...

Oi sumidos 😨❤️

𝗔𝗺𝗼𝗿 𝗲𝗺 𝗕𝗶𝗼𝗹𝗼𝗴𝗶𝗮 - 𝗟𝗶𝘇𝗮𝗴𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora