Dormindo com o inimigo

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***

Uma dor latejante de cabeça, quase como se martelos atingissem meu crânio de uma maneira bruta e incessante, coloquei a mão sob a testa como se pudesse conter a dor. E estiquei meu outro braço que bateu em algo no lado da cama, virei a cabeça assutado, um corpo, levantei num pulo, um sobressalto assustado e dei um grito, um berro, talvez naquela manhã todo o condomínio inclusive Samir tenha acordado com aquele meu escândalo, Samir saltou da cama assustado, e eu peguei uma colher que estava em cima da estante e eu não fazia ideia por que tinha uma colher em cima da estante no meu quarto, apontei a colher para ele assutado.

— Que porra você está fazendo aqui?!

— Eu... — ele se levantou pouco atônito e notei que ele esteva  descamisado

— Ah merda, merda eu não posso ter feito isso, eu não gosto de sexo casual e eu nem te conheço, você pode ser qualquer coisa, um foragido, assassino, um cinco sete — falei desesperado enquanto ele vestia sua camisa que estava pendurada atrás da porta abotoando um botão por vez — A gente ao menos usou camisinha?

— Escuta, a gente não transou, tá bom? E eu não sou um trombadinha ou sei lá o que se passa na sua cabeça.

— E por que está sem camisa, por que você dormiu aqui?! Merda eu vou ligar para a polícia. — falei procurando meu celular.

— Fala sério? Eu dormi aqui por que ontem você passou mal, muito mal, e sua irmã e sua mãe nos trouxe para casa, para sua casa, eu até ia embora mas daí você começou a chorar, e a chorar mesmo, depois? Falou que estava morrendo, que estava com dor no peito, e quando fui te ajudar você vomitou no meu paletó. Então eu tirei a camisa que foi a única coisa que me restou limpa para que não vomitasse em mim de novo. Eu juro que eu ia embora mas você estava tão eufórico que eu não queria ser culpado pela sua morte caso se engasgasse com seu próprio vômito dormindo... Aí... Bom eu fiquei te vigiando mas você não foi o único que pegou no sono pelo visto. — ele falou rapidamente desesperado mas parecia ter se ofendido com minha postura. — Eu não sou um... Sei lá o que você pensa de mim, não sou um aproveitador!

— Ah... Hum... É — bom pelo menos isso parecia ser verdade ele podia até estar sem camisa, mas estava calça e pior de sapatos. Literalmente dormiu em minha cama de sapatos?— Só vai embora da minha casa — falei.

E quando ele se virou, houve batidas na porta.

— Merda de interfone quebrado — falei irritado passando por Samir e indo até a porta da casa.

Ao abrir a porta de casa estava minha mãe e Mariah, as duas já foram entrando com suas sacolas de compras e indo rumo a cozinha.
Elas basicamente tinha autorização para entrarem sem ser anunciada pelo porteiro, mas não faz diferença meu interfone só pega quando quer.

— Pensei que nem estava acordado, por que ontem você se superou — disse minha mãe — que vexame Adriano ontem você aprontou poucas e boas, sorte a sua que raramente fica bêbado e todos acharam graças de sua palhaçada, mas eu nem um pouco francamente. Ah Samir, bom dia meu lindo — ela mudou a postura de brava para tranquila ao ver Samir parado na porta segurando seu paletó meio sujo.

— Bom dia dona Ciça. — ele retrucou

Mariah acenou para ele e olhou para mim surpresa, neguei a cabeça para seu pensamento malicioso.

— Coloque juízo na cabeça do meu filho por favor, olha ultimamente não reconheço Adriano, anda gostando tanto da solidão que quando está na presença dos outros faz o que fez ontem. — reclamou minha mãe

— Mãe — retorqui indo até Samir e pegando seu paletó dos braços — Me dê isso.

— Não eu, eu tenho que lavar e devolver — Disse ele.

Sobre mentir e amarOnde histórias criam vida. Descubra agora