II.

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"🔬🧫
𝙴.𝚆."

- O Arnaldo Fritz tem filho? - disse ajustando a lente do microscópio

Tem pessoas que nascem pra se fuder.
E eu definitivamente sou uma delas.

Minha proposta rejeitada. Rejeitada.

Algo que pensei por meses, de jeito de fazer, não saindo em nenhuma festa universitária para estudar fatores disso. Só de lembrar das palavras de Dr. Veríssimo, imaginava minha cabeça batendo em uma madeira bem dura até formar um galo bem grande começar a sangrar e eu ter uma hemorra...

- Tem. Por que? - Guto interrompeu meu pensamento (ótimo pensamento) enquanto ele limpava os óculos

Guto foi quem mais me apoiou em toda minha pesquisa. Meu melhor amigo. Ele deixava de ir em festas para me ajudar a pesquisar e ficar até tarde comigo no laboratório de Stanford. Conheci Guto ainda na faculdade no Canadá, ele era um dos melhores da turma e um dos mais festeiros. Nos conectamos por algum motivo desconhecido. Sempre me faltou apoio na área de ciências, então Guto foi a primeira pessoa que me incentivou de verdade.

Após a morte da minha mãe, tudo se tornou um desafio pra mim. Me manter em pé se tornou um desafio. Uma garota de dezoito anos, recém terminado a escola, sem dinheiro, sem família. Nunca tivemos tanto dinheiro em casa, principalmente quando abandonamos a vida no Canadá para que eu tivesse um ensino melhor nos Estados Unidos por ter ganhado bolsa, minha mãe conseguiu arranjar um emprego que nos desse um bom dinheiro e eu também trabalhava em meio período, mas ainda assim, era difícil.

Quando fui para o Canadá fazer faculdade, fiquei na casa do irmão de minha mãe que sempre me tratou como uma filha, mas o caso deles não era diferente do nosso no outro país, ainda era complicado, mas ele conseguia me ajudar a me sustentar lá.

E depois de quatro anos, voltei para os Estados Unidos prestar doutorado em Stanford. Mas, perante a situação que me encontro, se me dessem uma vida melhor no Canadá, eu estaria fazendo minha mala agora, perdi toda a minha vontade de continuar o curso, minha vida toda dedicada a isso, e não havia dado certo. Mas é o que eu amo, eu amo biologia, amo tudo que envolve isso, era gratificante estar aqui, mas não era assim que esperava acontecer.

- Acho que conheci ele - sai do microscópio para observar sua reação. Guto estava com a boca aberta e os olhos arregalados que deixou até seu óculos cair na mesa de mármore

- Como assim Elizabeth? - ele disse alto o que fez algumas pessoas das mesas do lado nos olharem - Como assim?

- Assim uai - ajustei a maior parte do microscópio na parte inferior para que levantasse mais minha visão do que estávamos observando - Ele vai fazer reportagem sobre Stanford

- O que? - Guto, simplesmente, gritou no meio do laboratório o que fez diversas pessoas o reprovarem com um "shh", o que me gerou um grande constrangimento - Arranja ele pra mim?

- Cala a boca Guto - disse voltando a olhar no microscópio - Arranjo. Mas ele deve ser hétero - disse ajustando o foco - Pronto, olha! - disse confiante deixando a máquina de lado deixando Guto usar

- Estou muito chocado pra isso - Guto disse andando em direção ao microscópio e dou uma leve empurradinha nele

[...]

Estava caminhando pelo campus de Stanford seguindo até o final do prédio em direção ao estacionamento, o dia estava quase terminando de se por, ficando apenas uma grande névoa e a luminosidade dos postes. O gramado em que pisava se encontrava encharcado devido ao grande temporal que aconteceu mais cedo onde encontrei Fritz, pequenas poças de água espirravam em minha calça jeans, e de vez em quando chutava algumas pedrinhas para me distrair. Não irei mentir, sempre era estranho andar sozinha em lugares escuros da cidade, sempre morro de medo, todo aquilo escuro, o ar gelado, o silêncio.

E foi quando meu coração quase parou que senti minha visão escurecer e meu corpo perder a força. Senti uma mão em meu ombro bruscamente que me segurou quando perdi a força.

- Ai meu Deus! Me desculpa Liz! - quando meus olhos finalmente conseguiram se ajustar, observer Joui com seu uniforme de vôlei, com os cabelos suados.

- Caralho Joui! - disse me afastando dele - Porra! - me curvei em meus joelhos tomando minha respiração de volta ao normal

- Me desculpa, não achei que você tomaria um susto tão grande. Me desculpa Liz, de verdade - Ele colocou a mão em meu ombro

- Tá tudo bem, só não faz essa porra de novo - disse me levantando e limpando meu ombro - O que foi meu querido?

- Ia perguntar se você queria beber algo? Guto me contou o que aconteceu - ela da um sorriso gentil

- Me dá trinta minutos e eu fico pronta - digo assim que ele acaba a frase, ele me dá dois tapinhas no ombro e me acompanha até o carro

Continua...

𝗔𝗺𝗼𝗿 𝗲𝗺 𝗕𝗶𝗼𝗹𝗼𝗴𝗶𝗮 - 𝗟𝗶𝘇𝗮𝗴𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora