ˢᵖᵃⁿᵏ ᵐᵉ, ᵈᵃᵈᵈʸ ⁻ ⱽⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ

•𝚎𝚗𝚝𝚛𝚎 𝚍𝚎𝚖ô𝚗𝚒𝚘𝚜 𝚎 𝚍𝚎𝚜𝚎𝚓𝚘𝚜•

𝚅𝚒𝚗𝚗𝚒𝚎

Eu odiava admitir, mas ver Lily lá fora, com aquela expressão de medo e irritação, mexia comigo de um jeito que não sabia explicar.

Era algo que ia além da responsabilidade que eu sentia como tutor dela; algo mais profundo, mais... perigoso.

Depois que voltamos para o hotel, ela foi direto para o quarto, e eu fiquei no meu, tentando afastar os pensamentos que surgiam. Mas a bebida no meu sangue não ajudava. Deitei na cama, mas o sono não veio.

Cada vez que fechava os olhos, tudo o que via era o jeito que ela me olhava: um misto de raiva e algo que eu não conseguia identificar.

Daniel, Samantha e Noah tinham saído há pouco, deixando a responsabilidade de cuidar dela comigo. Grande ideia. Eu estava longe de ser a pessoa mais confiável para isso, ainda mais com a forma como ela conseguia me desarmar.

Depois de um tempo, decidi sair. Ficar no quarto estava me enlouquecendo.

Andei pelo corredor silencioso do hotel e parei na porta do quarto de Lily. Não tinha um motivo claro, mas antes que pudesse mudar de ideia, bati de leve.

— Quem é? — a voz dela veio do outro lado, hesitante.

— Sou eu. — Minha voz soou rouca, e eu me xinguei mentalmente.

Houve uma pausa, e então a porta abriu. Ela estava de pijama, um baby-doll preto, os cabelos soltos e uma expressão confusa.

— O que foi agora, Vinnie? — perguntou, cruzando os braços.

— Nada demais. Só... queria ver como você estava.

Ela me olhou com descrença.

— Está brincando, né? Desde quando você se importa?

— Desde sempre. — Minha resposta saiu mais rápida e mais sincera do que eu queria. Vi a surpresa passar pelo rosto dela antes que ela recuasse um passo, me deixando entrar.

O quarto era simples, mas limpo. Lily sentou na beira da cama, me observando com cuidado, como se eu fosse uma bomba prestes a explodir.

— Por que está aqui de verdade, Vinnie? — ela perguntou, a voz mais suave agora.

Fechei a porta e encostei nela, cruzando os braços.

— Porque não consigo dormir. E achei que talvez você também não estivesse conseguindo.

Ela desviou o olhar, o que confirmou minha suspeita.

— O que te incomoda tanto, Lily? É só a viagem, ou tem mais alguma coisa?

Ela hesitou, mordendo o lábio inferior, e senti um calor inexplicável se espalhar pelo meu corpo. Precisava sair dali. Agora.

— Só estou cansada de tudo isso. Da confusão, das fugas, de não saber o que vai acontecer amanhã. — Sua voz era baixa, mas carregada de emoção.

— Eu também, Lily. — Dei um passo à frente, e ela levantou o olhar para mim. — Mas estamos juntos nisso. E eu prometo que vou te proteger, não importa o que aconteça.

— Proteger? — Ela soltou uma risada amarga. — Você nem consegue proteger a si mesmo.

Aquelas palavras doeram mais do que eu esperava. Me ajoelhei à sua frente, segurando o queixo dela e obrigando-a a me encarar.

— Não subestime o que sou capaz de fazer por você, Lily. — Minha voz saiu firme, quase um sussurro.

Seus olhos se arregalaram, e por um momento, o ar entre nós ficou pesado, carregado de algo que eu não sabia como lidar. Ela abriu a boca para dizer algo, mas o som de passos no corredor nos interrompeu.