Apadrinhando

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Em meio ao silêncio daquele segundo veículo que pedimos ele tocou minha bochecha com a ponta do dedo e dei um tapa levemente em sua em sua mão enquanto tentava me concentrar na tela do celular para não olhar para sua cara.

— Que porra? Qual o seu problema?

Ele riu.

— Cê fica muito engraçado quando está emburrado dessa forma.

— Eu juro que eu vou matar a Mariah, eu juro.

Ele riu.

— Não é fofo? — disse ele para a Uber

A mulher desconhecida riu e me olhou pelo retrovisor.

— Vocês são um casal bonito.

— Não somos um casal — retorqui.

— Claro que somos, não liga não moça meu namorado é meio... Esquentadinho

— Dá para notar — ela riu — Sabe, eu sou assim com a minha namorada também sempre tem um que é mais bravinho, no caso a bravinha sou eu.

— Eu... Eu não sou.... — desisti de falar — Deixa para lá.

Chegamos na porta da igreja, o Uber parou e eu me arrumava para sair.

— Por favor Samir vai embora.... — olhei pela janela e vi meu ex, Jonathan parado na porta com o seu namorado — que antes era meu melhor amigo, traição dupla! — Olha... Não faça nada beleza? Se você fizer ou falar alguma merda você me paga.

— Ta bom, vou me comportar, eu juro os sete mil parece valer a pena.

— Otimo. — falei abrindo a porta — Obrigado, bom serviço — disse a Uber.

Saimos do carro, a porta da igreja estava cheia de convidados o que significava que chegamos cedo, parei olhando o celular, mensagens de Mariah dizendo que já estava chegando, disfarçadamente olhei para a porta da igreja e Jonathan me encarava.
Samir notou e parou do meu lado.

— Ele que é o seu ex? Sofreu por aquilo?!

— O que? Ah... Samir você não tem nada a ver com isso.

— Porra, pensei que ele fosse um galã de novela, mas o cara é feio que dói na alma, não serve nem para ser acompanhante de idosas banguelas.

— Foi meu primeiro relacionamento Samir, e sabe como é nunca sabemos o que a pessoa vai se tornar. Namorei ele com quinze anos, ou quatorze anos, nos casamos com vinte anos e fomos casados seis anos, faz mais de dez anos que estávamos... — me dei conta que eu estava falando de mais — Por que eu tô te contando isso?

— E chama isso de amor?

— Se você não calar a boca eu juro que quebro esses seu nariz em dois. — falei irritado.

Ele riu.

— Você é engraçado. — em seguida ele colocou o braço em meu ombro encarando o Jonathan feiamente.

— Dá para parar.

— Com o quê?

— De fazer isso.

— Ele está te olhando, alguém tem que ser o macho dominante aqui.

Dei um pisão em seu pé, manchando seu sapato engraxado e bonito de cinza, antes dele reclamar Mariah chegou próxima da gente com seu marido Fabiano, mas estranhamente o apelido dele é Benê.

— Oi Benê — falei estendendo a mão — Ele me cumprimentou

— Opa Dri. Não vai me apresentar seu....

— Ah esse é Samir — dei uma olhada feia para Mariah.

— Opa — disse ele cumprimentando o Benê.

— Ah merda hoje tem jogo do Atlético, vou perder — resmungou o Benê.

— Depois você vê, em casa, que chatice só fala desse jogo — disse Mariah.

— Porra a a quarta divisão tá um saco — disse Samir

— Assiste futebol? — perguntou Benê ao Samir.

Revirei os olhos quase que em instantes. Papo de hétero, não acredito que além de gigolô ele é hetero. Porra!

— Claro, mas esse jogo de hoje não é importante, acho que o Atlético ganha com folga ainda — disse Samir.

Em seguida Samir perdeu o interesse em se manter ao meu lado e foi ao lado de Benê conversar, eu coloquei o dedo na língua sinalizando sinal de vômito olhando para Mariah.

— Eu te odeio tanto, sete mil? Você é uma...

— Shhh aqui não, sua mãe e sua irmã já chegou? — disse ela

— Não, ainda não.

— Falta quinze minutos vamos entrando. Você já pega um lugarzinho na frente para elas...

— O segundo banco da fileira é nosso, a Geane reservou.

— Hmmm amiguinhos inseparáveis. Menino eu vi ela, ela está tão linda.

— Mesmo? Ah, meu Deus! Queria tanto ver! Tô ansioso.

— Vamos entrando vem — ela falou.

Entramos na igreja, e fomos cada um ao devido lugar, eu seria padrinho meu lugar é no altar, mas como estávamos esperando um pouco fiquei no banco para quando minha mãe chegasse me visse. E não demorou minha mãe, meu pai e minha irmã apareceram, além do marido da minha irmã, minha sobrinha pequena em seu colo, e na barriga o segundo que ela esperava já de sete meses.

— Opa, opa — disse minha mãe ao se aproximar me beijou na bochecha, odeio beijos assim apertados que nem ela faz, ela sorriu vendo minha cara irritada.

Eu juro que estava tentando esconder Samir que estava sentado até então no banco, mas ele se levantou com a chegadas deles.

— Oi maninho como você está? — disse Aline. Notei que elas olharam para Samir meio confusas. Respiro fundo.

— Esse é o Samir, eu e ele... Ele...

— Oi — beijou as costas da mão da minha irmã, quem beija mãos? — Sou o namorado do Dri, esse mané — disse ele me dando um pequeno esbarrão.

Minha irmã me olhou espantada, claro todos estavam, Samir é muito bonito, muito mesmo, parece aquele fakes filhos da puta do Facebook, só que ainda melhor. O cabelo quase raspado curto castanho claro, barba rala que cobria o rosto de modo não espigado, o bigode grosso com curvinha sutil na ponta e o cavanhaque, a sobrancelha grossa sutilmente, o brinco na orelha, era lindo mesmo, desse capas de revista de cueca, sem contar a altura os ombros largos, o sorriso bonito. Algo que eu nunca seria enamorado, primeiro por que ele deve ser do tipo que dá trabalho e segundo que eu nunca teria chance com um homem daqueles e por último pela irritação que ele me causa, e terceiro aquele ar hetero que ele exalava, extremamente discreto, muito irritante.
Minha mãe o cumprimentou também espantada, e no fim meu pai, que pareceu meio sem jeito pelo homem bonitão e que parecia um armário cortez, galante e cavaleiro de mais meu cunhado foi o único que não deu tanta importância.

Tinha de deixá-los o que para mim era um erro deixar Samir ali, com eles, porra! Mas eu precisava ir ao palco assumir minha pose de padrinho, e assim fiz me posicionei na frente de Mariah e o pior ao lado de Jonathan. Isso por que Jonathan foi chamado para ser padrinho junto comigo quando ainda éramos um casal há cerca de um ano e meio atrás... Que cilada!

Sobre mentir e amarOnde histórias criam vida. Descubra agora