Capitolo Trentacinquesimo: Confessando o que realmente sente

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Hugo se deitou ao lado de Cecília e se sentiu preocupado. Ele a acariciava com ternura, enquanto a observava adormecer com dificuldade.

Ele não fazia ideia de que uma gravidez poderia a fazer tão mal.

Cecília resmungava de cólicas e também, passava a maioria do tempo vomitando. Nem mesmo a sopa de legumes frescos foram capazes de fazê-la se recuperar.

— Hugo! – Chamou Cássia, abrindo levemente a porta. — Como ela está?

Ele balançou a cabeça em negação e levou o indicador aos lábios, em pedido de silêncio. Em seguida, Hugo tirou Cecília de seu peito com leveza e saiu da cama, sem a acordar.

Ele foi atrás da mãe dele em passos leves, pois, havia a dito a ela que os dois precisavam conversar.

Eles foram até o andar de baixo da casa, seguindo para o escritório e ao passarem pela porta, Hugo a trancou, fazendo Cássia se assustar.

— O que está acontecendo? – Perguntou ela, completamente assustada.

Hugo caminhou até a mesa e puxou a cadeira para se sentar. Ao ver seu filho ali, com aquela áurea autoritária, não tinha como Cássia não se lembrar de seu falecido marido.

Eles eram idênticos, até no fato de emanarem um grande poder, tal como o de um poderoso rei.

— Quero que me ajude a encontrar com ela! – Disse Hugo, a fazendo se assustar.

Cássia abriu os olhos mais que o normal pelo espanto e então, sorriu de forma fingida.

— Do que está falando? Não compreendo! – Disse ela, se sentando na cadeira em frente.

Hugo a olhou diretamente e sorriu de escárnio.

— Nos meus trinta e dois anos, essa é a primeira vez que a vejo encenar tão mau. – Disse ele, arqueando uma sobrancelha. — Sabe o que ela fez, certo?

— Não filho, eu não sei. Eu realmente não a vejo desde que fugiu. A única coisa que sei, é que Mirella recebeu alguns telefonemas ameaçadores, mas ela não faz ideia de que são de Fiorella.

Quando Cássia disse aquilo, Hugo uniu as duas mãos as encostando nos lábios e sorriu.

— Quando descobriu? – Perguntou Hugo, intrigado por Cássia saber de muito.

— Quando Katherine esteve aqui. Nós vimos Primo agir estranho e ouvimos algumas conversas dele. Ela então, me contou tudo. – Quando Cássia disse aquilo, ela olhou com preocupação nos olhos e se aproximou de Hugo.

— Você realmente gosta dela? Digo, não é só por ela parecer aquela mulher? – Perguntou Cássia, com receio de ouvir a resposta que ela mesmo já sabia.

— A única coisa que as liga, são o parentesco. Cecília é ao contrário e se puder conhece-la. Verá que não minto. Ela está carregando o meu filho e a nossa família precisa continuar.

Quando Hugo falou, Cássia pareceu entristecer.

Ela levou os olhos pesados até os do filho e respirou fundo, antes de o perguntar.

— E se ela tirar a criança de nós? E se ela não quiser continuar conosco? – Perguntou ela, com um tom fraco.

Hugo arqueou a sobrancelha e sorriu, encostando-se na cadeira.

— Para isso, precisa haver a criança. Por isso, preciso de ajuda para proteger Cecília. Pare de trata-la mau, não deixe que Mirella a incomode. Feito isso, eu mesmo farei vista grossa ao roubo de seu próprio cofre.

Quando Hugo mencionou o desfalque feito por Cássia para manter os luxos desnecessários da família, ela se assustou e viu que não tinha mais para onde correr.

Ela pensou — Eu estou escondendo dele, se ele já sabe, não preciso mais temer as ameaças de Fiorella, certo?

Depois disso, Cássia respirou fundo e sorriu para Hugo.

— Você sabe que eu fiz isso por você, certo? – Perguntou ela, o vendo sorrir de escárnio mais uma vez.

— Comprar o conselho e capangas para ficarem a o nosso favor, não é uma atitude descente, mãe. Olhe onde tudo isso veio parar?

— Mas Hugo, Primo quer acabar com a nossa família! – Disse Cássia, o olhando com os olhos furiosos. — Temos um traidor sobre nosso teto.

— E sabe porque ele está aqui? – Perguntou Hugo, tocando em uma ampulheta que estava sob a mesa e a mudando de posição.

— Por que vocês eram amigos? – Perguntou Cássia, vendo Hugo balançar a cabeça em negação.

—"Tieni i tuoi amici vicini e i tuoi nemici ancora più vicini". – Disse Hugo com frieza, se levantando em seguida, para sair do cômodo.

Ele havia dito: Mantenha seus amigos por perto e os seus inimigos, mais perto ainda.

Ele queria dizer a mãe que, era bom ter Ítalo por perto. Assim, ele saberia o próximo passo do amigo. Assim como, Ítalo conheceria quem realmente manda.

Enquanto isso, no quarto, Cecília havia despertado de seu sono.

Ela abriu os olhos e sentiu uma estranha sensação de que alguém estava a observando. Seu coração começou a bater mais rápido, enquanto ela se encolhia por medo daquela estranha presença.

—Quem E-Está aí? – Perguntou Cecília, com a voz fraca e falha.

Ela ouviu alguém se mover e alguns passos caminhando até ela e como refúgio, Cecília se cobriu e abraçou as pernas embaixo da coberta.

— Por favor, não se aproxime! Saia! – Gritou ela, mantendo a cabeça apoiada nas pernas e prendendo as pontas da coberta com o corpo.

E de repente, o forro foi puxado dela.

— O que foi? – Perguntou Hugo, a encarando confuso.

Cecília levantou o rosto e o olhou, se surpreendendo.

Será que era coisa da minha imaginação? – Perguntou ela.

As luzes do quarto estavam acesas e não havia mais ninguém, além de ela e Hugo ali.

Cecília respirou de alívio e passou os olhos em volta, terminando em Hugo. Ela sorriu fraco e balançou a cabeça em negação.

— Acho que foi um sonho! – Disse ela, sentindo-se tranquila.

Hugo então, foi até a cômoda para pegar a cumbuca de barro com uma sopa mais leve e entregou para Cecília.

— Prove essa, creio que vá gostar! – Disse ele, estendendo para a ruiva que logo sorriu e se ajeitou, pegando a louça da mão dele.

— Hm, que cheiro bom! – Disse ela, com humor. Talvez os remédios já estivessem começando a fazer efeito, finalmente.

Quando Cecília deu a primeira colherada, sorriu e continuou a comer, com bastante vontade. Hugo sorriu satisfeito e se sentou ao lado dela, levando a mão até o ventre de Cecília a acariciando.

— Eu posso te contar uma coisa? – Perguntou Hugo, levando os olhos para Cecília, que assentiu com a cabeça concordando, mas sem parar de comer.

El então, parou e respirou fundo, limpando a boca com o dorso da mão.

— O que foi? – Perguntou ela, o olhando diretamente.

— Eu nunca me imaginei sendo pai, mas agora, não quero que ninguém os tire de mim. – Disse ele, fazendo Cecília o olhar de forma confusa.

— Você realmente está tão feliz assim?

— Hm, eu estou! – Disse ele, continuando a acaricia-la. — Posso te contar outra coisa? Um segredo só nosso por enquanto?

Cecília sorriu e concordou.

— Claro! Desde que não me obrigue a te contar nada...- Disse ela com humor, o fazendo sorrir também.

— Impossível, uma hora ou outra, você irá me contar. – Disse Hugo com humor, fazendo Cecília sorrir.

Ele estava feliz por realmente estar a vendo bem e com isso, Hugo ficou mais aliviado e bem-humorado.

— Eu gosto de você!

DESCEDENTES DA MÁFIA- A NOIVA DO CHEFE.Onde histórias criam vida. Descubra agora