Ir ou ficar?

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Ele estava vestindo um uma touca preta também e as mãos estavam enluvadas, realmente estava muito frio, estava vestindo uma jaqueta preta camisa branca por baixo, calça jeans e sapatos baixos.
Ao entrar no carro esfreguei uma mão na outra.

— Porra que frio, se eu soubesse não tinha saído, sério que vocês tão se reunindo num frio desses?

— Sim meu pai está fazendo sopa, a minha família é dessas, eles gostam de fazer reuniaozinha e tal.. — riu e me olhou por alguns segundos — Oi — resmungou com os olhos no meu como se tivesse me notado.

— Oi — falei baixinho envergonhado.

Ele sorriu com os olhos brilhosos.

— Você é lindo — murmurou baixinho, pareceu ficar nervoso.

Ele estava com uma aparência bem melhor que hoje mais cedo, mais vigoroso eu diria, descansado. Provavelmente aliviado de ter encontrado seu carro, mesmo que faltando peças e também aliviado por ter chorado e descansado mesmo que um pouco. Ele inclinou seu corpo em minha direção, quase que pedindo um beijo sem dizer nada e eu dei um selinho nele o cumprimentando. Se afastou com um sorriso.

— É... Você fica lindo coradinho do frio assim — resmungou ele avançando o carro.

Eu apenas sorri.

— A onde você mora tem muito barulho, tipo som de moto e tal?

— Não, por quê? — ele disse e me olhou — Ah, desculpa esqueci, não tem não, fica em paz.

— Tá, legal... — falei um pouco nervoso.

Acho que eu estava nervoso pois ainda não havia ido na casa de Samir.

— Olha não vou dormir lá, você me trás depois?

— Sim senhor Adriano — disse ele com os olhos no semáforo após parar, em seguida me olhou com meio sorriso e aproveitou para levar a mão até meu rosto num carinho sutil com o polegar — Você está benzinho?

— Eu quem devia perguntar isso, como você está agora?

— Hmm — resmungou — Acho que dormir com você é um santo remédio — voltou a dirigir após o sinal abrir eu sorri acanhado. — É sério.

— Para — falei rindo acanhado olhando para a janela ao meu lado

O que estava acontecendo com a gente?

— Olha, eu não disse a eles que fui assaltado, pelo amor de Deus eles nem sonham eles só acham que me meti numa briga e bati o carro bêbado então... Por favor não diz nada.

— Tá bom

— Meu pai iria pirar se soubesse que briguei com bandidos. Hum — resmungou no fim da frase — Iria pirar mesmo.

Chegamos no endereço, ele colocou o carro em uma garagem que já comportava seu carro e uma moto, a casa parecia ser grande, era um sobrado com telhas de barro e paredes cor bege claro, o chão era ardósia vermelha para deixar tudo com um requinte antigo ou não brasileiro. Achei bonito, havia bastante plantas e um cachorro que logo ao sair do carro me assutei pois o mesmo era enorme e veio em direção a mim mas mansamente, parecia cansado ou velho de mais para correr, de certo um cão enorme e velho com os pelos ficando branco na face.

— Esse é o Butler — disse ele.

Toquei a cabeça do cão o acariciando, é um São Bernardo, quanto tempo que não vejo aquela raça de cão, parece um urso, era todo caramelo mas com a pelagem ficando acizentada de branca.

— Bonitinho.

Na frente da casa havia uma area, onde havia a porta de entrada e janelas - essa área havia alguns sofás com estofados coloridos. Entramos, a sala estava vazia, parecia não haver ninguém na casa e por um momento achei isso, mas havia um som de fundo naquele bairro que era um tanto sosseegado. Samir segurou minha mão e me puxou e caminhei em seu encalço para o fundo da casa, passamos por um corredor onde havia uma porta que ele me disse que era o banheiro e depois seguimos para a cozinha. Confesso que eu estava fascinado: a casa, os móveis eram lindos tudo de madeira maciça e havia bastante Bibelôs nas estantes, enfeites coloridos e chamativos até mesmo uma coleção de narguilé, havia até mesmo assentos no chão da sala, espécie de almofadinhas macias, a cozinha era linda, tão linda quanto resto da sala embora eu trabalhasse criando design moderno para interiores essa casa não era feita nas mãos de um design era feita á moda e cultura deles e eu nunca havia parado para pensar o quão bonita podia se tornar, tão viva, cheia de cores. O cheiro na cozinha irradiava, o pai de Samir estava cozinhando algo, e usava aquelas roupas que parecia batinas de monge, longas até os calcanhares, como um vestido.

Sobre mentir e amarOnde histórias criam vida. Descubra agora