Tirando o atraso

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Depois de dois dias de conversa, finalmente eu conheceria o Flavio. Ele parecia ser estranhamente enigmático. Me arrumo da melhor forma possível, não que eu seja um homem desarrumado, mas acho que eu queria impressionar, e acabei perdendo metade do meu tempo decidindo se eu iria com ou sem óculos, na verdade meu óculos é só um óculos de descanso, para o trabalho já que fico bastante tempo na frente do computador, acredito que com ele eu pareço mais inocente mas também um nerdão, sem ele mais descolado e descontraído. Com certeza Flávio gostaria do meu lado descontraído, pelo menos é o que parece em nossa conversa.

Marcamos de ir no shopping, nada muito criterioso, mas odeio lugares cheios até mesmo shoppings, apenas uma volta. Mesmo achando que eu estava meio atrasado fui o primeiro a chegar, fiquei alguns minutinhos com a incerteza de que talvez ele não viria e com a insegurança de enviar mensagem até que o vi, vindo em minha direção. A gente nunca quer estar apaixonado até querer se apaixonar, mas ele era a coisa mais linda mundo. Alto, magro, desses bem bonitões, a cara barbada e um sorriso encantador, de repente vi que era areia de mais para o meu caminhãozinho, fui tomado por um frio na barriga.

— Ei você... — disse ele se aproximar — e aí.

Fiquei travado, mas recebi um beijo na bochecha.

— Oi. Flávio ual...

— O quê?

— Ce é mais bonito pessoalmente.

— Você é um fofo, bonito também, e aí quer almoçar e depois ir para sua casa, ou para a minha? Um cinema talvez.

Não gosto de cinema.
Pensei que tinha sido óbvio marquei o shopping pois queria um encontro não um sexo casual. Mas eu também não tinha nada a perder.

— Pode ser — falei com um sorriso leve.

Tudo bem, não parece tão ruim assim.
Então fomos almoçar, e conversamos para caralho, ele é veterinário, e trabalha de Uber nas horas vagas, super gente boa, adora filme, é boa pinta e extremamente discreto, não me tocou uma só vez, nem minha mão nem nada, solícito nas coisas e no papo. Talvez transar com ele não fosse uma má ideia.

Entramos no meu apartamento aos beijos, como dois bichos e depois ele tirou todo o meu atraso, transamos, mas nada muito intrigante, ele era mediano mas partes baixas e daqueles que não transava bem mas que talvez com prática aquilo melhorasse. Mas não houve nenhum problema, foi um sexo tão normal, acredito que talvez eu estivesse esperando de mais, mas até tomamos banho juntos.

— Ah nossa, eu preciso ir para casa — disse ele em dado momento.

— Ah, tudo bem.

Estávamos deitado na minha cama, ele se levantou vestindo sua calça, seu sapato.
Eu pensei que ele realmente fosse ficar mais ainda era três da tarde, pensei que fossemos sei lá, ver um filme já que ele falou que gostava de cinema, tudo bem que não iríamos ao cinema.

— Aconteceu algo?

— Não, que isso, só que eu tenho um cãozinho — disse ele — e esqueci de deixar ração no pote.

— Ah, que droga, que cãozinho empaca foda — reclamei e ele riu.

Eu ri.
Ele riu e me beijou, meio que de surpresa.

— Bom, agora você sabe onde eu moro.

— Pode deixar, bato aqui para pedir um punhado de sal.

Eu ri.
Viu? Ele tem senso de humor. O levei até a porta, e ganhei mais um beijo.
Talvez eu esteja me precipitando, ou talvez vamos nos tornar um casal, não sei se já deixo um convite, talvez por mensagem depois. Ele saiu, foi embora e eu? Eu me deitei na cama sentindo o cheiro dele e vendo as fotos dele que ele havia me enviado.
Logo recebi uma Mensagem da minha irmã.

Sobre mentir e amarOnde histórias criam vida. Descubra agora