• 𝚂𝚒𝚕ê𝚗𝚌𝚒𝚘 𝙽𝚘𝚜𝚜𝚘 •

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Vinnie

Samantha passou pela sala com a mala na mão, acompanhada de Maya. Todo mundo ficou em silêncio, até que resolvi falar:

— As duas vão viajar? — perguntei, seco, encarando as duas.

— Maya não, só eu — Samantha respondeu. Maya foi direto se sentar ao lado do Noah, como quem já é da casa.

— Já tá indo? — Noah perguntou, com aquela voz baixa dele.

— Sim, volto em duas semanas. — Ela veio até mim, com aquele olhar de quem ainda acha que tem algo aqui.

— Te amo, Vinnie. Sabe disso. Só vou resolver umas coisas sobre minha mãe e a Lily — disse, se aproximando mais.

Assenti com a cabeça. Olhei nos olhos dela. O que eu sentia antes... sumiu. Só restou o costume. Ela me beijou. Eu deixei. No automático.

Depois do beijo, ela se aproximou do meu ouvido:

— Quando eu voltar, quero que você me faça sua de novo — sussurrou, beijando minha orelha.

Eu ri de canto, mais por educação do que vontade. Não falei nada. Nem preciso. Quem me conhece sabe que, quando eu não respondo, é porque já cansei.

Ela se despediu da galera e foi embora.

Fiquei olhando pra Maya, largada no sofá como se fosse dona do lugar.

— E você? Vai ficar aqui? — perguntei, sem paciência, já no limite com essa gente grudenta.

Noah me lançou um olhar torto, mas não me abalei nem um pouco.

Maya respirou fundo, já virando os olhos.

— Se depender de você, eu nem passava pela porta, né? — falou, com a voz atravessada.

Pisquei devagar, encostando no encosto da poltrona.

— Se depender de mim, você nem abria a boca — rebati, firme.

Ela me olhou, com aquela cara de quem quer bater boca.

— Você se acha demais, Vinnie. Sempre com esse ar de superioridade, como se todo mundo fosse menor que você.

— Não é que eu me ache... é que você facilita muito. Ficar acima de você não exige esforço.

Noah se ajeitou no sofá, já impaciente.

— Vocês dois tão brigando por nada — disse ele, com aquele tom calmo que não servia pra porra nenhuma nesse momento.

— Não é por nada, não — falei, encarando Maya. — Tem gente que força tanto pra ser relevante que acaba sendo só irritante.

Ela cruzou os braços, com aquele ar de ofendida.

— Você é só um garoto mimado que acha que manda em tudo.

— Ah garota, vai a merda.

Ela levantou do sofá, bufando. Eu virei as costas.

— Vou subir, antes que minha paciência desça ainda mais — falei, e fui sem esperar resposta.

No quarto, tirei a camisa e deixei jogada na cadeira. Fui direto pro banheiro. Não gosto de deixar o dia começar sem limpar a mente — e nada limpa mais que uma boa ducha.

Entrei debaixo da água quente, deixei escorrer pelo corpo. Fechei os olhos. Respirei fundo. Minutos ali bastam pra me colocar no lugar. Passei o sabonete no corpo com calma, firme, nos ombros, no peito, nas costas. Limpeza pra mim não é frescura, é disciplina.

 ˢᵖᵃⁿᵏ ᵐᵉ, ᵈᵃᵈᵈʸ ⁻ ⱽⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora