𝗔𝗺𝗼𝗿 𝗲𝗺 𝗕𝗶𝗼𝗹𝗼𝗴𝗶𝗮 - 𝗟𝗶𝘇𝗮𝗴𝗼

X.

"🗞️🚬
𝚃.𝙵."

- Kaiser, você perece... - tentei pensar em algo - Não tenho ideia

Olhei para Kaiser jogando no chão tentando tirar uma foto que pegasse da grama até o final do prédio. Eu e ele resolvemos vir cedo para Stanford para tirar fotos sem alunos, Kaiser sempre brigava comigo quando eu falava pra ele tirar enquanto fazíamos a matéria. A matéria estava quase pronta, mas faltava um detalhe. Um detalhe que eu não entendi porque faltava, mas faltava.

- Me deixa, insuportável - ele disse e escutei o clique de sua câmera

Comecei a olhar em volta da universidade e vi uma garota de cabelos pretos sentada de costas para mim enquanto mexia em seu laptop e escrevia algo em seu caderno. Era muito cedo para alguém estar na Stanford estudando, então, só uma pessoa venho na minha cabeça...

- Acho que vou te deixar sim - atirei minha mochila ao lado de Kaiser

- O que? Thiago! - ele tentou me chamar mas o ignorei

Fui em direção a mesa de madeira que a garota estava sentada. Após eu me aproximei pude confirmar minha teoria, Elizabeth estava debruçada com fones de ouvido vendo algo no computador e anotando no caderno. Me sentei ao seu lado e fiquei a encarando, ela não percebeu em que estava sentado ali, mas fiquei o encarando. A pele branca de Webber mostrava cada detalhezinho de seu rosto a mostra, sua pintinha fazia contraste com a pele branca junto com seu cabelo. Seus olhos focados e rápidos alternavam entre o computador e o caderno rapidamente, sua íris castanha-escura refletia a cor do documento branco do computador.

Me aproximei da garota e tirei seu fone, ela não ligou e os colocou de novo. Novamente eu tirei os fones, mas dessa vez com certa brutalidade e a vez olhar assustada, ela deu um pulo na cadeira e deu um gritinho colocando as mãos na boca com susto.

- Que susto seu filho da puta! - ela gritou e começou a me bater com tapas fortes

- Calma surtadinha - disse segurando seus braços, após segura-los ela me encarou, senti coisas estranhas passar nos olhos dela e no meu estômago, ri vendo ela tirar com forças os braços, deixei

- Sai daqui - ela me empurrou com uma mão voltando a olhar o notebook

- Não saio

- Sai Thiago! - ela gritou me empurrando com força

Ela me olhou com um olhar com raiva esperando sair. Não sai e fiquei sorrindo a observando, ela bufou me ignorando voltando a anotar algo no caderno.

- Tá fazendo o que? - disse pegando uma caneta jogada na mesa e ela a tirou de minha mão, peguei outra e desenhei uma 'pica em seu caderno

- Thiago! - ela gritou - Tô estudando minha pesquisa seu idiota, babaca, insuportável!

- Aquela que você não me contou?

- Sim

- Me conta agora - coloquei meu cotovelo na mesa e coloquei minha cabeça na mão

- Não - respondeu seca

- Me conta Lizinha - me aproximei dela

- Thiago, se você me odeia tanto, por que você tá aqui? - ela jogou a caneta na mesa com força

- Porque eu tô no tédio - fiz um biquinho

- Vai embora Fritz - ela balançou a cabeça em negação voltando a pegar a caneta

Ficamos um silêncio um tempo, comecei a observá-la novamente, observar cada lugar em meu rosto. Olhei em volta e não havia ninguém, apenas um Kaiser vendo as fotos que havia tirado.

- Coisas que podem ser abortivas durante a gravidez - li o título da página do caderno. O caderno simples nas cores: azul, preto e rosa, mas extremamente organizado, suas letras pareciam não variar, todas constantes, do mesmo tamanho - Hm... interessante

- Para de ler as coisas dos outros - ela puxou o caderno pra si

Fiquei sentada esperando Kaiser me chamar e observando ela (sem surpresas), algo nessa garota me chamava, não conseguia parar de olhar para ela, e eu queria que ela me olhasse, eu queria que ela me provocasse, me fizesse provocar ela.

Após longos minutos observando meu amigo e Elizabeth, senti ela relaxar, como se tivesse esquecido da minha presença ali. Observei ela procurar alguns dados na internet e começar a fazer a conta. Sempre fui bom em matemática, apesar da área de humanas ter me conquistado quando eu estava no terceiro ano do ensino médio. Eu tinha certeza que eu seria matemático ou algo do tipo, mas parando pra pensar, sempre amei a fama de meu pai, sempre amei quando escreviam sobre ele, quando escreviam sobre mim, ficava puto quando sites de fofocas espalhavam informações falsas sobre ele. Então, passei a me imaginar se eu tivesse escrevendo isso, então me apaixonei em jornalismo, mas nunca deixei meus conhecimentos de exatas baixarem.

- Tá errado essa conta - disse olhando quando o resultado dela deu quarenta e cinco mil e ela deu de ombros me ignorando e revisando a conta - Apaga e faz de novo

- Não

- Vai - cutuquei ela e apagou

- Tá certo Thiago, não tem nada de errado. Só me distrai, não preciso fazer tudo de novo - ela disse após terminar de apagar - Eu sou boa em matemática

- Então por que não tá sendo?

- Porque você tá aqui Thiago! - ela gritou

- Então minha beleza te atrapalha? - dei uma piscadinha pra ela

- Você é chato pra caralho - ela me bateu

- O sujo falando do mal lavado não é mesmo? - ela revirou os olhos e voltou a fazer o cálculo - Faz as multiplicações do lado, fica mais fácil

Mesmo se contradizendo vi ela escrever todas as multiplicações ao lado, resolvendo agora, o cálculo com facilidade chegando ao resultado

- 83,25, parabéns surtadinha - disse com um sorriso vendo ela circular o resultado e anotar em outra parte do caderno

- Vai se fuder - ela riu passando a mão no rosto

- De nada - dei um beijo em sua bochecha e sai como se nada tivesse acontecido...

... como se minha mão não suasse, eu não estaria tremendo e nem nervoso pelo ato de segundos atrás.

Continua...

Nada interessante, apenas que escrevi esse cap vendo o velório da Liz 😭😭😭😭