Capitolo Diciottesimo: Uma Fraternidade

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Já estava anoitecendo.

Hugo havia saído do escritório, indo em direção a vinícola, como havia prometido.

Ele precisava organizar as coisas com seus homens, pois, ao ver a falta de respeito de Ítalo, ele resolveu deixar as coisas bem claras por lá.

Assim que ele abriu a porta de madeira e desceu as escadas, no final, viu os homens conversando animadamente sobre assuntos aleatórios; não que isso fosse proibido, mas como eles poderiam reagir com naturalidade, depois de tudo?

Hugo passou a mão em uma garrafa de vinho, uma das mais caras que haviam no lugar e a bateu no corrimão, permanecendo com a parte do "bico" em mãos.

— "Don" nós estávamos...- Tentou explicar Romero, mas ao ver que Hugo não parecia estar disposto a ouvi-lo, se calou e foi se afastando com os demais.

— O que é Scopelli, vai mesmo levar nossa briga a sério? Só estávamos exaltados naquela hora e você sabe, nossa amizade é indestrutível... - Indagou Ítalo, sorrindo para convencer Hugo.

— Estão todos aqui? – Perguntou Hugo, encarando um por um. — Onde está Enrico?

— Estou aqui, Don! – Disse Enrico, descendo as escadas apressado. Ele encarou a mão de Hugo e prendeu os olhos, caminhando até os demais.

Hugo se colocou na frente de todos e prendeu o maxilar, encarando cada um com fúria. Ele estava muito disposto a resolver alguns assuntos pendentes que havia deixado passar, mas aquele era o limite.

Hugo se virou e em cima da mesa atrás dele, havia bebidas e cigarros. No centro de tudo, uma mesa com cartas sobre ela, indicando que estavam todos aproveitando.

Indignado, Hugo foi até lá e chutou a mesa, derrubando tudo em cima. Ele acertou as cadeiras também, mostrando a todos tamanha fúria que sentia naquele instante.

— Vocês se divertiram? Hum? – Perguntou ele com ira, voltando até a mesa com as bebidas, jogando todas as garrafas no chão.

— Eu sempre fui bom com todos vocês. Tirei muitos aqui, da sarjeta e coloquei ao meu lado. Dei roupa, comida, bebida e até mesmo mulheres. O que vocês estão fazendo por mim, hum? – Perguntou Hugo, apontando a garrafa para cada um, vendo eles abaixarem os olhares.

—Don, você é nosso chefe a anos e nunca tivemos a intenção de aproveitar de você. – Disse Luigi, com a voz trêmula.

Hugo levantou o olhar até ele, e sorriu de escárnio.

— Será que todos aqui, são assim? Muitos aqui, estão a gerações na nossa família e sob a nossa proteção. Eram avôs de vocês com o meu avô, o pai de vocês com o meu pai. Alguns perderam a vida seguindo os negócios, como eu também tive percas. Mas cada um aqui, foi eu quem escolhi.

Hugo falou com rispidez, encarando a cada um, com os olhos escurecidos.

— Scopelli, Brachio, Santori, Salvatore, Rossi e Borelli sempre foram um só. Seis famílias que andaram por todos esses anos, lado a lado, dando o sangue um pelo outro. – Disse Hugo, enfiando a ponta da garrafa na mão, fazendo um corte profundo intencionalmente.

Todos olharam assustados para Hugo, mas ele não se importou, estendeu a mão e mostrou o sangue escorrendo.

— Foi a ação de meu tataravô, bisavô, avô e de meu pai, que os uniram. Eles reforçaram o laço entre eles, logo depois do nome Scopelli ser elegido chefe desse lugar. Mas alguma coisa me diz, que esses fundamentos se perderam. Nunca houve um dia se quer, que eu os deixei para trás, para que faltem ao respeito comigo. – Disse Hugo, fazendo com eu todos analisassem as palavras dele.

DESCEDENTES DA MÁFIA- A NOIVA DO CHEFE.Onde histórias criam vida. Descubra agora