VI.

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"🗞️🚬
𝚃.𝙵."

- Caralho, eu preciso fumar - Kaiser disse se sentando em minha frente

- A gente acabou de chegar ou - disse sem tirar os olhos do meu computador

- É fácil pra você que fumou antes de vir - o garoto se debruçou sobre a mesa para alcançar a câmera ao meu lado e joguei uma folha de papel em sua cara

- Eu não fiz nada! - Kaiser disse devolvendo a bolinha em mim

- Deu vontade - Respondi jogando a bolinha de papel em um lixo que estava proximo

- Aqui é bonito até - O escutei deitar no banco

- Aqui é bonito ou tem gente bonita? - levantei o olhar para monitorar sua reação

- Thiago, você precisa entender, que você é o pegador - ele gesticulou com as mãos - Eu sou só... eu

Um vento soprou e bagunçou meus cabelos e principalmente os de Kaiser. Estávamos em uma das mesas de madeiras espalhadas pelo campo, próximos ao campo de futebol, refeitório e a entrada pros doutorados. O campo era extremamente verde e se destacava com as paredes meio beges meio amareladas dos prédios.

Minha cabeça ainda doía devido a última noite, por isso escolhemos vir em um sábado: poucas pessoas, sem gritaria, paz. Meu pescoço ainda se encontrava roxo, e minha costas arranhadas, propício para uma das melhores faculdades do país, eu ainda tentava esconder com o capuz de meu moletom sem sucesso.

- Thiago - escutei Kaiser me chamar com algo na boca - me passa seu isqueiro

- Se eu te der, você para de reclamar e vai tirar foto? - olhei por cima da tela do computador para olhá-lo deitado

- Sim - ele se levantou com o maço de cigarro sem ser acendido na boca

Peguei meu isqueiro do bolso e joguei para ele deslizando na mesa, ele pega antes que ele caia e o acende. Kaiser pega sua câmera e seu cigarro e sai pela Stanford.

Coloco minha cabeça entre as mãos e rio de mim mesmo, porque caralhos mesmo eu fui em uma festa ontem? E por que eu beijei pessoas? Por que agora eu tô com um chupão no pescoço?

Quando senti minha pálpebras mais pesadas do já estavam, me levantei e fiquei no que estava fazendo no computador, iniciando minha matéria falando sobre: o que é a Stanford? Após a segunda linha, travei. Ah ótimo, um bloqueio criativo bem agora. Minha pernas começaram a se mexer ansiosamente, nervoso, levei minha mão até a boca e comecei a puxar a pele de meu dedo com o dente. O que é a Stanford, o que é a Stanford.

- Bosta - falei para mim mesmo enquanto deixava minha cabeça cair na madeira e dando vários tapinhas nela

Eu sabia o que é Stanford, todos sabiam, mas com minhas palavras, em forma de reportagem, minhas ideias esvaíram. E se eu falhar? Deve existir alguém melhor nisso do que eu, por que? Será que eu sou tão bom assim? Será que eu sou competente? Eu não sou um bom escritor, só sou o filho de Arnaldo Fritz. Por que eu?

Sem que eu perceba, aumentei a intensidade de meus tapas em minha cabeça. Essa porra dessa ansiedade só me mata e me machuca, eu só queria piscar e ela sumir

- Acho que não sou só eu que não sabe se controlar - uma voz feminina soou ao meu lado o que me gerou um certo arrepio em minha pele. Eu reconhecia essa voz, reconhecia a surtadinha de ontem.

- Dessa vez eu também tenho um motivo - disse ainda sem olhar em seu rosto

- Pois me conte - senti ela se relaxar na mesa

- Não vou contar meus problemas pra uma estranha - retruquei a ela, o que ela me disse ontem, e olhei. Ela não estava diferente de mim, olheiras em baixo dos olhos e uma cara de quem bebeu todas ontem

Recebi um dedo do meio da surtadinha que revirou os olhos, e de apoiou mais para ver o que estava escrito em meu notebook, mas virei rápido para que ela não olhasse.

- Sei porque não está conseguindo trabalhar - ela se virou de costas a mesa para olhar a paisagem cotidiana da universidade

- Como você sabe da minha vida? - a olhei com o cenho franzido

- Você foi na balada ontem - ela me olhou pelo canto dos olhos - E uou, alguém te deu um chupão bonito, viu? - ela tombou a cabeça em minha direção - Boa sorte aí meu querido, espero que você se foda muito - ela começou a se levantar

- Vai se fuder Elizabeth - olhei para meu computador

- Olha... ele sabe meu nome - senti seu olhar sobre mim novamente

- Você me dá dor de cabeça - disse passando as costas da mão na testa

- Você me dá dor de cabeça Fritz - ela aumentou sua voz

- Olha minha querida - Virei para olhá-la, e pude a ver melhor. Ela vestia seu jaleco branco, uma calça jeans colada e uma camisa verde clara, e All Stars pretos desgastados, ela tinha as mãos dentro do bolso do jaleco me olhando com o seu rabo de cavalo muito bem alinhado - Eu te provoquei ontem, você me provocou hoje, ponto. Acabaram as perturbações.

- Tanto faz - Elizabeth me deu de ombros e em seguida uma piscadela e virou de costas para mim, fazendo seus cabelos pretos voarem

Continua...

Bom dia filhos, como andam?

Roubando a ideia da Izzy-Lizago: Qual o elemento que vocês tem afinidade?

Beijocas

𝗔𝗺𝗼𝗿 𝗲𝗺 𝗕𝗶𝗼𝗹𝗼𝗴𝗶𝗮 - 𝗟𝗶𝘇𝗮𝗴𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora