Capitolo quarantaquattresimo: Meu reflexo negro

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Cecília abriu os olhos e notou estar em um lugar diferente.

O corpo dela se arrepiou ao notar o quão frio e úmido era aquele local. Ela olhou para os lados e viu que só havia ela dentro do lugar e então, se levantou, ocorrendo até a porta para uma tentativa de fugir.

— Onde eu estou? Se perguntou Cecília, puxando aquela maçaneta envelhecida.

Alguns passos soaram atrás da porta, parecendo estarem se aproximando e então, Cecília correu de volta para cama e se cobriu, escutando a porta ser aberta em seguida.

— Aqui está ela, senhora! – Disse uma voz arrastada e estranha.

Cecília tentou conter a respiração e fingir que estava dormindo para não ser percebida. Qual seria o plano deles?

Naquele momento, ela sentiu o gosto de fel passar por sua garganta; ela havia se arrependido amargamente por ter feito o que fez. Talvez se tivesse se contido e acompanhado os planos de Hugo, eles estariam em segurança.

Hugo; por falar nele, as memórias de Cecília estavam bem vívidas. Ele não parecia que iria abandoná-la, já que ansiava tanto por aquela gravidez.

Cecília sentiu seu corpo congelar, ao ouvir os passos se aproximando.

Por quê aquela voz não lhe era estranha? – Perguntou Cecília, tendo a coberta puxada; sorte que ela estava costas.

— Chame um médico para avalia-la. Não quero que ela tenha essas crianças. Esse mérito será de Fiorella. – Disse a mulher se afastando.

Cecília sentiu seu corpo a alertar, com uma corrente gélida passando por seus sentidos.

Como assim, Fiorella? Será que a forçariam a ter um aborto?

Instantes depois, a porta foi batida; a segunda pessoa também havia se retirado.

Cecília se levantou e correu até a porta, para ter certeza de que haviam saído. Em seguida, ela voltou até a cama e a levantou, para procurar qualquer objeto pontiagudo que a ajudasse na fuga.

— Não se preocupe, eu não deixarei que nada os aconteça! – Disse ela, alisando a barriga, mostrando-se bem segura de si.

Ela começou a puxar a mola da velha cama, mas estava presa com muita força. Cecília precisaria de muito tempo e disposição, para conseguir se livrar daquele lugar.

Mesmo não sabendo onde estava ou quem estava por trás disso, ela não desanimaria, pois só de estar do lado de fora, já era um motivo bem melhor.

Todos estariam fora de perigo. – Pesou Cecília, ainda tentando com o seu melhor.

Enquanto isso, na Basílica de San Marcos....

Hugo estava sentado e de cabeça baixa, tampando os ouvidos.

Michelangelo e Luigi estavam conversando entre sí em voz alta, enquanto Enrico apenas observava o amigo, sentado de frente para ele.

— Se ela tivesse ouvido Don, isso agora não estaria acontecendo! – Disse Michelangelo, tentando achar um culpado.

— Não fale assim! Ela está grávida e é impossível se controlar nesse período. Não se lembra que Anita matou o esposo, naquela noite de outono em oitenta e nove? – Disse Enrico, direcionado a Michelangelo, que no mesmo instante, assentiu.

— Vamos mudar de assunto! – Disse Luigi, se aproximando de Hugo e tocando o amigo no ombro.

Hugo levantou a cabeça e mostrou seus olhos vermelhos, talvez pelo choro.

DESCEDENTES DA MÁFIA- A NOIVA DO CHEFE.Onde histórias criam vida. Descubra agora