XI.

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"🔬🧫
𝙴.𝚆."

- Não sabia que o Fritz jogava bola - Arthur disse ao passarmos pelo campo de futebol e vendo o mesmo lá

Thiago estava com uma blusa amarela, agora, cheia de suor na região das axilas, peito e costas, os cabelos do homem estavam igualmente suados e bagunçados. O rosto de Thiago se destacava entre as pessoas que ainda cursavam a faculdade, já que estávamos no intervalo dos mesmo, não que Thiago fosse velho, mas era impossível não vê-lo ali. Dentre algumas pessoas, seu braço parecia ser a coxa de um garoto.

Apesar de tudo, Thiago não era feio, muito mais bonito que diversos homens que já tive algum interesse ou já convivi. Mas Thiago era implicante, chato, atormentador, sociável demais, se acha de mais, bonito demais...

Após o evento do dia anterior, algo dentro de mim despertou. Não sobre Thiago, nunca. Mas sobre meu orgulho, o fato de eu não aceitar ajuda de quem não é superior a mim. Eu gostei da ajuda de Thiago, eu gostei de como ele não foi babaca me ajudando, ele foi gentil, educado.

Então isso me fez refletir, eu preciso de ajuda?
Eu já tenho meus amigos, mas de alguém experiente, talvez tenha sido por isso que minha proposta tenha falhado.

- Muito menos eu - disse dando de ombros

- A gente zoa e tals, mas ele é uma pessoa boa pra você Liz - Arthur me de uma cutucada com o ombro

- Para Arthur

- Tô falando sério - ele chuta uma pedrinha que voa

- Vamos sentar no nosso banco secreto vai - empurrei ele com as mãos dando uma risada nasalada

[...]

- Acende o cigarro pra mim Liz? - Arthur perguntou me entregando o isqueiro

- Mas você consegue - ri devolvendo o objeto - E não vou acender essa coisa nojenta

- Do Thiago você não reclama... - ele disse colocando o cigarro na boca tentando ligar com a mão direita 

- O que foi Arthur? - me virei para ele o vendo com dificuldade - Achei que tava melhorando com a fisioterapia

- E tava! - ele desiste tirando o maço de cigarro na boca e guardando - Mas, essa semana regrediu, tá doendo e tá mais travado - ele disse passando a mão no braço esquerdo

Na adolescência , Arthur quebrou o braço, mas não foi uma simples quebrada, algo maior tornou-se maior. Ele perdeu o movimento do braço esquerdo. Com o tempo, ele conseguiu voltar a normal, mexia nas coisas sem dificuldade, ia sempre na fisioterapia, se esforçava ao máximo, mas já havia percebido que ele mexia no laboratório com mais dificuldade nos últimos tempos. Arthur não gosta de falar do assunto, para ele foi um choque, até porque nunca se soube ao certo o que foi: se foi realmente a fratura no braço, se foi uma síndrome de Guillain Barré menos forte, acertando só o braço esquerdo, nunca se soube.

- Eu sinto muito Arthur - coloquei mão em seu ombro - Você é muito forte!

- Sou né? Olha meu muque - ele disse se virando com o braço direito para me mostrar, realmente, Arthur estava mais forte - Comecei a malhar - voltou sorrindo

- Besta - dei um empurrãozinho em seu ombro

E ficamos sentados, nos dois, como amigos de infância, sentados no banco escondido de Stanford, olhando o vento bater e nos causar frio.

Continua...

𝗔𝗺𝗼𝗿 𝗲𝗺 𝗕𝗶𝗼𝗹𝗼𝗴𝗶𝗮 - 𝗟𝗶𝘇𝗮𝗴𝗼Onde histórias criam vida. Descubra agora