Sobre mentir e amar

Reminiscência

Era manhã Samir terminava de se trocar enquanto eu o esperava sentado, eu já estava arrumado pra ir para minha casa de banho tomado e tudo, não tomamos banho juntos pois enquanto eu tomava ele havia ido preparar o cafe, logo ele saiu do banheiro após um um curto tempo lá dentro.

— Pronto, vamos — ele tocou meu nariz me fazendo rir — Narigudo.

— Eu não, você quem é.

— Você também é, vem... — ele abriu a porta e saímos.

Estava um pouco frio, o frio da manhã e ao sair uma neblina pairava no ar como se as nuvens tocasse o solo, a casa toda parecia dormir mas na verdade não, o pai dele acordava ás cinco da manhã para abrir seu restaurante, e era sete da manhã agora.

Samir pegou as chaves no chaveiro e caminhei até seu carro, mas ele parou ao lado da moto que eu nem dera conta que existia naquele momento, a garagem estava sem o carro de sua irmã. Quando o olhei depois de notar sua ausência ele estava tirando a moto com capacetes nos braços pendurado.

— Não vamos de carro?

— Meu carro está quebrado, eu vou levar para o concerto hoje. — explicou

— Mas... Mas... Então eu peço Uber, tá?

Ele deu um riso.

— Claro que não eu, eu falei que ia te levar.

— Mas... Mas — perdi as palavras melindrado.

— Não precisa ter medo ok? — disse.

— O barulho, e.... Eu nunca andei nisso, eu não... Samir um Uber.

— Espera aí.

Ele entrou na casa após me dar um dos capacetes, fiquei paralisado. Então ele saiu com algo em mãos, eram protetores oricular, daqueles tipo tampão que dão em empresas, ele se aproximou e colocou um em uma das minhas orelhas cuidadosamente.

— Há um tempinho fui comprar um serra para uma makita e daí deram isso de brinde eu nunca usei, vou deixar um pouco folgado por que vou te colocar o capacete, e o escapamento dessa moto não é muito barulhento. — explicou enquanto pegava o capacete após colocar os tampões em minha orelha.

— Sam, eu.... Eu tenho medo, eu não vou conseguir.

— A gente vai de vagarzinho, mas primeiro tenta? Não deixa sua mente limitar você, cê vai gostar eu juro, se caso sentir realmente muito medo aí eu paro a moto e vamos pedir um Uber.

— E se a gente cair? A maioria dos acidentes de trânsito são causados por...

— Pessoas imprudentes, pode acontecer no carro, sem carro, a pé, de moto — ele falou me interrompendo — Fica tranquilo.

Parei por um instante e estendi minha carteira e celular a ele.

— Pode levar eu tô com medo de derrubar.

Ele pegou meus pertences colocando no bolso.

Ele colocou seu capacete que era igual dos motoqueiros de corrida, e subiu em cima da moto me estendendo a mão, andei quase que de maneira involuntária até ele segurei em sua mão e subi, segurando no apoio de mãos atrás.

— Segura em mim — ele disse.

— Mas posso causar desequilíbrio, eu já vi na tevê que....

— Segura em mim Adriano — ele insistiu com a voz firme mas calma — Pode segurar so deixa o seu tronco do corpo mole, beleza se quiser pode me abraçar também é melhor, tá bom, só não me aperta e não fique tensionado.