• 𝚊𝚕𝚒𝚟𝚒𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚊 𝚋𝚊𝚛𝚛𝚊 𝚍𝚘 𝚟𝚒𝚗𝚗𝚒𝚎 •

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𝙻𝚒𝚕𝚢
Quando vi Samantha entrar no quarto, presenti que ia dar merda.

Quando ela percebeu que o Vinnie estava apenas de cueca, tive certeza.

Eu sabia que deveria estar com a aparência pálida e nervosa assim como Vinnie.

Por que sentia como se estivesse sendo estrangulada.

Estava há algum tempo sem ter crises de pânico e até consegui chegar perto de uma piscina, apesar do meu trauma, mas ao examinar o quanto estava encurralada pela situação que fui flagrada, sentia que estava prestes a desabar novamente.

Nem todas as mudanças que tive depois que comecei a conviver com o Vinnie foram ruins, afinal. As crises haviam diminuído e consegui chegar perto d'água.

Eu foquei tanto no lado desagradável para ser mais fácil odiá-lo que esqueci o quanto ele tirou-me da escuridão.

Talvez por ser meu primeiro amor, eu esteja completamente iludida em tão pouco tempo.

O barulho da porta sendo batida com força, fez eu sair dos meus pensamentos e voltar a realidade e os olhos furiosos da minha irmã ainda alternavam entre mim e o seu marido e ao perceber que nenhum dos dois falaria algo, ela perguntou novamente:

— O que você está fazendo de cueca na frente da Lily, Vinnie? — Encarou-o fixamente, mas ele continuou em silêncio, apenas olhando para a sua esposa como se estivesse vendo uma assombração.

— Ou recebo uma explicação ou vou ligar para a polícia denunciando abuso de uma menor pelo seu tutor!

— Não, Samantha! — intervi, levantando rapidamente da poltrona e ela cravou sua atenção em mim.

— A culpa é minha.

Não importava o quanto eu pudesse me ferrar com a Samantha, o Vinnie poderia se dar mil vezes pior. Por ser meu tutor legal, ele não deveria envolver-se comigo antes dos 18 anos.

Eu tinha estudado sobre as leis de onde eu moramos há alguns dias.
— Lily? — A voz do Vinnie pareceu desesperada.

— Eu me apaixonei pelo Vinnie, Samantha — comecei, gesticulando com as mãos, ignorando a expressão de terror do meu cunhado.

— Você foi embora e ele me fez companhia, acabamos nos dando bem a maior parte do tempo, então, quando eu menos esperei, estava sentindo meu coração bater mais forte pelo seu marido.

— Vocês dois?... — A mais velha resfolegou pesadamente, balançando a cabeça de um lado para o outro. — Ele te obrigou a fazer algo ou você fez porque quis?
Se esse filho da puta te machucou, me fala!

Vinnie parecia prestes a ter um ataque cardíaco e quando a minha irmã colocou uma mão na testa e a outra em cima do seu peito esquerdo, massageando-o, tive medo de matar os dois e mais uma vez, ficar órfã.

— Não aconteceu nada. — fingi, soltando uma risada grave. — O Vinnie nunca notou que eu estava gostando dele até agora pouco.

A fisionomia dos dois aliviou-se rapidamente e eu prossegui:

— Eu entrei no quarto com o intuito de seduzir o Vinnie e ele estava saindo do banho quando cheguei, por isso está de cueca, mas, por motivos óbvios, o seu marido não quis e estava me explicando o quanto seria errado uma menina de apenas dezesseis anos ter qualquer tipo de envolvimento com um homem mais velho. — Abaixei a minha cabeça, simulando que estava envergonhada. — Disse que mesmo que não fosse casado, jamais olharia para mim com desejo, porque sou como uma irmã para ele.

Houve um silêncio desconfortável de mais de dois minutos e eu não tinha coragem de levantar a minha cabeça para encarar a Samantha.

Eu só aliviei a barra do Vinnie, a minha continuava suja.

— Posso ficar a sós com a Lily por um minuto? — Samantha pediu.

— Claro, amor.

Amor. Eu assumo a culpa e ele ainda chama a minha irmã de amor na minha frente.

Olhei para a parede para não encarar o Vinnie, porém, antes que ele saísse e fechasse a porta, nossos olhares encontraram-se por alguns segundos e ele mexeu os lábios falando um "obrigado" sem emitir som.

Assim que ficamos a sós, a Samantha aproximou-se de mim e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Franzi o cenho, estranhando o gesto carinhoso.

— Eu sinto muito, Lily.

— Pelo quê?

— Pela sua primeira desilusão amorosa. - Ela sorriu, amigavelmente.

— Eu sei o quanto é difícil e o quanto parece que não haverá outros caras para quebrarem seu coração, mas pode ter certeza que terão muitos outros. Não faltarão homens querendo chances com uma garota como você.

Não acredito que a minha irmã está sendo legal depois de eu ter confessado que tentei convencer seu marido a ficar comigo.

Seria tão mais fácil se ela fosse uma megera, pelo menos, eu teria uma desculpa para sentir-me menos mal com tudo que fiz.

— Confesso que achei que teria problemas com o Noah. — Samantha riu, puxando-me pelo braço para sentar-se ao lado dela na cama. — Não sabia que você gostava de bad boys.

— Não gosto. — Neguei com a cabeça, sorrindo levemente de lado. — Acho que só fiquei carente.

— Eu não me importo você ter sentimentos pelo Vinnie.

— Não?

— Se você fosse maior de idade, eu iria preferir dividir ele com a minha irmã do que as prostitutas que ele paga no puteiro.

A naturalidade que ela falou das traições do Vinnie, me fez lembrar do que eu e ele estávamos conversando antes da Samantha chegar.

— Você já o traiu também? — eu quis saber, tentando descobrir se o que o meu cunhado disse era verdade.

— Não, nunca! Mas já fizemos ménages com outros caras e mulheres e troca de casais.

É a cara do Vinnie curtir uma orgia! Juro que eu não sei porque ainda fico surpresa.

— Eu acho que sentiria ciúmes do meu marido com outra mulher. Você não sente raiva ou algo assim, Samantha?

— Só tenho ciúmes quando o Vinnie faz essas coisinhas de adultos sem mim — explicou, fazendo uma careta. — Transar com a mesma pessoa o resto da vida é um porre!

— Casal moderno é outro nível — brinquei, ainda tentando processar o assunto.

— O Vinnie não tentou nada com você mesmo? Pode confiar em mim.

— Não, nenhuma vez — menti, outra vez. — Ele me deu maior esporro quando tentei beijá-lo.

— É uma pena. Poderíamos fazer um belo sexo a três.

— Para, Samantha — dei um tapa no seu ombro e ela mordeu o lábio inferior, rindo. — Nossa, você pareceu tão brava e agora, está agindo como se fosse a coisa mais normal do mundo eu ter sentimentos pelo Vinnie.

— O meu instinto de irmã mais velha sempre vai falar mais alto e eu jamais permitiria que ele abusasse da minha bebê. — Samantha abraçou-me apertado e eu retribui. — Você pode falar tudo para mim mesmo quando eu possa ficar brava contigo, eu vou tentar entender seu lado.

Por alguns instantes, cogito contar a verdade, mas tenho receio que ela esteja sendo legal só para tentar tirar as informações de mim para colocar o Vinnie atrás das grades.

 ˢᵖᵃⁿᵏ ᵐᵉ, ᵈᵃᵈᵈʸ ⁻ ⱽⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora