•𝚋𝚛𝚒𝚐𝚊𝚜 𝚍𝚎 𝚌𝚊𝚜𝚊𝚕•

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LILY

As coisas ficaram extremamente esquisitas com o Vinnie, porque eu não conseguia olhar para a sua cara sem lembrar da madrugada que ele esteve no meu quarto, apertando meu queixo e falando que eu era bonitinha. Eu sentia nojo e medo quando estava na sua presença.

Cheguei a cogitar a hipótese de contar para a Samantha o que havia acontecido, mas pensei na possibilidade dele expulsar nós duas do apartamento se a minha irmã o confrontasse e provavelmente, não teríamos para onde ir, porque embora ela tenha o seu próprio dinheiro devido ao seu trabalho, não é muita coisa se compararmos com quanto o seu marido ganha por mês.

Não sei exatamente no que o Vinnie trabalha, porém sei que ele é bastante conhecido na cidade e assim como a sua família, é rico.

Talvez por esse motivo, a Samantha aguente todas as consequências de como ele age como um escroto os outros sem pedir o divórcio.

Após algumas semanas convivendo com ambos, eu continuava tentando me adaptar a minha nova realidade, sem meus pais para me dizer o que fazer 24 horas por dia, poder sair sozinha, apesar de que eu só tenha ido passear na área externa do condomínio, e estar em em uma cidade nova totalmente diferente da que eu cresci, o que é assustador.

Aqui tem prédios gigantescos no lugar das árvores e pessoas transitando de carro para ir a qualquer lugar ao invés de irem andando.

Onde eu morava era tão minúsculo que até o local mais longínquo continuava sendo perto.

A Michele me ligou para saber como andava a adaptação durante os primeiros dias e eu disse que estava amando, especialmente por ter a Samantha por perto.

Ocultei que a parte ruim era o Vinnie, que vivia sendo ríspido comigo quando a minha irmã não estava por perto e me olhando torto como se eu tivesse culpa por ele ter dado em cima de mim quando estava bêbado.

Sinceramente, esse homem deve ter algum tipo de transtorno psicológico, provavelmente bipolaridade ou psicopatia, segundo o que pesquisei no Google. O melhor que eu faço é ignorar completamente a sua existência.

Estávamos os três tomando café da manhã na cozinha do apartamento e eu como sempre, me mantinha calada na presença do Vinnie, evitando assim receber as respostas rudes do babaca do meu cunhado.

Eles conversavam entre si sobre assuntos relacionados aos seus trabalhos e eu, sinceramente, não entendia nada.

Em um determinado momento, a minha irmã parou de conversar com o seu marido e me encarou com um sorriso animado, me deixando confusa.

— O que foi?

— Nós vamos fazer compras mais tarde. Semana que vem, começa as suas aulas, então precisamos comprar seu material escolar e aproveitamos para comprar roupas novas — ela falou empolgada, fazendo-me sorrir ao mesmo tempo que concentrava-me em comer os ovos mexidos com bacon e
ignorar o olhar de Vinnie em cima de mim.

— Achei que ficaríamos juntos, Samantha. Hoje é a minha folga e acho que você anda esquecendo que tem marido — Vinnie reclamou. — A Lily já tem 16 anos e pode se virar.—

— Podemos ir outro dia ou eu posso ir sozinha. — Respondo rapidamente antes que aquilo torne-se uma briga entre de casal.

— Ótimo, Lily. O nosso motorista pode te levar e buscar. — Ele sorri enquanto a Samantha não parece muito feliz com a solução.

— Ela é minha irmã, a minha responsabilidade, Vinnie. Será que você não percebe que eu não posso ficar pedindo para os outros fazerem o que é a minha obrigação?

— Engraçado você falar em obrigações, mas esquecer de cumprir a sua na nossa cama.— Vinnie retrucou na mesma hora e eu olhei com cara de nojo para o mesmo.

Apesar de ter pais conservadores, eu não era tão ingênua a ponto de não saber o que aquela frase significava, afinal a Samantha me explicou o que era sexo, me ensinou a como me defender e até alguns palavrões depois que acordei do coma.

— Vinnie, a Lily está na mesa. — Ela levantou-se, indo na sua direção e deu um tapa forte no seu braço. — Você estava ciente que ao adotar a Sarah teríamos novas prioridades. Eu não acredito que você está criando um caso, porque quero ficar com a minha irmã. —

Vinnie ergueu seu corpo, ficando face a face com a sua esposa.

— Eu vou para o meu quarto. — Saio depressa da cozinha antes daquela cena piorar e vou em direção ao meu quarto.

Mesmo com a porta fechada, eu ainda escuto os dois gritando no andar de baixo e começo a chorar baixinho com o rosto enterrado no travesseiro. Que merda odeio brigas!

— Lily? — Ouço a Samantha me chamar e bater três vezes na porta minutos depois. — Eu posso entrar?

— Pode — respondi com a voz abafada.

— Você está chorando? — Minha irmã indagou assim que entrou no quarto, senta ao meu lado e começa a acariciar as minhas costas.

— Não chora, por favor. A nossa briga não é a sua culpa, se é isso que você está pensando. —

— Claro que é a minha culpa.—

— Claro que não é. — Ela inicia uma sessão de beijinhos por todo meu pescoço.

— Para, isso faz cócegas! — Comecei a rir.

— Promete que vai parar de chorar?

— Prometo.

Samantha se dá por vencida quando levanto meu rosto, limpando as lágrimas e deita-se ao meu lado, dando um longo suspiro e fecha os olhos.

— Eu gosto do Vinnie, Lily, mas está cada vez mais difícil ficar perto dele — a garota disse de um fôrma tão frustada que eu sinto um aperto no coração. —Eu não sei mais o que fazer. —

— Não entendo nada de relacionamentos, eu sequer beijei na boca. — confesso, sentindo-me uma fracassada.

— Não sei como te ajudar, nem dando conselhos, mas posso um laxante na comida dele. —
Minha irmã gargalha e joga um travesseiro no meu rosto.

— Só me abraça, Eu preciso da minha melhor amiga comigo. —

Eu a abracei forte e ficamos assim ali até pegarmos em um sono profundo.

 ˢᵖᵃⁿᵏ ᵐᵉ, ᵈᵃᵈᵈʸ ⁻ ⱽⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora