XII.

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"🗞️🚬
𝚃.𝙵."

Passei a explorar Stanford em busca de alguns lugares para fumar em paz e refletir. Amo fazer isso em todos os lugares que eu vou. No trabalho, existe um cantinho no fundo do prédio que eu e Kaiser ficamos todos os dias fumando e conversando, nosso cantinho de paz.

Recentemente descobri um banco atrás do campus, um banco muito nada a ver, em um beco entre os dois prédios. Jamais vi ninguém lá, por isso acho a ideia meio nada a ver, é literalmente apenas um banco.

Hoje eu estava cansado, só queria deitar em minha cama e fumar. Apenas. Mas nesse momento, estava aguardando uma resposta de Sr. Veríssimo, então ficaria mais um tempo na universidade antes de seguir para minha residência.

Ao chegar no banco misterioso, encontrei uma garota encolhida chorando, a garota dos cabelos pretos que infernizavam meus dias, minhas noites, meus sonhos. Ela tremia enquanto chorava, seu corpo inteiro contraído, cansado, não conseguia ver seu rosto para ver mais detalhes, mas percebia que uma falta de ar dentro de si era presente.

Me sentei ao seu lado esperando ela ver quem estava ali, ela não viu, apenas segurou mais forte o rosto e engoliu o choro. Quando ela estava quase ficando vermelha sem ar, ela voltou a chorar, desabar, tremer, sem ar, me aproximei mais. Ela tirou uma das mãos do rosto para colocar na cabeça, tendo uma visão periferica minha.

- Vai embora Thiago! - ela disse com dificuldade, sem se mexer

- O que eu posso fazer pra ajudar Liz? - disse olhando para o seu rosto, mesmo que ela não olhe o meu - Tem algo que eu possa fazer?

- Vá embora - ela aumentou a intensidade de seu choro

- Não - balancei a cabeça discordando

O silêncio se instaurou em nós, lentamente, recioso, coloquei minha mão em seu ombro, de antemão Liz exitou com o toque, mas as poucos se acalmou. Seu choro acalmou, suas mãos trêmulas acalmaram, e sua respiração voltava normal aos poucos.

- Dia merda? - perguntei e ela balançou a cabeça positivamente - Vem - me levantei estendendo a mão para ela, mesmo que ela que visse - Vamos beber alguma coisa

- Não vou sair com você! - disse firme

- Elizabeth - a chamei - esquece nossa rivalidade por uma hora, você só vai se desgatar com isso

Ela levantou o olhar pela primeira vez para mim. Seus olhos inchados, bochechas marcadas pelos joelhos colados por grandes minutos na região, seus olhos cansados e caídos, suas olheiras maiores do que um ser humano já poderia atingir, seu rosto frágil. Isso me quebrava o coração.

- Por que eu iria com você? - ela disse com os dentes serrados

- Liz - dei ênfase na minha mão estendida - Vem, você precisa

[...]

- O que você quer? - disse me apoiando no balcão olhando pra ela

- Whiskey - respondeu ríspida sem me olhar

- Um whiskey e uma vodka por favor - disse olhando para a atendendo a minha frente - Obrigada - disse ao ela me entregar as bebidas - Aqui vossa alteza - a entreguei com uma reverência

Liz deu um risada pelo ato e revirou os olhos, totalmente diferente daquela Elizabeth de uma hora atrás. Seus olhos ainda estavam um pouco inchados, mas seu sorriso compensava tudo. Seu sorriso em meio a tristeza valia a pena, valia a pena fazer tudo que for preciso mo mundo para ver seu sorriso.

Ela virou o copo de um whiskey em um gole rápido, fazendo apenas uma leve careta devido a ardência do líquido devendo já garganta. Fiquei boquiaberto a olhando, não esperava isso de Liz, não dessa garota leve e estudiosa. Ela me olhou com confusão:

- O que foi garoto?

- Você virou a bebida - respondi sem se mexer

- Virei - ela deu de ombros - Pede outro pra mim - Ela me deu um sorriso com súplica

Então pedi para ela. Uma, duas, três, não reconhecia mais a Liz depois de tantas. Ela não estava bebada, ela estava feliz, como se realmente estivesse feliz. Ela cantava baixinho as músicas que tocavam no bar enquanto em olhava e conversávamos. Conversamos de verdade, contamos como estava nossa vida atualmente, o que queríamos fazer de faculdade no início, como implicávamos um com o outro. Ela também me contou que não é estadunidense, e sim canadense. Descobri outras informações sobre Liz, como: idade (27), aniversário (3 de janeiro), canadense e bla bla.

Apesar de eu ter insistido, ela não me contou sua proposta, falou que era para eu descobrir, inclusive, para que área ela segue, para o quer trabalhar mesmo depois do doutorado.

- Você é decente, Thiago - ela me olhou tombando a cabeça lateralmente

- Você é mais que decente Liz - sorri a olhando

- Para Thiago - ela voltou olhar para frente

- Tô falando sério - olhei para ela mesmo ela não me vendo - Você é uma ótima pessoa minha querida

- Você também é legal - ela sorriu

Me aproximei dela com um ato relaxado, não forçado, mas algo natural. Ficamos ouvindo o cara que cantava ao vivo em um palquinho do bar, ele cantava algo como pagode ou músicas desse tipo, atípico para uma quinta feira. Liz percebeu que me aproximei e não se importou, continuou balançando a cabeça no ritmo da música. Depois de um tempo então, percebi que Liz tinha se aproximado demais, ela colocou a cabeça em meu ombro continuando ver o homem a cantar, meu coração se aqueceu, mas logo esse calor, se transformou em outra coisa, senti meu coração acelerar mais rápido do que devia, minhas pernas tremerem ansiosas, e algo em minha barriga. Ah, borboletas estupidas...

- Obrigada por saber que eu precisava beber Thiago - ela disse baixo, mas alto suficiente para que pudesse ouvir

- Obrigada por ter aceitado - ela levantou o copo como um brinde silencioso e reproduzi o mesmo com o meu é dei uma leve acariciada em seus cabelos

Continua...


Tá rolando algo...
Vocês sentiram? Pq eu senti

Mas não tá mais aqui quem falou tbm

𝗔𝗺𝗼𝗿 𝗲𝗺 𝗕𝗶𝗼𝗹𝗼𝗴𝗶𝗮 - 𝗟𝗶𝘇𝗮𝗴𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora